FONTE: , http://www.isaudebahia.com.br
No
dia do Psicólogo, trazemos para nossos leitores uma reflexão sobre a saúde
mental na contemporaneidade.
Os brasileiros são
considerados os mais deprimidos e ansiosos da América Latina, segundo relatório
da Organização Mundial da Saúde (OMS), que em 2016 analisou a saúde mental no
planeta. De acordo com o estudo, a doença, que até 2020 vai se tornar a mais
incapacitante do mundo, ainda de acordo com a OMS, foi uma das responsáveis,
somente em 2015, por afastar mais de 70 mil pessoas do ambiente de trabalho.
Atualmente no Brasil, a
crise financeira e política vêm afetando a forma como as pessoas sofrem. Temos
relatos de trabalhadores que cometem suicídio, pois não estão recebendo salário,
mães que entram em depressão por conta do desemprego, jovens com ansiedade
generalizada que relatam a dificuldade de se inserir no mercado de trabalho e a
demanda está cada vez maior.
A revolução tecnológica
também é um agravante para esse aumento dos transtornos mentais. As pessoas têm
acesso a tudo muito mais rápido. O capitalismo agressivo faz com que elas não
consigam mais separar aquilo que realmente precisam do que querem. As relações
ficaram cada vez mais superficiais. Hoje toda a conversa é feita via rede
social, o afeto é transmitido de forma prática através de caracteres e as
pessoas vão esquecendo o prazer de falar pessoalmente aquilo que sentem. Sofre
quem fala, sofre quem lê. O Whatsapp não tem tom, o Facebook não tem toque, o
Instagram sofre de pouca verdade.
"O Whatsapp não
tem tom, o Facebook não tem toque, o Instagram sofre de pouca verdade."
A auto cobrança parte
de uma necessidade de sempre ser feliz, de estar antenado e atualizado com as
roupas e smartphone da moda. Todos sentem que precisam ser incluídos. Até os
que são excluídos formam um grupo e uma hora ganham um nome. O sentimento de
não pertencer, de não entender, de falta e vazio inerente à natureza humana faz
com que as pessoas acreditem que precisam ter tudo que querem de forma rápida e
prática. As grandes indústrias, analisando isso, atendem a esse chamado sem
pensar nas consequências. Novos transtornos psicológicos nascem a partir disso
e a sociedade não acompanha o ritmo com políticas fracas de promoção de saúde.
O preconceito em
relação à saúde mental ainda é muito grande. É preciso falar sobre este tema.
Precisamos de mais estudos nessa área, mais produção, mais exposição, mais
prevenção, mais promoção de saúde. Cada ano que passa mais pessoas abandonam
suas vidas por conta do preconceito em pedir ajuda. Os casos muitas vezes são
facilmente solucionáveis com tratamento especializado. Todos precisam fazer a
sua parte, sejam os profissionais da saúde mental, seja a pessoa com depressão,
o amigo, a irmã, o político, o jornalista o artista. Tudo que vemos de ruim em
algum momento poderia ser evitado se cuidássemos mais de nós mesmos e das
pessoas que nos cercam. Pensem nisso.
Autor(es).
Joaquim Moura / CRP:
03/653
Bacharel em Psicologia
pela Universidade de Salvador (Unifacs), pós-graduado em Saúde Mental pela
Faculdade Ruy Barbosa e diretor da Clínica Fênix.
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