57% ficam incomodadas com menstruação quando querem fazer sexo.
Ela é daquele tipo de visita que, tão logo chega, a
gente já quer que vá embora. É que a menstruação provoca uma ebulição dos
hormônios e ainda pode vir acompanhada de oscilações de humor, enxaqueca, dores
no corpo, cólicas e um desconforto que só quem tem sabe como é. É a famosa
Tensão Pré-Menstrual (TPM). Pesquisa realizada pelo Datafolha em oito
capitais brasileiras, incluindo Salvador, apontou que 85% das mulheres
menstruam mensalmente, embora 55% admitam que não gostam.
O levantamento mostra ainda que 39% das que curtem
menstruar dizem que se sentem saudáveis, 25% consideram como algo natural, 24%
destacam que é um indicativo de que não estão grávidas e 10% enxergam a
menstruação como uma forma de limpar o corpo. Para as que não gostam, 52%
colocam entre as razões o incômodo e o desconforto, 46% as cólicas e 20% a
irritação. Quando questionadas sobre as ocasiões que se sentem mais
incomodadas, 68% falam da ida à praia ou piscina, 57% de quando querem ter
relações sexuais e 44% citam a prática de atividades físicas.
Medicação na veia.
A cabeleireira e esteticista Valéria Nunes, 41 anos, coleciona lembranças ruins da menstruação. Por isso, há cinco anos decidiu fazer uso contínuo de anticoncepcional para não menstruar mais. “Tinha muita TPM e enxaquecas fortíssimas, que me obrigavam a tomar medicação na veia. Já tive que sair no meio de uma festa de meu aniversário de casamento para o hospital”.
A cabeleireira e esteticista Valéria Nunes, 41 anos, coleciona lembranças ruins da menstruação. Por isso, há cinco anos decidiu fazer uso contínuo de anticoncepcional para não menstruar mais. “Tinha muita TPM e enxaquecas fortíssimas, que me obrigavam a tomar medicação na veia. Já tive que sair no meio de uma festa de meu aniversário de casamento para o hospital”.
Já
a consultora em uma concessionária de veículos Vanécia Matos, 30, está entre as
que curtem menstruar. “Desde que passei a usar o coletor de silicone, tenho uma
relação melhor com a menstruação. É tão confortável que às vezes esqueço que
estou menstruada. Faço aquela posição de ioga que a gente fica de cabeça para
baixo e não vaza”. Mais do que não se incomodar, menstruar a faz se sentir mais
saudável.
“Gosto
de seguir o ciclo natural do corpo, de não impedir isso. Não tenho cólicas, não
sinto dores no corpo, raramente meus seios ficam doloridos. Quem tem muita
cólica, um ciclo complicado, é difícil ter uma boa relação com a menstruação”,
pondera.
Ginecologista e obstetra no Hospital Albert Einstein, José Bento diz que, ao longo dos anos, foram ensinando que a menstruação era uma coisa boa, que o sangue era sinal de que estava com saúde. “Não precisa menstruar para saber se está com saúde, vai ao médico. Se quer saber se está grávida, faz o teste ”, orienta.
Ginecologista e obstetra no Hospital Albert Einstein, José Bento diz que, ao longo dos anos, foram ensinando que a menstruação era uma coisa boa, que o sangue era sinal de que estava com saúde. “Não precisa menstruar para saber se está com saúde, vai ao médico. Se quer saber se está grávida, faz o teste ”, orienta.
Vantagens.
O especialista argumenta ainda que suprimir a menstruação é uma maneira de cuidar da saúde da mulher. “Sem menstruar, ela vai ter menos infecções ginecológicas, menos chances de cisto no ovário, de mioma no útero e de endometriose. Dados do Ministério da Saúde apontam que 30% das brasileiras têm anemia por causa da menstruação”, lista, acrescentando que a mulher deve ter a liberdade de escolher menstruar quando quiser.
O especialista argumenta ainda que suprimir a menstruação é uma maneira de cuidar da saúde da mulher. “Sem menstruar, ela vai ter menos infecções ginecológicas, menos chances de cisto no ovário, de mioma no útero e de endometriose. Dados do Ministério da Saúde apontam que 30% das brasileiras têm anemia por causa da menstruação”, lista, acrescentando que a mulher deve ter a liberdade de escolher menstruar quando quiser.
Famoso
pela tese de que a “menstruação é uma sangria inútil e desnecessária”, o
ginecologista Elsimar Coutinho diz que é possível implantar hormônio e
ficar três anos sem menstruar. “Quem menstrua joga fora o óvulo todo mês. Chega
aos 35, 40 anos, quando decide ter filhos, os óvulos estão envelhecidos. Quem
não ovula, não menstrua e guarda os melhores óvulos”.
Presidente
da Sociedade Baiana de Ginecologia (Sogiba), Carlos Lino explica que para parar
de menstruar é preciso usar algum hormônio, a única exceção é quando
ocorre a retirada do útero. O médico José Bento cita ainda outras duas
situações em que a mulher deixa de menstruar: durante a amamentação, porque a
prolactina diminui a quantidade de estrogênio, progesterona e testosterona, e
quando realiza muita atividade física, a exemplo das atletas. Nesse caso, como
as mulheres produzem os hormônios através do colesterol, com ele muito baixo, o
organismo fica impossibilitado de produzir toda a cadeia hormonal, explica o
médico.
