Especialistas confirmam:
dormimos cada vez menos.
"Os problemas de
sono constituem uma epidemia global que ameaça a saúde e a qualidade de vida de
mais de 45% da população mundial", diz a Associação Mundial de Medicina do
Sono (WASM, na sigla em inglês).
"Dormir bem é um
dos três pilares fundamentais para ter uma boa saúde, ao lado de uma dieta
equilibrada e exercício regular", completa a associação em nota
informativa.
Para Shirley Cramer,
diretora executiva da Sociedade Real de Saúde Pública da Espanha, muitos dizem dormir
de quatro a cinco horas por dia, mas isso não é algo de que se gabar.
3 elementos necessários
para dormir bem.
- Duração: Suficiente
para ficarmos descansados e alertas durante o dia (entre 7 e 9 horas por
dia)
- Continuidade: Dormir sem
interrupções para que o sono seja efetivo
- Profundidade: O sono
deveria ser suficientemente profundo para que seja restaurativo
Cramer diz que a
falta de sono possui impactos altamente nocivos na saúde física e mental.
"Sabemos, por várias pesquisas, que quem tem privação de sono possui risco
muito mais alto de ter doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e
depressão."
Estas são algumas
formas pelas quais dormir pouco pode afetar sua saúde:
1. Dieta ruim.
"A falta de sono
faz com que nos alimentemos pior", diz Cramer.
De acordo com um
estudo do órgão espanhol, mais de um terço das pessoas come mal quando dorme
pouco.
O motivo, segundo a
especialista, é que nessa situação costumamos comer alimentos pouco saudáveis,
e por isso a falta de sono está vinculada ao aumento de peso.
A comunidade
científica também associa a falta de sono à obesidade e ao diabetes.
Segundo estudo
realizado em 2015 por pesquisadores no Catar, dormir pouco aumenta o apetite e
a resistência à insulina.
Dormir bem, afirma a
Sociedade Real de Saúde Pública da Espanha, é "essencial para a regulação
do metabolismo, sobretudo em crianças, e há evidências da relação entre horas
de sono e incidência de obesidade infantil".
Em resumo, a
orientação é "se dormir bem comerá melhor".
2. Saúde mental afetada.
Dormir pouco tem
relação com uma variedade de transtornos físicos, mentais e de comportamento.
"A saúde mental
é uma questão particular e, de certo modo, é um círculo vicioso: se tem
problemas mentais, dorme pouco, e vice-versa. E se sente cada vez pior."
Para Cramer, buscar
ajuda psicológica é "vital" nesses casos. O conselho dela para casos
de insônia é buscar tratamentos com medicamentos específicos ou terapia
comportamental, que demonstra, diz, ser "altamente eficaz".
Segundo a organização
espanhola Instituto de Medicina do Sono, a falta de sono está associada a
problemas psicológicos, depressão e ansiedade.
3. Risco de acidentes.
A possibilidade de
sofrer acidentes cresce com a ausência de sono.
"Um em cada
cinco acidentes tem a ver com a falta de sono", afirma Cramer.
Segundo o órgão de
segurança de estradas dos EUA (NHTSA, na sigla em inglês), 40 mil pessoas se
ferem por ano no país por problemas relacionados à falta de sono, e 1.550
pessoas morrem nesses tipos de acidentes.
Estudo da Harvard
Medical School já apontou que 250 mil condutores dormem ao volante por dia nos
EUA.
Mas o perigo não está somente nas ruas, diz Cramer, que cita o risco de acidentes domésticos. "Dormir pouco põe em risco nossa saúde em muitos aspectos."
4. Menor rendimento
físico.
Dormir bem é
importante para ter energia durante o dia.
Trata-se, de fato, de
um aspecto fundamental para o funcionamento de nosso cotidiano, apontam
especialistas.
Atletas profissionais
podem dormir pouco e ainda assim apresentar bom rendimento, mas é fundamental
descansar por tempo suficiente após a prática de exercícios.
O problema da falta
de sono é o impacto no rendimento físico, pois o corpo precisa de um mínimo de
horas de descanso.
"O processo de
regeneração de tecidos cerebrais e físicos ocorre à noite. Se não há descanso
não há recuperação correta, e isso afeta o rendimento físico e
intelectual", diz Madrid Mateu, coordenador de educação física.
Além disso, praticar
exercícios físicos estimula um sono melhor, daí a combinação perfeita entre as
atividades.
5. Limitação cognitiva.
"Sabemos que a
falta de sono ou má qualidade do sono tem grande impacto negativo na saúde, em
curto e longo prazo", afirmam especialistas da WASM.
Os efeitos impactam a
capacidade de atenção, a recuperação da memória e a aprendizagem.
"Deveríamos
entender o sono do mesmo modo que entendemos outras coisas que beneficiam nossa
saúde, como boa dieta e atividade física", lembra Cramer.
Para a pesquisadora,
o ato de dormir bem muitas vezes é subestimado, mas é algo que deveria
preocupar a todos. "É uma questão de saúde pública."
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