FONTE: Bia Souza Do
UOL, em São Paulo, (noticias.uol.com.br).
Dor de cabeça, pelo, corpo, no
estômago, são os sintomas comuns de doenças corriqueiras como gripes e viroses
que atingem a população. Mas antes de procurar um médico, o comportamento banal
é procurar uma farmácia e se automedicar com remédios que não precisam de
prescrição médica. Será que isso realmente não tem nenhum risco?
Os medicamentos são o principal
agente causador de intoxicação em seres humanos no Brasil desde 1994, segundo
dados do Sistema Nacional de Informações Toxico-Farmacológicas, que em 2012
registrou cerca de 8 mil mortes.
Uma pesquisa realizada em 2014, na
região Sudeste, pelo Instituto de Pesquisa Hibou, mostrou que 45% da população
acredita que se automedicar só é prejudicial no caso de remédios identificados
com tarja vermelha ou preta. Mas uma simples vitamina C, muito usada na
prevenção de gripes e resfriados pode conter reações adversas. "A vitamina
C em excesso pode causar cálculo renal, além de interagir com outros
medicamentos como anticoncepcionais causando a variação dos níveis de hormônios
da pílula", explica Jacob Faintuch, clínico geral do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da USP.
Os especialistas ressaltam que existe
a possibilidade de interação com qualquer tipo de medicamento ou alimento.
"É importante ter orientação antes de tomar. Misturar paracetamol e álcool
aumenta o risco de hepatite, leite misturado com antibiótico pode reduzir o
efeito do remédio. São atitudes simples que podem prejudicar a saúde",
enfatiza Amouni Mourad, assessora técnica do CRF-SP e professora de farmácia da
Universidade Mackenzie.
Uma pesquisa do ICTQ (instituto de
pós-graduação para farmacêuticos), divulgada em 2014, revelou que por 76,4% dos
brasileiros praticam a automedicação, e destes, 32% aumentam a dosagem do
remédio por conta própria, sem orientação do médico ou do farmacêutico.
Existe forma segura
de se automedicar?
Não existe nenhum remédio 100%
seguro. A forma como ele vai agir depende de uma série de fatores como doenças
preexistentes e hábitos diários. "As pessoas se baseiam em propagandas e
indicação de amigos, mas cada organismo reage de uma maneira. A forma mais
segura de tomar uma medicação que não requer prescrição médica sem o contato
com salas de esperas em hospitais é procurar um farmacêutico. Ele vai perguntar
se a pessoa tem problema gástrico, se usa anticoagulante e se tem algum
histórico médico que possa tornar até mesmo um paracetamol perigoso para à
saúde. Se a pessoa tem problemas sanguíneos, por exemplo, não pode fazer uso de
dipirona", explica Mourad.
Mas e em casos de
epidemia?
Em tempos de gripe H1N1, os médicos
estão orientando os pacientes a não correrem para o hospital quando surgem os
primeiros sintomas de uma gripe ou resfriado. Isso porque passar horas em um
local cheio de pessoas doentes pode tornar o que seria um resfriado simples em
algo mais sério.
"Não existe a possibilidade do
brasileiro de classe média ou baixa fazer consultas médicas por telefone e
perguntar se deve buscar um hospital ou fazer uma automedicação simples. Ele
precisa avaliar se realmente existe a necessidade de ir a um pronto-socorro
onde pode pegar outros vírus durante a espera", explica Faintuch.
O médico ainda ressalta que isso não
significa que o paciente pode sair tomando medicamentos sem prescrição, mas que
deve se atentar aos que já foram prescritos em consultas médicas anteriores.
"É preciso estar melhor informado sobre o próprio histórico médico e a
respeito de alimentos e medicamentos que possam interagir entre si", diz
Faintuch.
E as interações com
antibiótico?
Apesar de ser necessário ter receita
para comprar antibiótico, as interações entre o remédio e outras substâncias
geram dúvidas. Por isso, vamos esclarecer que o leite reduz o efeito de
antibióticos ampicilina e tetraciclina. Com o álcool, o remédio pode levar ao
acúmulo de uma substância tóxica chamada antabuse que causa efeitos como
vômitos, palpitação e dor de cabeça. É possível ter ainda hipotensão (pressão
baixa), dificuldade respiratória e até morte. Antibióticos que podem causar
esse efeito se misturados ao álcool: metronidazol; trimetoprim-sulfametoxazol,
tinidazole e griseofulvin. Outros antibióticos como cetoconazol,
nitrofurantoína, eritromicina, rifampicina e isoniazida também não devem ser
tomados com álcool pelo perigo de inibição do efeito e potencialização de
toxicidade hepática.
Conheça interações perigosas entre remédios.
Anticoncepcional.
O anticoncepcional interage com anti-inflamatórios e antibióticos
diminuindo a eficácia da pílula. Se ingerido com vitamina C pode aumentar os
níveis de hormônio na corrente sanguínea.
Ácido
acetilsalicílico.
O ácido acetilsalicílico interage como anticoagulantes, aumentando o
risco de sangramento. Pode provocar hemorragias se misturado a analgésicos e
alguns anti-inflamatórios. Se for ingerido com bebida alcoólica pode causar
dano à mucosa gastrintestinal.
Gingko biloba.
O fitoterápico ginko biloba é utilizado para tratar várias doenças. Se
consumido com anticoagulantes, potencializa os efeitos, podendo provocar
hemorragias.
Anti-inflamatórios.
Se tomado junto com álcool pode aumentar o risco de úlcera gástrica e
sangramentos.
Paracetamol.
Aumenta o risco de hepatite medicamentosa quando ingerido junto ao
álcool.
Dipirona.
Tomar dipirona e beber álcool é uma má ideia. O efeito do álcool pode
ser potencializado.
Maracujá.
Calmantes à base de maracujá podem potencializar o efeito de
antidepressivos, causando sonolência excessiva.
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