FONTE: , Eduardo Nunes, https://www.msn.com/
As desvantagens em se consumir açúcar já foram
comprovadas pela ciência e, mesmo com todos os avisos dos médicos e
nutricionistas sinalizando os perigos do consumo descontrolado desse produto,
ainda não conseguimos ficar sem ele. São raras as pessoas que abrem mão da
sobremesa sem sofrimento – na verdade, só de pensar em uma guloseima doce, a
boca já enche de água. Se você compara essa situação a um vício, saiba que é
isso mesmo: a compulsão por açúcar funciona
praticamente da mesma forma pela qual os viciados sentem a necessidade de
consumir outras substâncias.
Portanto,
para a maioria das pessoas, parar de consumir doces não é uma atitude tão
simples. “O doce desperta a compulsão porque aumenta a produção de endorfina e
serotonina. No entanto, vale lembrar que a compulsão pode ocorrer também com
outros alimentos”, explica o nutrólogo Fernando Cerqueira, membro da Sociedade
Brasileira para Estudos da Fisiologia (Sobraf).
É
vontade ou compulsão?
É
necessário diferenciar aquela vontade de doces que se consegue saciar com um
pedaço de chocolate ou uma sobremesa pequena da compulsão alimentar. A
compulsão é um transtorno alimentar capaz de causar prejuízos à saúde. “Se a
pessoa come mais rápido que o normal; come mesmo estando saciada; come
escondida dos outros; fica mais introvertida; sente-se triste ou culpada por
ter comido e apresenta outros vícios, é hora de buscar ajuda”, diz a psicóloga
Renata Borja, especialista em terapia cognitivo-comportamental. Esse comer de
forma desmedida ocorre quando quem tem predisposição genética, biológica e/ou
psicológica (vulnerabilidade) se expõe ou vive uma situação de estresse. Nesses
casos, o acompanhamento multidisciplinar é indispensável.
Por
que gostamos tanto de doce?
Os
fatores químicos e biológicos da vontade incontrolável por açúcar não
surgem do nada: têm origem em hábitos que nos cercam desde a infância. A
maioria das crianças experimenta o prazer de saborear um docinho ainda na
mamadeira. Logo surgem os achocolatados com seus 75% de açúcar, as
balinhas, bolos de aniversário, etc.
Comer
doces, seja na infância ou em outras fases da vida, está intimamente ligado a
celebrações festivas, a momentos especiais. Não por acaso, uma caixa deliciosa
de bombons costuma ser presente de dia dos namorados, de agradecimento ou um
agrado em um dia qualquer. O problema é que tudo isso contribui para que nosso
cérebro perceba a ingestão de açúcar como
algo prazeroso, relacionado a momentos de grande afetividade. É por essas
razões que, quando nos sentimos tristes ou temos uma carência afetiva, um doce
pode ter o incrível poder de nos acalmar e alegrar.
Quanto
mais açúcar… Mais açúcar!
Consumir açúcar excessivamente
colabora com o aumento do peso corporal, aumento da resistência à insulina, queda
na imunidade e muitos outros problemas. E quanto mais açúcar se
consome, mais açúcar é necessário para saciar essa vontade, uma vez que
esse excesso vicia também as papilas gustativas, interferindo na percepção de
outros sabores e na preferência por alimentos açucarados e industrializados.
Assim, quem consome doces em grandes quantidades não percebe realmente o quanto
está ingerindo e tem dificuldades para se habituar ao sabor doce natural de
determinados alimentos, como sucos de frutas naturais.
Por
outro lado, cortar totalmente o açúcar da
dieta a fim de controlar a vontade pode não ser a melhor estratégia. “É
importante lembrar que os carboidratos viram açúcares, portanto quanto mais
privado de carboidratos, mais temos vontade de doce. Tudo moderadamente não
apresenta problemas, o excesso que é prejudicial. O organismo precisa de
glicose, ou seja, se a pessoa ingerir açúcar às
vezes, não vai fazer mal”, pontua o nutrólogo.
O
que fazer para controlar a vontade de doce?
Se
você já segue um planejamento alimentar elaborado por um profissional, de
acordo com as suas necessidades, mas os doces permanecem sendo seu ponto fraco,
é possível adotar algumas estratégias para não abusar do açúcar. “Minha
dica é apostar no consumo de chocolate amargo em pequena quantidade, a cada três dias”,
recomenda Fernando.
Alguns
suplementos, desde que recomendados pelos nutricionistas, também podem ajudar a
aliviar a vontade de consumir açúcar. “O mais
indicado seria o picolinato de cromo, que é uma substância que atua em enzimas
ligadas ao metabolismo energético e age diretamente na regulação dos níveis de
glicose no sangue. Quando esses níveis estão adequados, a vontade de doce
diminui”, explica o especialista.
Doces
funcionais, feitos com ingredientes naturais e sem adição de açúcar, também
podem ajudar no processo. Já os doces considerados “fit”, industrializados,
precisam de atenção. “É importante checar a composição dos mesmos. Se for
zero açúcar tudo bem, mas é necessário ver a quantidade de
sódio, também”, avisa o nutrólogo.
Exagerar no consumo desses alimentos também não é uma boa opção, já que, mesmo não possuindo açúcar, eles não deixam de conter carboidratos. Além disso, dê preferência a produtos com adoçantes naturais, como estévia e taumatina, uma vez que os edulcorantes artificiais, se consumidos em excesso, podem provocar disfunções no organismo.
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