FONTE: César Eduardo Fernandes, ginecologista***, https://www.msn.com/
A osteoporose constitui, nos dias atuais, um importante problema de saúde
pública. No Brasil, ainda que a incidência não esteja bem clara, não
podemos subestimar os números, já que tudo leva a crer que são mais de 10
milhões de pessoas com a doença, a maioria mulheres. E
nossa população está envelhecendo.
A
osteoporose é marcada pela diminuição progressiva da densidade dos ossos. Isso
aumenta o risco de fraturas, sendo que as fraturas
vertebrais são as mais comuns. Para ter ideia, estimamos que um terço das
mulheres acima de 65 anos tem uma ou mais fraturas nas vértebras.
Mas
são as fraturas de fêmur, de longe, as mais graves: elas
acarretam hospitalização e expressiva mortalidade nos três ou quatro meses após
a ocorrência. As pacientes que sobrevivem a uma fratura nessa região penam para
ter bons resultados nos programas de reabilitação. Não raro, têm de conviver
com sequelas importantes, como restrição ou perda definitiva da capacidade de
andar.
E
por que as mulheres são mais acometidas pela osteoporose? A história tem a ver
com os hormônios. Na osteoporose, vemos uma redução da
massa óssea a níveis insuficientes para a função de sustentar o esqueleto. Pois
os hormônios femininos, genericamente denominados de estrogênios,
têm importância basilar para a integridade e a resistência óssea.
Assim,
a deficiência desse hormônio a partir da menopausa tem um efeito deletério à
robustez dos ossos. Isso explica por que a osteoporose é bem mais comum em
mulheres com mais de 50 anos.
É
oportuno lembrar que, com a menopausa, os ovários deixam
de produzir ovulações mas também de fabricar estrogênio. E a carência do
hormônio nesse período acelera e amplifica a perda de massa óssea nas mulheres.
Como resultado, os ossos ficam mais frágeis e rarefeitos, o que contribui para
a ocorrência de fraturas.
Não
podemos, portanto, negligenciar a identificação das pacientes com maior risco
para fraturas por osteoporose. Devemos ter em mente que essa é uma doença que
se instala sorrateira e silenciosamente. Em muitos casos, ela só é
diagnosticada quando ocorre uma fratura.
A
época da menopausa é propícia para empreender, junto ao médico, medidas
preventivas e terapêuticas. Intervir na hora certa, quando ainda não
existem sintomas e a perda óssea não começou ou evoluiu, é a tática mais eficaz
para alterar o curso da doença e mitigar seus danos.
Rastrear
as pacientes de alto risco para osteoporose é fundamental. Isso nos dá uma
oportunidade de salvar vidas, evitar o sofrimento humano e poupar recursos
econômicos para um sistema de saúde combalido, como o do nosso país.
*** César
Eduardo Fernandes é professor titular de
ginecologia da Faculdade de Medicina do ABC, presidente da Associação
Médica Brasileira (AMB) e
membro da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso).
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