Reunimos
prós e contras de cada um — entre femininos e masculinos — para ajudar na
escolha do mais adequado.
Para cada mulher, há um
método contraceptivo mais adequado. É preciso analisar com calma — e com com
acompanhamento de um médico — na hora de escolher. E é preciso lembrar também
que a contracepção não é responsabilidade apenas da mulher: o homem também podem
evitar gravidez indesejada com camisinha. E, de forma definitiva, com
vasectomia.
Mais do que evitar
gestações, é fundamental se proteger contra infecções sexualmente
transmissíveis (ISTs). Por isso, métodos de barreira são tão importantes. E, no
caso de quem opta por usar métodos hormonais, é saudável usar dupla proteção:
pílula junto com camisinha, por exemplo.
De acordo com os dados
mais recentes sobre o assunto da Organização das Nações Unidas (ONU), que datam
de 2015, no Brasil, as mulheres que usam algum tipo de método contraceptivo
chegam a 79%. Nem sempre métodos seguros.
— Ainda recebemos
mulheres no consultório que usam "tabelinha", por exemplo. Nossa
orientação é sempre de que esse método não é eficaz — afirma a ginecologista
Isabela Henriques Rosa, da equipe Clisam e do Hospital Santa Lúcia.
Para facilitar a
escolha da contracepção ideal, reunimos abaixo os métodos existentes — todos
com índice de eficácia muito alto. Confira os prós e contras e procure um
especialista para entender qual é o mais adequado às suas características.
Métodos hormonais
combinados.
1 - Pílula
anticoncepcional.
Contraceptivo mais
popular entre as mulheres no Brasil e no mundo, a pílula contém a combinação de
dois hormônios: um estrogênio e um progesterona — geralmente sintéticos —, que
impedem a ovulação e tornam o endométrio inadequado para a implantação do
embrião. É de uso diário e deve ser tomada sempre na mesma hora.
Prós: Regulariza o
ciclo menstrual e costuma reduzir a Tensão Pré-Menstrual (TPM), que em algumas
mulheres pode ser forte. Estudos científicos também mostram que a pílula
combinada pode reduzir a incidência de câncer de ovário e de endométrio, tumor
benigno na mama, desenvolvimento de cistos ovarianos, artrite reumatoide,
doença inflamatória pélvica e anemia por deficiência de ferro.
Contras: Aumenta, ainda
que pouco, o risco de complicações vasculares graves, como trombose e embolia
pulmonar — que é uma complicação da primeira. Também aumenta risco de Acidente
Vascular Cerebral (AVC) e problemas cardiovasculares em geral. Por isso,
qualquer pílula combinada é contraindicada para mulheres hipertensas; fumantes
com 35 anos ou mais; e mulheres com histórico familiar de trombose e doenças
cardiovasculares em parentes de primeiro grau (pai ou mãe, por exemplo). Não é
comum, mas algumas mulheres que tomam pílula desenvolvem aumento da pressão
arterial. Como é de uso diário, os esquecimentos podem ser frequentes, o que
pode significar queda na eficácia.
2 – Adesivo.
Consiste também na
combinação de estrogênio e progesterona, só que, como vem em forma de adesivo,
essas duas substâncias são absorvidas pela pele aos poucos. São liberadas na
circulação de forma contínua por sete dias. As melhores áreas do corpo para se
colar o adesivo são na parte inferior do abdômen ou superior do braço, nas
nádegas ou nas costas.
É preciso retirar o
adesivo aplicado e colocar um novo uma vez por semana, durante três semanas,
por um total de 21 dias. Na quarta semana, deve-se fazer uma pausa para ocorrer
a menstruação.
É muito eficaz, mas
apenas para prevenção da gravidez de mulheres com peso abaixo de 90 kg. Acima
disso, tem eficácia reduzida.
Prós:
É fácil de colocar e retirar, é altamente eficaz e não é preciso lembrar de
usar todos os dias — como no caso da pílula. Também diminui o enjoo, o que é
bom para mulheres que tenham algum problema crônico de enjoo.
Contras:
Dependendo da roupa que a mulher usar, o adesivo fica visível e poderá se
soltar ou cair. Em algumas mulheres pode causar cefaleia e alterações de humor.
Pode causar alteração do peso e ciclos menstruais irregulares. Gera os mesmos
riscos (ainda que pequenos) de trombose, AVC e doenças cardiovasculares que a
pílula anticoncepcional.
3 - Anel vaginal.
