terça-feira, 30 de abril de 2019

DE PÍLULA A DIU: VEJA O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE MÉTODOS CONTRACEPTIVOS...


FONTE: Clarissa Pains, de Agência O Globo,https://www.ibahia.com



Reunimos prós e contras de cada um — entre femininos e masculinos — para ajudar na escolha do mais adequado.

Para cada mulher, há um método contraceptivo mais adequado. É preciso analisar com calma — e com com acompanhamento de um médico — na hora de escolher. E é preciso lembrar também que a contracepção não é responsabilidade apenas da mulher: o homem também podem evitar gravidez indesejada com camisinha. E, de forma definitiva, com vasectomia.


Mais do que evitar gestações, é fundamental se proteger contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Por isso, métodos de barreira são tão importantes. E, no caso de quem opta por usar métodos hormonais, é saudável usar dupla proteção: pílula junto com camisinha, por exemplo.

De acordo com os dados mais recentes sobre o assunto da Organização das Nações Unidas (ONU), que datam de 2015, no Brasil, as mulheres que usam algum tipo de método contraceptivo chegam a 79%. Nem sempre métodos seguros.

— Ainda recebemos mulheres no consultório que usam "tabelinha", por exemplo. Nossa orientação é sempre de que esse método não é eficaz — afirma a ginecologista Isabela Henriques Rosa, da equipe Clisam e do Hospital Santa Lúcia. 

Para facilitar a escolha da contracepção ideal, reunimos abaixo os métodos existentes — todos com índice de eficácia muito alto. Confira os prós e contras e procure um especialista para entender qual é o mais adequado às suas características.

Métodos hormonais combinados.

1 - Pílula anticoncepcional.
Contraceptivo mais popular entre as mulheres no Brasil e no mundo, a pílula contém a combinação de dois hormônios: um estrogênio e um progesterona — geralmente sintéticos —, que impedem a ovulação e tornam o endométrio inadequado para a implantação do embrião. É de uso diário e deve ser tomada sempre na mesma hora.

Prós: Regulariza o ciclo menstrual e costuma reduzir a Tensão Pré-Menstrual (TPM), que em algumas mulheres pode ser forte. Estudos científicos também mostram que a pílula combinada pode reduzir a incidência de câncer de ovário e de endométrio, tumor benigno na mama, desenvolvimento de cistos ovarianos, artrite reumatoide, doença inflamatória pélvica e anemia por deficiência de ferro.

Contras: Aumenta, ainda que pouco, o risco de complicações vasculares graves, como trombose e embolia pulmonar — que é uma complicação da primeira. Também aumenta risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e problemas cardiovasculares em geral. Por isso, qualquer pílula combinada é contraindicada para mulheres hipertensas; fumantes com 35 anos ou mais; e mulheres com histórico familiar de trombose e doenças cardiovasculares em parentes de primeiro grau (pai ou mãe, por exemplo). Não é comum, mas algumas mulheres que tomam pílula desenvolvem aumento da pressão arterial. Como é de uso diário, os esquecimentos podem ser frequentes, o que pode significar queda na eficácia.

2 – Adesivo.
Consiste também na combinação de estrogênio e progesterona, só que, como vem em forma de adesivo, essas duas substâncias são absorvidas pela pele aos poucos. São liberadas na circulação de forma contínua por sete dias. As melhores áreas do corpo para se colar o adesivo são na parte inferior do abdômen ou superior do braço, nas nádegas ou nas costas.

É preciso retirar o adesivo aplicado e colocar um novo uma vez por semana, durante três semanas, por um total de 21 dias. Na quarta semana, deve-se fazer uma pausa para ocorrer a menstruação.

É muito eficaz, mas apenas para prevenção da gravidez de mulheres com peso abaixo de 90 kg. Acima disso, tem eficácia reduzida.

Prós: É fácil de colocar e retirar, é altamente eficaz e não é preciso lembrar de usar todos os dias — como no caso da pílula. Também diminui o enjoo, o que é bom para mulheres que tenham algum problema crônico de enjoo.

Contras: Dependendo da roupa que a mulher usar, o adesivo fica visível e poderá se soltar ou cair. Em algumas mulheres pode causar cefaleia e alterações de humor. Pode causar alteração do peso e ciclos menstruais irregulares. Gera os mesmos riscos (ainda que pequenos) de trombose, AVC e doenças cardiovasculares que a pílula anticoncepcional.

