A batata é um dos
alimentos mais versáteis que existe. Pode ser consumida frita, cozida, assada e
ao vapor, e é usada no preparo de diversos pratos, como tortas, massas e purês.
Outra forma de utilização, e que tem atraído a atenção das pessoas, seja porque
viram na internet ou porque um conhecido indicou, é como suco, para tratar
gastrite. Mas será que é recomendado? E resolve?
De acordo com os
especialistas consultados pelo VivaBem, o líquido extraído do tubérculo não tem
o poder de curar a doença, no entanto, pode ajudar a aliviar momentaneamente os
sintomas. O fato é que, por ser alcalina, a batata neutraliza a acidez do
estômago e diminui o desconforto, atuando como uma espécie de antiácido.
Ela também é rica em
vitamina C, o que lhe confere ação anti-inflamatória e, como a gastrite é a
inflamação aguda ou crônica da mucosa que reveste as paredes internas do
estômago, tomar o preparado, para alguns indivíduos, contribui para a melhora
superficial do quadro.
Mesmo sendo uma alternativa
natural, o suco de batata, normalmente feito com a espécie inglesa crua, não
substitui o tratamento receitado pelo médico, em hipótese alguma. Ele serve
apenas como um adjuvante e, ainda assim, só deve ser ingerido sob a supervisão
do especialista.
Sintomas
e causas da gastrite.
Na lista de sintomas da
gastrite estão dor, queimação (azia), náusea, vômito, indigestão e diminuição
do apetite. Dentre as causas, a mais comum —70% dos casos, segundo a FBG
(Federação Brasileira de Gastroenterologia)— é a presença da Helicobacter
pylori, bactéria que se instala abaixo da camada de muco do órgão e libera uma
enzima que muda o pH das áreas próximas.
Outros fatores que
desencadeiam o problema são dieta inadequada, rica em alimentos gordurosos,
condimentados e ácidos, tabagismo, consumo excessivo de álcool e uso prolongado
e sem controle de alguns medicamentos, sobretudo ácido acetilsalicílico e
anti-inflamatórios.
Um ponto que está muito
relacionado a essa enfermidade, mesmo não sendo o seu causador, é o estresse. O
que acontece é que em situações de grande tensão, ansiedade e nervosismo, o
organismo libera uma quantidade maior dos hormônios cortisol e adrenalina, e
isso faz com que mais ácido seja produzido no estômago, piorando a irritação.
Vale destacar que,
quando está estressada, a pessoa também fica mais sensível —em todos os
aspectos—, e aí os efeitos da doença se tornam mais intensos e frequentes.
Diagnóstico
e tratamento.
Sentir dores ou algum
desconforto estomacal às vezes não é sinônimo de gastrite. A preocupação se dá
apenas quando esses sinais são persistentes. Nesses casos, deve-se procurar um
médico gastroenterologista para o correto diagnóstico, feito com base na
avaliação clínica e em exames (endoscopia, com ou sem biópsia).
O tratamento é prescrito
de acordo com a causa. Por exemplo, se for a bactéria Helicobacter pylori, a
indicação é o uso de antibiótico. Nas demais situações, normalmente, são os
bloqueadores da bomba protônica, que combatem a produção de ácido e abrangem
agentes como omeprazol, lanzoprazol e pantoprazol.
Também se faz
necessária uma mudança no dia a dia, o que inclui comer devagar, para secretar
menos ácido, e evitar, em especial na fase aguda, alimentos de difícil digestão
e irritantes da mucosa gástrica (frituras, condimentos, pimentas, bebidas com
cafeína, alcoólicas e gaseificadas, queijos amarelos, bolachas amanteigadas,
açúcar, embutidos, enlatados, conservas e frutas e vegetais cítricos e ácidos
são alguns).
Junto a isso, é
importante não mascar chiclete, não chupar bala, não pular as refeições, parar
de fumar, não beber enquanto come, não ingerir alimentos muito gelados e nem
muito quentes, não dormir com o estômago cheio e praticar atividade física
regularmente.
E é fundamental seguir
a terapia corretamente, tanto a medicamentosa quanto a comportamental, para
evitar complicações, como hemorragia, úlcera gástrica e até câncer de estômago.
*** Fontes: Carlos
Frederico Porto Alegre, professor da pós-graduação em gastroenterologia na
PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) e da disciplina de
gastroenterologia do curso de medicina da Universidade Estácio de Sá; Ismael
Maguilnik, gastroenterologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e
professor do curso de medicina da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do
Sul); Ricardo Correa Barbuti, médico-assistente do Departamento de
Gastroenterologia do HCFMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo) e médico-chefe do Ambulatório de Gastroenterologia
do HCFMUSP, e Valéria Goulart, nutróloga da Abran (Associação Brasileira de
Nutrologia).
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