Você costuma sentir a boca seca? Isso lhe causa incômodo
principalmente na hora de se alimentar? Talvez você não saiba, mas pode ter a
Síndrome de Sjögren (SS). Essa síndrome é uma doença autoimune, ou seja, ocorre
quando algumas células do corpo começam atacar outras células. Pode surgir em
qualquer momento da vida, sem uma causa específica e sem um tempo de duração
determinado, algumas vezes chega a durar anos. Muitas vezes manifestam-se por
ciclos, com períodos de agravo e melhora espontânea.
No caso da boca, o sintoma principal é a secura e a
língua avermelhada. A produção de saliva é afetada, portanto, a proteção da
cavidade oral também é prejudicada. Quem apresenta Síndrome de Sjögren tem
maior chance de ter cáries e infecções, além de dificuldade para comer
alimentos sólidos.
Conforme o reumatologista Fernando Neubarth, além dos
sintomas manifestados na boca, os pacientes com SS também podem apresentar
secura na pele, nariz e vagina. Além disso, outros órgãos do corpo, como os
rins, pulmões, vasos, fígado, pâncreas e cérebro também podem ser
afetados.
Os principais sintomas dessa síndrome são olhos e boca
seca, quando ela está em seu grau primário, porém quando evoluí para sua forma
mais agressiva apresenta também desordem dos tecidos conjuntivos, gerando dores
nas articulações.
“Essa doença pode trazer muitos incômodos, principalmente
quando também se associam dores nas articulações. Olhos secos podem levar a
ulcerações na córnea e, especificamente quanto à boca, os danos mais graves são
as infecções e todos os problemas dentários que a diminuição da salivação
provoca”, afirma Neubarth.
Segundo Ana Maria Pires Soubhia (CROSP 2167),
professora da Faculdade de Odontologia da UNESP Araçatuba, essa síndrome é
muito prejudicial à saúde bucal. “A saliva tem um papel essencial no organismo
humano, além de água possui componentes orgânicos e não orgânicos e tem muitas
funções. Qualquer alteração na saliva pode trazer danos”, afirma.
É importante salientar que nem toda queixa de boca
seca é SS. Segundo Soubhia, tomar alguns medicamentos por longo tempo, como
antidepressivos, também diminui a salivação. Por isso é muito importante fazer
uma criteriosa avaliação médica para determinar o motivo da falta de saliva. No
caso das síndromes, avalia a professora , é extremamente importante que haja um
tratamento multidisciplinar.
Por ser uma doença que não tem tempo determinado de
duração, os tratamentos indicados para essa doença são considerados de suporte,
buscando a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Geralmente os dentistas
indicam o uso saliva artificial, manipulada em farmácias e usada várias vezes
ao dia (o que possibilita a lubrificação da mucosa da boca e facilita a
ingestão de alimentos) e hidratação por meio de ingestão de água. Raspagem e polimento
dos dentes para diminuir a incidência de caries e a aplicação de flúor também
são recomendados. “Pessoas com essa síndrome devem visitar os dentistas pelo
menos de três em três meses”, frisa a dentista.
Para a confirmação do diagnóstico dessa síndrome, além de
todos os sintomas o paciente deverá apresentar alterações laboratoriais (exames
de sangue), radiológicos, anátomo-patológicos (biópsia das glândulas salivares
menores feita no lábio) e de medicina nuclear (cintilografia das glândulas
parótidas). Em muitos casos as manifestações, no entanto, são mínimas,
discretas ou atribuídas a outros fatores (como efeitos colaterais de
medicamentos) e o diagnóstico da doença acaba sendo tardio ou não
acontece.
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