3 - Anel vaginal.
Parece um elástico de silicone, em geral de cinco centímetros de diâmetro. Depois de inserido na vagina, vai aos poucos liberando os hormônios progesterona e estrogênio no corpo para evitar que os ovários liberem óvulos. Ele é deixado no lugar por três semanas e, depois disso, deve ser retido. A mulher faz, então, uma pausa de uma semana. Após esse período, insere um novo anel. Possui a mesma eficácia e funciona como as pílulas combinadas.

Prós: Assim como o adesivo, é bom para mulheres que se sentem muito enjoadas. É também muito fácil de inserir e retirar e não requer controle diário.

Contras: Tem os mesmos riscos de causar doenças das pílulas combinadas (em especial a trombose). Pode causar corrimento, desconforto na vagina e irritação. Em algumas pessoas, pode causar dores de cabeça e alterações de humor.

4 – Injetável.
A injeção anticoncepcional geralmente tem a combinação de dois hormônios (estrogênio e progesterona), mas também é possível encontrar injeção que contenha somente progesterona — e essa é a recomendada para aquelas mulheres que tenham contraindicação para estrogênio.

É possível tomar uma injeção por mês ou uma a cada três meses. A injeção que não tem estrogênio só é encontrada nesta última versão (de três meses). A paciente entrará em amenorreia — isto é, ela não terá mais menstruação.

Durante todo esse período, a mulher estará protegida de engravidar. As injeções devem sempre ser aplicadas por profissionais de saúde.

Prós: Dura de um a três meses. Não requer controle diário ou semanal. Certos tipos de injeção podem ser usadas durante a amamentação. Como existe a possibilidade de tomar uma injeção que não tenha estrogênio, pode ser usada por mulheres que já tiveram trombose ou tenham contraindicação para pílula combinada, adesivo e anel vaginal. Além disso, em algumas mulheres, pode reduzir o fluxo e a dor nas menstruações.

Contras: Exige que se controle o número de meses em que a injeção é aplicada. Em algumas mulheres, pode causar cefaleia, alterações de humor, aumento de peso e incômodo abdominal. No caso da injeção de três meses, é possível que leve até um ano para a mulher voltar a poder engravidar. E, no caso da injeção mental (que tem estrogênio), existe a possibilidade de a mulher apresentar coágulos (trombose), ataque cardíaco e AVC.

Métodos hormonais só com progesterona.

1 – Minipílula.
É a pílula oral só com o hormônio progesterona. Como não tem estrogênio, o principal ganho é não aumentar o risco de desenvolver trombose, doenças cardiovasculares e AVC. Deve ser tomada sem interrupção, e a mulher fica sem menstruar.

É muito indicada para mulheres lactantes ou com contraindicação ao uso de estrogênio.

Prós: Exclui o risco de trombose, AVC e doenças cardiovasculares.

Contras: Em 30% das mulheres, gera um "escape menstrual", isto é, um pequeno sangramento ao longo do mês. Isso costuma diminuir até desaparecer com o tempo. Essa pílula pode também interferir na libido, embora isso seja pouco frequente.

2 - DIU hormonal.
Este é um tipo de Dispositivo Intrauterino em forma de "T", também conhecido como DIU Mirena, libera o hormônio levonorgestrel dentro do útero e impede a passagem dos espermatozoides e a fecundação do óvulo. Tem alta eficácia e é indicado principalmente para quem deseja contracepção de longo prazo (o dispositivo fica dentro do corpo por cinco anos).

Requer a assistência de um profissional da área da saúde treinado para colocação e retirada.

Prós: É bom para quem quer evitar esquemas de uso diário, semanal ou mensal. Pode permanecer no lugar durante cinco anos, mas pode ser retirado a qualquer momento. Pode ser usado durante amamentação, e a fertilidade volta ao nível anterior imediatamente depois da remoção.

Contras: Pode haver sangramento irregular e leve nos primeiros seis meses de uso. Com o DIU hormonal, ainda existe risco (mesmo que pequeno) de trombose, AVC e doenças cardiovasculares. Algumas mulheres apresentam cefaleia, cólicas, sensibilidade e acne após colocação do dispositivo.

3 – Implante.
É um pequeno bastão de plástico que libera o hormônio etonogestrel em baixa dose, mas suficiente para impedir a liberação do óvulo pelo ovário e alterar o muco do colo do útero, o que dificulta a entrada de espermatozoides.

O efeito anticoncepcional desse método começa logo depois de ser colocado e tem duração de até três anos. Só tem progesterona e provoca ausência de menstruação.

