De
quatro em quatro anos, o mês de fevereiro ganha um dia a mais.
A despedida de 2019
trouxe consigo um dia a mais no calendário de 2020. Após quatro anos, o dia 29
retorna temporariamente ao mês de fevereiro, classificando 2020 como um ano
bissexto.
Tal acréscimo é fruto
de cálculos matemáticos e análises astronômicas realizadas com o advento
tecnológico do período das grandes navegações. A reportagem conversou com um
especialista para elucidar as causas desse fenômeno.
A evolução da
astronomia acompanha a existência da humanidade. Após deixar de lado a vida
nômade e fixar moradia, o ser humano começou a plantar para sobreviver e
constatou que o céu influenciava no plantio.
Atentos às estações do
ano devido a época da colheita, com o passar do tempo foi percebido que os
cálculos não batiam. "As estações começaram a dar errado, quando se previa
o verão vinha o inverno. Por que a cada ano, um dia ia ficando para trás",
explica o professor de astronomia da Universidade Federal Rural de Pernambuco
(UFRPE), Antônio Carlos Miranda.
Os romanos até tentaram
corrigir o erro no calendário Juliano, mas privações tecnológicas e o
entendimento geocêntrico - a Terra no centro do sistema solar - não
demarcaram um dia específico, por isso, o acréscimo variava entre os meses a
cada três anos.
A modificação efetiva
só veio em 1582 com o calendário Gregoriano, que até hoje rege a cultura
ocidental. O especialista destaca que se não houvesse o ano bissexto, a cada
700 anos o Natal seria 'invertido'.
"Rigorosamente
falando, não são apenas 365 dias. Tem uma pequena diferença, pois o ano tem 365
dias, 48 minutos e 10 segundos", pontua. Logo, o ano bissexto é uma forma
de compensação, contudo, um algoritmo matemático verifica que a cada oito mil
anos seriam necessário implementar dois dias ao ano.
O professor explica
que, além do movimento terrestre de translação - em torno do Sol, que determina
o ano - e de rotação - em torno do próprio eixo, que determina o dia -, a
precessão dos equinócios é outro agente influenciador. "Lembra um pião
quando perde velocidade, ou seja, o eixo de baixo fica fixo, mas a ponta de
cima fica 'bambaleando'", ele complementa que essa movimentação se
completa a cada 26 mil anos. Além disso, o próprio movimento solar, que gira em
torno da galáxia e atrai consigo os planetas, faz com que o ano tenha diferença
a cada translação.
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