FONTE: Julia Guerrero Borges, Colaboração para, https://www.uol.com.br/
"Assumi o papel de atriz pornô e gemi alto. Ele adorou!" - disse Amanda*. Quando perguntei se ela tinha curtido a resposta foi um menos empolgante: "Ah, já tive sexos melhores, mas valeu só pela minha performance", respondeu.
Essa é uma conversa real, que tive com uma amiga. Depois desse papo, fiquei me perguntando o que realmente significava o ato de "performar" no sexo. Afinal, é comum as pessoas comentarem sobre suas "performances sexuais".
Pelo dicionário Houaiss o significado da palavra é o de "representar um personagem, atuar". Não é irônico que um dos termos que mais utilizamos para definir o que fazemos na hora do sexo tenha a ver com "fingir"? Será que isso realmente nos traz prazer na cama?
Acreditar que o papel de "atriz pornô" pode ser exatamente o que te dará prazer na cama não é uma exclusividade dessa minha amiga. Para a sexóloga Danni Cardillo, a própria indústria pornográfica é um dos motivos pelos quais temos essa concepção. "Essa ideia vem da ausência de informações e de uma educação sexual repressora e pelos recursos da indústria sexual. Parece que temos apenas um padrão a ser seguido, principalmente para nós mulheres".
Mas o que é ser você, de verdade, na hora H?
Sabe aquele típico papo de primeiro encontro, no qual você conta bem superficialmente quem é você? Pois essa é uma boa analogia para tentarmos entender o que acontece na hora do sexo. Pode ser que na primeira transa com um novo parceiro você não se abra por inteira. É natural querer agradar e construir uma imagem, mas segundo a sexóloga o problema é quando isso se torna uma rotina.
"Assumir um personagem pode ser nocivo para todos os envolvidos. Isso porque ser quem somos, seja isso bom ou ruim em nosso entendimento, vai nos minimizar de perder o nosso tempo e do outro", comenta Danni. Mas é claro que essa não é um caminho fácil.
Essa cobrança de assumir um papel e ser aquilo que talvez não sejamos pode trazer questões para todos os envolvidos. Se de um lado é esperado que as mulheres consigam atingir o orgasmo em determinadas posições e comecem a gemer ou gritar, dos homens é esperado uma virilidade dia e noite. A terapeuta sexual Aline Castelo afirma que isso está tão enraizado na nossa cultura, que fazemos sem perceber:
"Essa pressão externa, da sociedade e dos padrões, e a interna,
nossa com a gente, vai desgastando e tirando o foco do que realmente importa: o
prazer"
Para Danni, homens e mulheres podem ser afetados por esse conflito nos momentos íntimos: "Isso pode vir a gerar pessoas fragilizadas com sua própria sexualidade e reféns de um grande sistema que só prejudica a saúde geral".
Se formos pensar na prática, para as mulheres um exemplo disso pode ser a diminuição da lubrificação na hora H, gerando dor durante o sexo, e para os homens uma possível falta de ereção ou ejaculação precoce. Ou seja, em qualquer um dos casos fica mais difícil sentir prazer, né?
Seja a melhor versão de si mesma no sexo.
Mas como é possível colocar isso em prática? Nossas especialistas dão duas dicas certeiras que podem te ajudar a explorar sua espontaneidade e autoconfiança na cama. Confira:
Confie no seu 'personagem': você é a melhor versão de si mesma e ao acreditar nisso milhares de novas oportunidades, não só na cama, podem aparecer.
"Qualquer pessoa só conseguirá se soltar, ser mais espontânea e livre no sexo a partir do momento em que ela confia em si mesma. Minha dica seria: trabalhe seu emocional, seu psicológico, pra que se sinta bem consigo mesma e tenha coragem de se soltar sem medo de ser julgada ou criticada por outra pessoa", diz Aline.
Pense em você e no que tem vontade de verdade: está a fim de gritar? Ficar quieta? Se descabelar? Ficar de olhos fechados? Seja lá qual for a sua maneira de expressão, essa espontaneidade pode ser exatamente o que vai te deixar à vontade para conseguir ter prazer.
"Eu costumo sempre dizer que não há nada mais poderoso do que uma mulher que entende as potências do seu corpo, reverencia a energia que ela tem dentro dela, e se deixa levar. O desarmamento emocional é a chave de toda mulher viver o aqui e agora", completa Danni.
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