(http://www.correio24horas.com.br).
Bactérias estão entre principais
vilãs, mas anatomia do órgão sexual feminino também favorece incidência.
Já pensou em sentir muita vontade de fazer xixi, a ponto de não
conseguir segurar? Ou ir correndo várias vezes para o banheiro, mesmo sentindo aquela
vontade de urinar só um pouquinho? E quando, junto com isso, ainda rola uma
ardência que chega a dar calafrios pelo corpo? Sem trégua, a sensação de
alívio ainda vem seguida de dor e, às vezes, de sangue.
Essa situação de tormento atinge, ou ainda vai atingir, mais metade das
mulheres. É a temida infecção urinária. “Cerca de 50% a 80% das mulheres vai
ter infecção urinária ao menos uma vez na vida”, explica Ricardo Menezes
Azevedo, uroginecologista do Multicentro Amaralina. Ele conta que a cistite, ou
infecção baixa, é o tipo mais comum. O problema é mais recorrente entre as
mulheres. Ele explica que essa propensão resulta de diferenças
anatômicas.
O tamanho mais curto da uretra feminina facilita a migração das
bactérias causadoras da infecção até a bexiga, onde a urina que foi produzida
nos rins fica armazenada até a eliminação. A uretra feminina tem cerca de
quatro centímetros de comprimento e a masculina, que é do tamanho do pênis,
varia de oito a 16 centímetros, segundo a média brasileira.
Tatiana
Almeida, engenheira mecânica de 29 anos, sofre com o problema todos os anos,
desde os 13 anos, e já teve até 10 infecções em um ano. “Sempre corro para a
emergência, porque sinto uma dor insuportável desde o início”.
Recorrente.
Ela acrescenta que, por causa da dor, quando tem episódios de infecção ela também tem crises de ansiedade e que frequentemente cancela compromissos. Ela sofre da chamada cistite recorrente, que consiste em repetição de infecção urinária baixa mais de duas vezes por ano e acomete de 20% a 50% das mulheres, segundo Azevedo.
Ela acrescenta que, por causa da dor, quando tem episódios de infecção ela também tem crises de ansiedade e que frequentemente cancela compromissos. Ela sofre da chamada cistite recorrente, que consiste em repetição de infecção urinária baixa mais de duas vezes por ano e acomete de 20% a 50% das mulheres, segundo Azevedo.
Um
tipo mais grave de infecção urinária é a pielonefrite, também chamada infecção
alta, uma infecção nos rins que pode se desenvolver por causa de uma cistite
não tratada corretamente. A pielonefrite não tratada ou não curada pode
resultar em lesão renal e insuficiência renal. Em casos mais graves, pode
resultar em óbito por choque séptico, conhecido como infecção generalizada.
Tatiana
conta que passou a beber mais água depois das sucessivas infecções e que passou
a sofrer menos com o problema por isso “Eu criei o hábito de beber mais de dois
litros de água por dia. Quando bebo menos, começo a ter os sintomas de
infecção. Mas, até hoje, se tiver muito ocupada ou focada em alguma atividade,
eu deixo pra fazer xixi quando acabar, mas sei que não é bom fazer isso”.
“A
repetição de mais de dois casos de infecção urinária por ano resulta de
infecções urinárias não bem tratadas ou indica presença de fator predisponente,
como má formação da uretra ou da bexiga, presença de cálculo renal ou urina
alcalina”, explica o ginecologista e obstetra Antônio Carlos Vieira Lopes,
membro da câmara técnica de ginecologia e obstetrícia do Conselho Regional de
Medicina da Bahia (Cremeb).
Fatores
genéticos podem dar maior propensão à infecção urinária. No caso de Tatiana, as
infecções urinárias são velhas conhecidas da família. “Minha mãe, minha avó e
algumas tias já tiveram cistite várias vezes”, conta.
Bactérias: as grandes vilãs.
As infecções urinárias são geralmente causadas por bactérias pertencentes à flora normal do ser humano. A flora vaginal é composta por mais de 70 tipos de micro-organismos, dentre eles fungos e bactérias como a Escherichia coli, que têm potencial de causar infecções.
As infecções urinárias são geralmente causadas por bactérias pertencentes à flora normal do ser humano. A flora vaginal é composta por mais de 70 tipos de micro-organismos, dentre eles fungos e bactérias como a Escherichia coli, que têm potencial de causar infecções.
“Cerca de 80% a 85% das
infecções urinárias são causadas pela E. coli”, explica o uroginecologista Ricardo Azevedo.
O
desequilíbrio das características normais da região genital, como alteração de
pH, podem estimular a proliferação dessas bactérias, o que aumenta a chance de
migração até a bexiga e do desenvolvimento de infecção urinária.
Por
isso, pense duas vezes da próxima vez que estiver com medo de encarar o
banheiro em uma festa ou se achar muito ocupado(a) para fazer uma pausa no
trabalho para fazer xixi.
A
recomendação mais importante para tratar as infecções urinárias é óbvia:
procurar o médico, que deve prescrever exames para identificar o causador da
infecção e receitar um remédio antibacteriano específico para o caso. Mas, para
aliviar o sofrimento, muitas pessoas (desesperadas) procuram “tratamentos”
pouco convencionais, como se lavar com Yakult ou vinagre branco. De acordo com
o uroginecologista Ricardo Menezes Azevedo, recorrer a receitas caseiras para
se tratar é perigoso. “Você pode até aumentar a infecção, não é aconselhável”,
explica.
A
fisioterapeuta uroginecológica Patrícia Lordêlo explica que tentar tratar uma
infecção urinária em casa pode agravar outras, como as infecções genitais “Se
você usa o vinagre, que é ácido, pode piorar uma candidíase, por exemplo”
sinaliza ela, que também é coordenadora do Centro de Atenção ao Assoalho
Pélvico (Caap) e professora da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.
Nenhum comentário:
Postar um comentário