São
Paulo - O rápido crescimento da população idosa no Brasil
acendeu um alerta para um problema comumente associado ao envelhecimento: a
demência. Para desenvolver estratégias para o diagnóstico e a assistência aos
pacientes, um grupo que reúne cientistas, governo, cuidadores e pacientes está
trabalhando na elaboração do Plano Nacional para a Demência no Brasil, previsto
para ser finalizado em dezembro de 2021.
"Nosso objetivo é aumentar o conhecimento da população sobre o tema, fazer uma avaliação do que já existe com foco em demência, tanto no setor público quanto no privado, e estudar os custos dessa estratégia de cuidado", explica a psiquiatra Cleusa Ferri, coordenadora do projeto Fortalecendo Respostas à Demência nos Países em Desenvolvimento (Stride).
O projeto é liderado pela London School of Economics and Political Science e fechou uma parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) no final do ano passado.
"Nosso objetivo é aumentar o conhecimento da população sobre o tema, fazer uma avaliação do que já existe com foco em demência, tanto no setor público quanto no privado, e estudar os custos dessa estratégia de cuidado", explica a psiquiatra Cleusa Ferri, coordenadora do projeto Fortalecendo Respostas à Demência nos Países em Desenvolvimento (Stride).
O projeto é liderado pela London School of Economics and Political Science e fechou uma parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) no final do ano passado.
Pesquisas já apontam que, quanto maior o grau de escolaridade, mais tarde os sinais de demência aparecem. E esse será o ponto de partida do trabalho. O grupo vai elaborar estratégias para oferecer informações para a população e para profissionais sobre o tema, analisar pesquisas sobre o assunto desenvolvidas no País e estabelecer meios de fazer a estimulação cognitiva dos idosos.
"No Brasil, grande parte do custo da demência vem do cuidado informal - as pessoas que param de trabalhar para cuidar do idoso. Em outros países, há um número razoável de instituições de longa permanência com suporte público", diz Cleusa.
Foi o que aconteceu com a pedagoga Sheila Tabajuihanski, de 58 anos, que há cinco anos descobriu que a mãe estava com demência e percebeu que os profissionais de saúde e as próprias famílias não estão preparados para a situação.
"A médica deu um diagnóstico de Alzheimer em uma consulta de 15 minutos, sem saber mais detalhes sobre o quadro da minha mãe. No início, mesmo com convênio, não sabíamos a quem recorrer. Fomos a um geriatra particular que, depois de meses, disse que ela tinha outro tipo de demência, a por corpos de Lewy, muito associada à idade", conta.
No início, conta Sheila, a mãe, Bayla Tabajuihanski, de 84 anos, tinha alterações apenas de comportamento. Com o tempo, foi acumulando perdas cognitivas e motoras. Hoje, não consegue mais se alimentar nem tomar banho sozinha e precisa de ajuda para caminhar.
Sheila parou de trabalhar pela manhã para cuidar da mãe e, no período da tarde, conta com a ajuda de uma empregada. Somando fraldas, medicamentos, alimentação e empregada, a família gasta cerca de R$ 6 mil por mês com os cuidados à idosa.
"Com toda a minha formação, eu não estava preparada para o envelhecimento da minha mãe dessa maneira e não tinha uma visão de Brasil com demência, mas hoje sei que são muitos casos e tem gente que nem tem o diagnóstico." Segundo Cleusa, 1,7 milhão de pessoas têm algum tipo de demência no País e 77% não têm o diagnóstico.
Pesquisas.
A iniciativa de criação do plano nacional integrou um simpósio realizado neste mês, em que foram apresentadas pesquisas desenvolvidas por brasileiros financiadas pelo Instituto Global de Saúde do Cérebro (GBHI) e pela Associação de Alzheimer.
Uma delas é a da neurologista do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais Elisa Resende, que avalia como a alfabetização de adultos pode contribuir na redução do risco de demência. "Se a gente conseguir provar que o programa de alfabetização vai evitar ou diminuir (os casos de demência), pode ser uma estratégia de prevenção, que é barata."
Outro é da doutoranda da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Maira Okada de Oliveira, que desenvolve um método para diagnóstico em analfabetos. "Quando você avalia um paciente e ele apresenta um desempenho ruim nos testes neuropsicológico, fica difícil de entender se ele teve esse desempenho por não ser escolarizado ou se está com algum comprometimento cognitivo."
Procurado, o Ministério da Saúde informou que o Brasil faz parte do Observatório Global de Demência e que está na fase de coleta de dados. Disse ainda que oferece assistência para pacientes com Alzheimer.
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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
*** Fabiana
Cambricoli e Paula Felix.
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