FONTE: *** Jairo Bouer (doutorjairo.blogosfera.uol.com.br).
Muita gente diz que a
maconha serve de “ponte'' para drogas mais pesadas. Mas, segundo um estudo
norte-americano, isso só acontece se o usuário sofre de tédio. A conclusão foi
publicada no Journal of Drug and Alcohol Abuse.
Segundo o trabalho,
divulgado no jornal britânico Daily Mail, 70% de um total de 2,8
milhões de indivíduos que usaram drogas ilegais pela primeira vez em 2013
relataram que a maconha tinha sido a primeira.
Os pesquisadores, da
Universidade de Nova York, analisaram as diferentes razões apontadas pelos
adolescentes para terem recorrido à maconha e a outras drogas ilícitas. Os
motivos mais relatados foram tédio, vontade de experimentar algo diferente e
busca de instrospecção após o uso de outras substâncias.
Os resultados mostram
que dois terços dos adolescentes que usaram maconha não passaram a usar outras
drogas mais pesadas, como cocaína e até heroína. E os jovens que disseram ter
buscado a erva para combater o tédio foram os que apresentaram uma tendência
maior a fazer isso.
A análise incluiu
cerca de 15 mil adolescentes de 17 a 18 anos de 130 escolas públicas e privadas
de diversos Estados norte-americanos. Entre os jovens que se drogavam, as
substâncias descritas foram cocaína, crack, heroína, LSD ou outros alucinógenos,
anfetaminas ou outros estimulantes, tranquilizantes e narcóticos.
Entre aqueles que
afirmaram sofrer de tédio, as drogas mais procuradas depois da maconha foram a
cocaína e os alucinógenos, exceto o LSD. Uma parcela de 11% relatou ter usado
maconha para aumentar o efeito de outras substâncias.
O curioso, segundo o
principal autor, o médico Joseph Palamar, foi que os adolescentes que usaram a
erva apenas “para experimentar'' foram os que menos apresentaram tendência a
passar para outras drogas depois.
Para o pesquisador, é
importante que os programas de assistência e prevenção ao uso de drogas
invistam em formas de ajudar os jovens a lidar com o tédio, já que isso pode
levar muitos deles a experimentar outras substâncias e apresentarem uma
propensão maior à dependência.
Jairo Bouer é médico formado
pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com residência em
psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. A partir do seu trabalho no
Projeto Sexualidade do Hospital das Clínicas da USP (Prosex), passou a focar
seu trabalho no estudo da sexualidade humana. Hoje é referência no Brasil, para
o grande público, quando o assunto é saúde e comportamento jovem, atendendo a
dúvidas através de diferentes meios de comunicação.
Sobre o blog.
Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões
sobre saúde, sexo e comportamento.
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