"Tenho 72 anos,
sou solteira, e nunca tive relação sexual. Moro numa cidade do interior, onde
todos sabem da vida dos outros. A minha educação foi muito religiosa e na minha
casa a palavra "sexo" não podia ser pronunciada. Tudo era pecado.
Durante muito tempo não me preocupei com isso, mas de uns meses pra cá descobri
a masturbação. E o meu desejo sexual vem aumentando cada vez mais. O problema é
que me sinto culpada e envergonhada… Tenho a sensação que as pessoas sabem e me
acusam."
***
Quem nunca sentiu culpa e vergonha relacionadas ao sexo? Esses sentimentos, tão presentes na nossa cultura, fazem com que quase todos se recriminem por suas atividades ou mesmo por seus desejos, como se não fossem algo humano. No mundo ocidental, o corpo é impuro de nascença, visto como inimigo do espírito.
Quem nunca sentiu culpa e vergonha relacionadas ao sexo? Esses sentimentos, tão presentes na nossa cultura, fazem com que quase todos se recriminem por suas atividades ou mesmo por seus desejos, como se não fossem algo humano. No mundo ocidental, o corpo é impuro de nascença, visto como inimigo do espírito.
Aprendemos a nos sentir
envergonhados e culpados por ele, principalmente pelos órgãos sexuais e suas
funções. Há muito tempo nos ensinam que imagens do corpo humano nu,
particularmente experimentando o prazer sexual, são obscenas. E mesmo quando se
consegue rejeitar conscientemente todo esse moralismo, a mensagem negativa é
absorvida sem que se perceba.
Por mais incrível que
pareça, na Idade Média (séculos 5 ao 15) o hábito do banho também foi atacado,
considerando-se que qualquer coisa que tornasse o corpo mais atraente era
incentivo ao pecado. Havia quem acreditasse que a pureza do corpo e das vestes
significava a impureza da alma. Os piolhos eram chamados de pérolas de Deus, e
estar sempre coberto por eles era marca indispensável de santidade.
Os exemplos da falta de
higiene como pré-requisito para a salvação da alma são muitos. Um deles é o
caso da freira ficou doente em consequência dos seus hábitos. Estava com 60
anos e, por princípio religioso, recusou-se durante grande parte da sua vida a
lavar qualquer parte do seu corpo, com exceção dos dedos.
A consequência dessa
visão tão distorcida do corpo humano é dramática: o grande número de pessoas
frustradas e insatisfeitas. Por sua atitude sexual uma pessoa pode ser atacada
pelas outras. Qualquer um pode ser acusado e acusador. Sentir desejo não é
vivido como algo normal e saudável.
Sobre
a autora.
Regina Navarro Lins
é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e
sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e
"Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e
realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa
“Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no
programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.
Sobre
o blog.
A proposta deste espaço
interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando
uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se
livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.
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