Efeitos colaterais.
Só que o uso de hormônios pode vir acompanhado de efeitos colaterais. “Provoca retenção hídrica, aumenta o número de vasos, ganho de peso e dor de cabeça. Mas, ao mesmo tempo, há muito mais vantagens em não menstruar”, avalia.
No entanto, ele reconhece que há situações em que a mulher deseja menstruar e que o direito dela deve ser respeitado. O ginecologista explica que entre suas pacientes há quem ache que quando sangra se sente melhor, mais segura em saber que não engravidou e há ainda a preocupação de que, se não menstruar, o sangue vai ficar retido em algum lugar. “Esse sangue continua no vaso sanguíneo”, diz.
Escolha.
Segundo a pesquisa, entre as mulheres que usam algum tipo de método contraceptivo (60%), a pílula é o mais comum (34%), seguida da injeção hormonal (15%) e preservativo (7%). Além disso, metade das entrevistadas já emendou uma cartela em outra – considerando que apenas 33% delas consultou o ginecologista antes.
Só que o uso de hormônios pode vir acompanhado de efeitos colaterais. “Provoca retenção hídrica, aumenta o número de vasos, ganho de peso e dor de cabeça. Mas, ao mesmo tempo, há muito mais vantagens em não menstruar”, avalia.
No entanto, ele reconhece que há situações em que a mulher deseja menstruar e que o direito dela deve ser respeitado. O ginecologista explica que entre suas pacientes há quem ache que quando sangra se sente melhor, mais segura em saber que não engravidou e há ainda a preocupação de que, se não menstruar, o sangue vai ficar retido em algum lugar. “Esse sangue continua no vaso sanguíneo”, diz.
Escolha.
Segundo a pesquisa, entre as mulheres que usam algum tipo de método contraceptivo (60%), a pílula é o mais comum (34%), seguida da injeção hormonal (15%) e preservativo (7%). Além disso, metade das entrevistadas já emendou uma cartela em outra – considerando que apenas 33% delas consultou o ginecologista antes.
O
estudo foi encomendado pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia
e Obstetrícia (Febrasgo) em parceria com a Bayer, que acabou de lançar no
mercado brasileiro o Yaz® Flex, contraceptivo oral com o ciclo flexível
que permite à mulher escolher quando menstruar. “A pesquisa mostra que 89% se
sentiriam confortáveis em poder decidir quando menstruar”, informou o
presidente da Febrasgo, César Fernandes.
Mitos e verdades sobre a menstruação.
Verdade Mulheres
com muita convivência menstruam juntas.
Mito Alimentos cítricos interferem no fluxo da menstruação
e abacaxi provoca cólica.
Verdade O DIU de cobre aumenta a cólica, o fluxo e
a duração da menstruação.
Mito Alguns chás podem antecipar a menstruação.
Verdade Ter relações sexuais menstruada aumenta os riscos de contrair
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs).
Mito Água do mar corta a menstruação.
Verdade Praticar relações sexuais durante a menstruação não engravida.
Mito Menstruação aumenta a libido.
Verdade Atletas ou pessoas que praticam muitas
atividades físicas podem ficar sem menstruar.
‘É preciso ter olhar mais amplo sobre menstruação’.
A menstruação é um fenômeno biológico, mas na avaliação da professora de Antropologia e pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (Neim) Cecília Sardenberg, é preciso deixar o olhar simplista de lado e enxergá-la também do ponto de vista social e cultural.
‘É preciso ter olhar mais amplo sobre menstruação’.
A menstruação é um fenômeno biológico, mas na avaliação da professora de Antropologia e pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (Neim) Cecília Sardenberg, é preciso deixar o olhar simplista de lado e enxergá-la também do ponto de vista social e cultural.
“Em
sociedades que não são capitalistas, a TPM não existe. Elsimar Coutinho fala em
sangria inútil, mas claro que não é. Em várias sociedades, as mulheres se
recolhem em uma casa só de mulheres durante a menstruação. Há sociedades que
veem a mulher menstruada como poderosa”, argumenta, acrescentando que parar a
menstruação não é bom para a mulher. “Pode acelerar a menopausa. São muitos
hormônios que elas têm que tomar para isso”.
A
bióloga Fabiana Quintela, 30 anos, que integra um grupo que reúne mulheres em
torno da bênção do útero e relaciona os ciclos da mulher com a lua, diz que não
dá para discutir menstruação, sem falar de patriarcado, machismo, estrutura
social trabalhista, gestão de saúde, autoconhecimento e a biologia das fêmeas.
Ela
destaca que a menstruação é um processo natural do corpo feminino, porém não
aceito. “A gente é ensinada quando menstrua que precisa tomar anticoncepcional
porque é uma forma de controlar a menstruação, a oscilação de humor e a cólica.
Entramos num estado de inconsciência do que é ser mulher e de como lidar com
esse corpo feminino. A gente se desconectou muito desse corpo feminino”,
avalia.
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