Apesar de quase 2
bilhões de pessoas no mundo comerem insetos,
esse costume chinês ainda é visto com estranheza por nós, ocidentais. Mas
pesquisadores da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos,
descobriram que nossos colegas asiáticos podem estar com a razão. Segundo
um estudo elaborado por eles, comer grilos pode fazer bem
à saúde do intestino, e até reduzir inflamações gerais do corpo.
Uma das vantagens
nutricionais dos insetos é que, além de serem ricos em proteínas, eles possuem
fibras, predominantemente na forma de quitina (contida em seus exoesqueletos).
Valerie Stull, autora do estudo, afirma que essa fibra pode alterar a
flora intestinal. “As fibras dietéticas são carboidratos que o nosso corpo
não digere. Elas são as principais fontes de energia para os micróbios no nosso
intestino”, disse à imprensa dos EUA. “Ou seja: as fibras que adquirimos na
nossa dieta moldam o crescimento desses micróbios.”
Você pode estar se
perguntando: “mas qual a vantagem de alimentar micróbios?” Bem, várias: a
“flora intestinal”, como é conhecido esse grupo de bactérias que habitam nosso
intestino, ajuda a produzir enzimas essenciais para decompor nutrientes
complexos, regulariza a função intestinal, normaliza seu pH e contém o desenvolvimento
de microrganismos patogênicos, ou seja, que causam doenças. Manter a flora
intestinal equilibrada é essencial à saúde.
Os pesquisadores
conduziram um experimento, durante duas semanas, com 20 homens e mulheres
saudáveis. Parte dos participantes tomou um café da manhã contendo 25 gramas de
“farinha de grilo” em pó, que era adicionada a bolinhos ou shakes. A outra
parte foi um grupo de controle, e tomou café da manhã normal. Os pesquisadores
analisaram amostras de sangue e fezes dos voluntários antes, durante e após o
estudo para examinar o impacto dos insetos na saúde intestinal.
Durante o teste, os
voluntários não relataram alterações gastrointestinais significativas ou
efeitos colaterais por comer os grilos. Mas, o que os pesquisadores descobriram
foi um aumento na quantidade de uma espécie de bactéria, a Bifidobacterium
animalis – que, segundo Stull, está associada a uma série de
resultados positivos para a saúde, e está até disponível comercialmente como
BB-12. Mas a pesquisadora admite que mais estudos são necessários para
embasar toda essa capacidade nutricional dos insetinhos.
O fato é que, segundo a
ONU, os insetos são uma boa opção alimentar, pois seu cultivo requer seis vezes
menos ração do que a carne bovina, por exemplo, e também emite muito menos CO2.
Um dia, talvez, todos nós estejamos comendo grilos. O que pode ser ótimo para o
meio ambiente – e para a nossa saúde.


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