Prós: Não traz riscos de trombose e outras doenças. É uma alternativa às mulheres para as quais o uso do hormônio estrógeno é contraindicado. Pode ser usado durante a amamentação.

Contras: Pode inicialmente causar alteração dos padrões de sangramento e pode causar alteração de peso, dor abdominal e nos seios.

Métodos de barreira.

1 - Camisinha masculina.
É de látex ou poliuretano. Atua capturando o esperma quando ele é liberado, impedindo que entre na vagina.

Prós: Tem ampla vantagem de prevenir a transmissão de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Pode ser usado na hora que precisar e pode ser facilmente carregado com a pessoa. É livre de hormônios e não há impedimento de usar a camisinha durante a amamentação.

Contras: É preciso interromper a relação sexual para colocá-la. Pode rasgar ou sair durante o sexo se não for corretamente usado. E algumas pessoas são alérgicas a preservativos de látex.

2 - Camisinha feminina.
Assim como a masculina, esta também é de látex ou poliuretano. A eficácia é muito alta, idêntica à da camisinha masculina. Se a regra básica do preservativo masculino é "basta colocar por cima", a do preservativo feminino é "basta colocar dentro". A funcionalidade de ambos é a mesma: criar uma barreira para os espermatozóides não encontrarem o óvulo.

Prós: Exatamente as mesmas da camisinha masculina.

Contras: O uso pode exigir prática (assista aqui a um vídeo que explica como colocar). Também pode rasgar se não for colocada corretamente, e algumas pessoas são alérgicas ao material. É preciso interromper a relação sexual para colocá-la.

3 - DIU de cobre.
É um dispositivo plástico com um fio ou cilindros de cobre, que é colocado dentro do útero por um profissional da área da saúde. Não tem qualquer liberação de hormônio, portanto não gera risco de doenças como trombose. Existem diversas marcas, podendo ter duração de até dez anos. Quando a paciente decidir engravidar, após a remoção do dispositivo a fertilidade voltará rapidamente, independentemente do tempo utilizado.

Prós: É bom para pacientes que têm contraindicação a qualquer hormônio. Exclui risco aumentado de trombose e outras doenças. Pode permanecer no lugar por até cinco ou dez anos (de acordo com o tipo), mas pode ser retirado a qualquer momento. Pode ser usado durante a amamentação.

Contras: Pode intensificar o fluxo menstrual e aumentar a cólica — no entanto, quem normalmente não tem cólica não costuma desenvolver após a colocação desse DIU. Pode causar cólicas e/ou sangramento irregular. Algumas mulheres apresentam cefaleia e sensibilidade após colocação do DIU de cobre.

4 – Diafragma.
É uma espécie de anel flexível coberto por uma borracha fina que deve ser colocado dentro da vagina cerca de 15 a 30 minutos antes da relação, e retirado após 12 horas do ato sexual.

Prós: Pode ser usado na hora que precisar. É livre de hormônios — por isso não gera doenças. E pode ser usado durante a amamentação.

Contras: Assim como a camisinha feminina, o uso pode exigir prática. Requer o uso de espermicida antes de todas as relações para atingir maior eficácia. Pode interferir na espontaneidade da vida sexual. Se a mulher mantiver o diafragma no lugar por mais de 24 horas, há risco de síndrome do choque tóxico. Choque tóxico é uma infecção rara, mas grave.

Métodos definitivos.

1 – Laqueadura.
Método de esterilização definitiva para mulheres, consiste na ligadura das trompas uterinas, impedindo a passagem do óvulo. No Brasil, só mulheres com idade acima de 25 anos ou que tenham pelo menos dois filhos vivos podem realizar o procedimento. O tempo de recuperação e o tipo de anestesia variam de acordo com a paciente.

Muitas mulheres, no entanto, reclamam da dificuldade de conseguir fazer a técnica, mesmo cumprindo esses critérios. Clique aqui para ler uma reportagem sobre o assunto.

2 – Vasectomia.
O procedimento de esterilização definitiva para homens é simples, rápido, sem necessidade de internação e, na maioria das vezes, com anestesia local. Consiste no corte do canal que permite a passagem dos espermatozoides até as glândulas que produzem o esperma.

O homem continua ejaculando após a cirurgia, mas sem a presença dos espermatozoides.

No Brasil, essa técnica é autorizada para homens com mais de 25 anos ou que já tenham pelo menos dois filhos vivos — mesmos critérios das mulheres.

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