FONTE: Louise Vernier e Suzel Tunes, do UOL, em São Paulo (mulher.uol.com.br/beleza).
A pele nem sempre
reflete a idade real e ela é uma das grandes responsáveis por nos fazer
aparentar mais ou menos anos de vida do que aqueles registrados pela carteira
de identidade. Os fatores externos e a rotina de cada um são os principais
responsáveis pela aparência --boa ou não-- da derme. Segundo a médica Érica
Monteiro, dermatologista pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e
especialista da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a genética só responde
por cerca de 30% dos fatores relacionados ao envelhecimento da pele. Os 70%
restantes dependem da interação com o meio e dos hábitos de vida individuais.
Entre os
fatores de ordem externa, um dos mais importantes é a exposição ao Sol.
"Em pessoas da mesma faixa etária e com peles parecidas, a mais
envelhecida será a que recebeu mais sol durante a vida", afirma Érica. Por
isso, para prevenir o envelhecimento precoce --e também o câncer de pele--
proteger-se dos raios solares é obrigatório. "Entre as medidas
fotoprotetoras, está o uso de vestimenta adequada, o hábito de permanecer à
sombra sempre que possível e o aumento do uso de filtros solares", afirma
a especialista. A seguir, conheça outros hábitos que ajudam ou acabam com a sua
pele:
Cigarro: vilão da pele.
Ao lado
do Sol, o cigarro figura entre os principais vilões do envelhecimento da pele,
conforme afirma a dermatologista Shirlei Borelli, especialista da Sociedade
Brasileira de Dermatologia e autora do livro "As Idades da Pele -
Orientação e Prevenção" (Editora Senac). Segundo pesquisa publicada em
2005 pela Clínica de Dermatologia da Santa Casa de São Paulo, os fumantes têm
3,5 vezes mais chances de apresentar alterações na pele do que os não
fumantes.
Entre as
quatro mil substâncias tóxicas do cigarro, a mais nociva é a nicotina. "A
nicotina produz uma enzima que destrói o colágeno da pele", explica a
dermatologista. E a principal função do colágeno é dar sustentação à pele, um
dos fatores que caracteriza a aparência jovem. A carência de colágeno, por
outro lado, está associada à desidratação e à perda de elasticidade da pele, o
que provoca o aparecimento de rugas e estrias.
Alimentação e hidratação.
A perda
de colágeno é mais acentuada em mulheres do que em homens, de acordo com a
nutricionista Jocelem Salgado, professora da USP (Universidade de São Paulo) de
Piracicaba. "E a deficiência de estrogênio, que ocorre quando a mulher
entra na menopausa, por volta dos 45 anos de idade, também faz com que haja uma
diminuição da quantidade de fibroblastos, células responsáveis pela produção do
colágeno e que, junto com a elastina, compõem a trama de sustentação da
pele", explica.
Para
compensar essa deficiência, Jocelem recomenda a ingestão de colágeno
hidrolisado. O processo de hidrólise, que agrega moléculas de água à estrutura
do colágeno, facilita a absorção da substância pelo organismo. Outra
recomendação da nutricionista é o consumo regular de frutas, verduras e chá
verde, que têm ação antioxidante. Ou seja, ajudam a retardar o processo de
envelhecimento celular. Para compensar a deficiência de estrogênio, ela também
sugere a ingestão regular de soja, que é rica em isoflavonas, considerado um
hormônio vegetal de ação semelhante ao estrogênio. Além disso, é preciso tomar
água sempre: "É o melhor hidratante que existe", afirma.
Limpeza da pele.
Em 2013,
a jornalista inglesa Anna Pursglove, do jornal "Daily Mail", resolveu
fazer uma experiência com a própria pele: dormir maquiada por um mês inteiro. A
jornalista costumava usar base, máscara para cílios, delineador e gloss. Ao
final de 30 dias, o resultado foi assustador. Sua pele ficou manchada, irritada
e com a aparência de dez anos a mais.
Por
sorte, quatro semanas não foram suficientes para causar danos irreversíveis. Em
longo prazo, porém, o acúmulo de resíduos pode levar ao envelhecimento precoce.
É o que diz a médica Gabriela Haddad, dermatologista formada pela Unesp
(Universidade Estadual Paulista) de Botucatu. "Os produtos que ficam
acumulados obstruem os poros e não deixam a pele respirar. Isso acaba prejudicando
a saúde da pele e contribuindo para o envelhecimento."
Segundo a
dermatologista, a melhor maneira de retirar a maquiagem é utilizando um bom
demaquilante, que pode ser em creme, loção ou solução. Após o uso do produto, é
essencial lavar a pele com um sabonete facial e, de preferência, ainda
finalizar com um tônico facial.
E a
higienização da pele deve ser encarada como uma obrigação diária, mesmo para
quem não é adepta do uso de maquiagem. "Pela manhã, deve-se lavar o rosto
com um sabonete facial e, em seguida, usar um creme hidratante que contenha
substâncias antioxidantes. Depois, é preciso aplicar o filtro solar. No horário
do almoço, é necessário reaplicar o filtro. À noite,é fundamental higienizar
novamente a pele e finalizar os cuidados com um creme antirrugas mais
potente", indica a dermatologista Luciana Neder, professora da
Universidade Federal de Mato Grosso.
O
sabonete deve ser escolhido conforme o tipo de pele. "Para peles normais
ou secas, o ideal é usar um sabonete em barra ou espuma com ação hidratante.
Nas peles oleosas ou mistas, deve-se optar por sabonetes em barra ou líquido
que contenham substâncias que controlem a oleosidade, como o ácido salicílico.
Também é importante lavar sempre com água gelada para contrair os poros e não
aumentar a produção de óleo", diz Luciana.
Pele escura também precisa de proteção.
Segundo a
dermatologista Gabriela Haddad, peles mais escuras são mais resistentes ao
envelhecimento do que as claras. "A pele negra tem maior atividade dos
fibroblastos, elementos responsáveis pela produção de colágeno. Além disso, por
causa da melanina --pigmento que dá cor à pele--, a pele negra está mais
protegida do Sol do que a branca; e, assim, o fotoenvelhecimento é, de certa
forma, retardado."
A maior
pigmentação também torna a pele asiática mais protegida do que a branca. Mas
isso não quer dizer, de forma alguma, que as peles mais escuras dispensem
cuidados gerais, como o uso do protetor solar e uma boa higienização e
hidratação. O mesmo vale para as peles oleosas. "Pele oleosa não é
sinônimo de pele hidratada. Isso significa que mesmo quem tem a pele mais
oleosa deve usar produtos para a hidratação específicos", enfatiza Gabriela.
Pele masculina.
Segundo a
dermatologista Gabriela Haddad, a pele masculina difere, geneticamente, da
feminina em dois aspectos: tende a ser mais oleosa e a ter maior quantidade de
fibras que dão firmeza à pele. "Essas duas características ajudam a
retardar o envelhecimento da derme. Por isso, os homens são menos propensos a
rugas e flacidez."
No
entanto, muitos homens não costumam desfrutar do privilégio concedido pela
genética. "Em geral, eles têm menos cuidados com a pele, usam menos filtro
solar e menos produtos para combater o envelhecimento. Com isso, apesar de
terem a genética trabalhando a favor, muitas vezes eles aparentam ser mais
velhos do que a idade cronológica indica", afirma Gabriela. O que confirma
a observação geral apontada pelas dermatologistas consultadas pela reportagem:
seja qual for a sua herança genética, é o cuidado rotineiro com a pele que fará
toda a diferença.
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