Parece um elástico de
silicone, em geral de cinco centímetros de diâmetro. Depois de inserido na
vagina, vai aos poucos liberando os hormônios progesterona e estrogênio no
corpo para evitar que os ovários liberem óvulos. Ele é deixado no lugar por
três semanas e, depois disso, deve ser retido. A mulher faz, então, uma pausa
de uma semana. Após esse período, insere um novo anel. Possui a mesma eficácia
e funciona como as pílulas combinadas.
Prós: Assim como o
adesivo, é bom para mulheres que se sentem muito enjoadas. É também muito fácil
de inserir e retirar e não requer controle diário.
Contras: Tem os mesmos
riscos de causar doenças das pílulas combinadas (em especial a trombose). Pode
causar corrimento, desconforto na vagina e irritação. Em algumas pessoas, pode
causar dores de cabeça e alterações de humor.
4 – Injetável.
A injeção
anticoncepcional geralmente tem a combinação de dois hormônios (estrogênio e
progesterona), mas também é possível encontrar injeção que contenha somente
progesterona — e essa é a recomendada para aquelas mulheres que tenham
contraindicação para estrogênio.
É possível tomar uma
injeção por mês ou uma a cada três meses. A injeção que não tem estrogênio só é
encontrada nesta última versão (de três meses). A paciente entrará em
amenorreia — isto é, ela não terá mais menstruação.
Durante todo esse
período, a mulher estará protegida de engravidar. As injeções devem sempre ser
aplicadas por profissionais de saúde.
Prós: Dura de um a três
meses. Não requer controle diário ou semanal. Certos tipos de injeção podem ser
usadas durante a amamentação. Como existe a possibilidade de tomar uma injeção
que não tenha estrogênio, pode ser usada por mulheres que já tiveram trombose
ou tenham contraindicação para pílula combinada, adesivo e anel vaginal. Além
disso, em algumas mulheres, pode reduzir o fluxo e a dor nas menstruações.
Contras: Exige que se
controle o número de meses em que a injeção é aplicada. Em algumas mulheres,
pode causar cefaleia, alterações de humor, aumento de peso e incômodo
abdominal. No caso da injeção de três meses, é possível que leve até um ano
para a mulher voltar a poder engravidar. E, no caso da injeção mental (que tem
estrogênio), existe a possibilidade de a mulher apresentar coágulos (trombose),
ataque cardíaco e AVC.
Métodos hormonais só
com progesterona.
1 – Minipílula.
É a pílula oral só com
o hormônio progesterona. Como não tem estrogênio, o principal ganho é não
aumentar o risco de desenvolver trombose, doenças cardiovasculares e AVC. Deve
ser tomada sem interrupção, e a mulher fica sem menstruar.
É muito indicada para
mulheres lactantes ou com contraindicação ao uso de estrogênio.
Prós: Exclui o risco de
trombose, AVC e doenças cardiovasculares.
Contras: Em 30% das
mulheres, gera um "escape menstrual", isto é, um pequeno sangramento
ao longo do mês. Isso costuma diminuir até desaparecer com o tempo. Essa pílula
pode também interferir na libido, embora isso seja pouco frequente.
2 - DIU hormonal.
Este é um tipo de
Dispositivo Intrauterino em forma de "T", também conhecido como DIU
Mirena, libera o hormônio levonorgestrel dentro do útero e impede a passagem
dos espermatozoides e a fecundação do óvulo. Tem alta eficácia e é indicado
principalmente para quem deseja contracepção de longo prazo (o dispositivo fica
dentro do corpo por cinco anos).
Requer a assistência de
um profissional da área da saúde treinado para colocação e retirada.
Prós: É bom para quem
quer evitar esquemas de uso diário, semanal ou mensal. Pode permanecer no lugar
durante cinco anos, mas pode ser retirado a qualquer momento. Pode ser usado
durante amamentação, e a fertilidade volta ao nível anterior imediatamente
depois da remoção.
Contras: Pode haver
sangramento irregular e leve nos primeiros seis meses de uso. Com o DIU
hormonal, ainda existe risco (mesmo que pequeno) de trombose, AVC e doenças
cardiovasculares. Algumas mulheres apresentam cefaleia, cólicas, sensibilidade
e acne após colocação do dispositivo.
3 – Implante.
É um pequeno bastão de
plástico que libera o hormônio etonogestrel em baixa dose, mas suficiente para
impedir a liberação do óvulo pelo ovário e alterar o muco do colo do útero, o
que dificulta a entrada de espermatozoides.
O efeito
anticoncepcional desse método começa logo depois de ser colocado e tem duração
de até três anos. Só tem progesterona e provoca ausência de menstruação.
