Missão do Homem Inteligente na Terra - Alan Kardec.
Não vos orgulheis por aquilo que sabeis, porque esse saber
tem limites bem estreitos, no mundo que habitais. Mesmo supondo que sejais um
das sumidades desse globo, não tendes nenhuma razão para vos envaidecer. Se
Deus, nos seus desígnios, vos fez nascer num meio onde pudestes desenvolver a
vossa inteligência, foi por querer que a usásseis em benefício de todos. Porque
é uma missão que Ele vos dá, pondo em vossas mãos o instrumento com o qual
podeis desenvolver, ao vosso redor, as inteligências retardatárias e
conduzi-las a Deus. A natureza do instrumento não indica o uso que dele se deve
fazer? A enxada que o jardineiro põe nas mãos do seu ajudante não indica que
ele deve cavar? E o que diríeis se o trabalhador, em vez de trabalhar, erguesse
a enxada para ferir o seu senhor? Diríeis que isso é horroroso, e que ele deve
ser expulso. Pois bem, não se passa o mesmo com aquele que se serve da sua
inteligência para destruir, entre os seus irmãos, a idéia da Providência? Não
ergue contra o seu Senhor a enxada que lhe foi dada para preparar o terreno?
Terá ele direito ao salário prometido, ou merece, pelo contrário, ser expulso
do jardim? Pois o será, não o duvideis, e arrastará existências miseráveis e
cheias de humilhação, até que se curve diante daquele a quem tudo deve.
A
inteligência é rica em méritos para o futuro, mas com a condição de ser bem
empregada. Se todos os homens bem dotados se servissem dela segundo os
desígnios de Deus, a tarefa dos Espíritos seria fácil, ao fazerem progredir a
humanidade. Muitos, infelizmente, a transformaram em instrumento de orgulho e
de perdição para si mesmos. O homem abusa de sua inteligência, como de todas as
suas faculdades, mas não lhe faltam lições, advertindo-o de que uma poderosa
mão pode retirar-lhe o que ela mesma lhe deu.
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