Prós: Não traz riscos
de trombose e outras doenças. É uma alternativa às mulheres para as quais o uso
do hormônio estrógeno é contraindicado. Pode ser usado durante a amamentação.
Contras: Pode
inicialmente causar alteração dos padrões de sangramento e pode causar alteração
de peso, dor abdominal e nos seios.
Métodos de barreira.
1 - Camisinha
masculina.
É de látex ou
poliuretano. Atua capturando o esperma quando ele é liberado, impedindo que
entre na vagina.
Prós: Tem ampla
vantagem de prevenir a transmissão de infecções sexualmente transmissíveis
(ISTs). Pode ser usado na hora que precisar e pode ser facilmente carregado com
a pessoa. É livre de hormônios e não há impedimento de usar a camisinha durante
a amamentação.
Contras: É preciso
interromper a relação sexual para colocá-la. Pode rasgar ou sair durante o sexo
se não for corretamente usado. E algumas pessoas são alérgicas a preservativos
de látex.
2 - Camisinha feminina.
Assim como a masculina,
esta também é de látex ou poliuretano. A eficácia é muito alta, idêntica à da
camisinha masculina. Se a regra básica do preservativo masculino é "basta
colocar por cima", a do preservativo feminino é "basta colocar
dentro". A funcionalidade de ambos é a mesma: criar uma barreira para os
espermatozóides não encontrarem o óvulo.
Prós: Exatamente as
mesmas da camisinha masculina.
Contras: O uso pode
exigir prática (assista aqui a um vídeo que explica como colocar). Também pode
rasgar se não for colocada corretamente, e algumas pessoas são alérgicas ao
material. É preciso interromper a relação sexual para colocá-la.
3 - DIU de cobre.
É um dispositivo
plástico com um fio ou cilindros de cobre, que é colocado dentro do útero por
um profissional da área da saúde. Não tem qualquer liberação de hormônio,
portanto não gera risco de doenças como trombose. Existem diversas marcas,
podendo ter duração de até dez anos. Quando a paciente decidir engravidar, após
a remoção do dispositivo a fertilidade voltará rapidamente, independentemente
do tempo utilizado.
Prós: É bom para
pacientes que têm contraindicação a qualquer hormônio. Exclui risco aumentado
de trombose e outras doenças. Pode permanecer no lugar por até cinco ou dez
anos (de acordo com o tipo), mas pode ser retirado a qualquer momento. Pode ser
usado durante a amamentação.
Contras: Pode
intensificar o fluxo menstrual e aumentar a cólica — no entanto, quem
normalmente não tem cólica não costuma desenvolver após a colocação desse DIU.
Pode causar cólicas e/ou sangramento irregular. Algumas mulheres apresentam
cefaleia e sensibilidade após colocação do DIU de cobre.
4 – Diafragma.
É uma espécie de anel
flexível coberto por uma borracha fina que deve ser colocado dentro da vagina
cerca de 15 a 30 minutos antes da relação, e retirado após 12 horas do ato
sexual.
Prós: Pode ser usado na
hora que precisar. É livre de hormônios — por isso não gera doenças. E pode ser
usado durante a amamentação.
Contras: Assim como a
camisinha feminina, o uso pode exigir prática. Requer o uso de espermicida
antes de todas as relações para atingir maior eficácia. Pode interferir na
espontaneidade da vida sexual. Se a mulher mantiver o diafragma no lugar por
mais de 24 horas, há risco de síndrome do choque tóxico. Choque tóxico é uma
infecção rara, mas grave.
Métodos definitivos.
1 – Laqueadura.
Método de esterilização
definitiva para mulheres, consiste na ligadura das trompas uterinas, impedindo
a passagem do óvulo. No Brasil, só mulheres com idade acima de 25 anos ou que
tenham pelo menos dois filhos vivos podem realizar o procedimento. O tempo de
recuperação e o tipo de anestesia variam de acordo com a paciente.
Muitas mulheres, no
entanto, reclamam da dificuldade de conseguir fazer a técnica, mesmo cumprindo
esses critérios. Clique aqui para ler uma reportagem sobre o assunto.
2 – Vasectomia.
O procedimento de esterilização
definitiva para homens é simples, rápido, sem necessidade de internação e, na
maioria das vezes, com anestesia local. Consiste no corte do canal que permite
a passagem dos espermatozoides até as glândulas que produzem o esperma.
O homem continua
ejaculando após a cirurgia, mas sem a presença dos espermatozoides.
No Brasil, essa técnica
é autorizada para homens com mais de 25 anos ou que já tenham pelo menos dois
filhos vivos — mesmos critérios das mulheres.