FONTE: , Eduardo Nunes, https://www.msn.com/
Desde
o começo da pandemia muita coisa mudou. Há um ano tivemos que nos adaptar ao
isolamento, distanciamento, uso de máscaras e álcool gel, além é claro, do
número crescente de mortos no país e no mundo. Tudo isso também mexeu com o
nosso psicológico, aumentou o estresse e a ansiedade e ainda, afetou a
qualidade do sono. Para os especialistas essa noite “mal dormida” é
extremamente prejudicial para o bem-estar e para a produtividade da pessoa.
André
Reis, neurologista do Hospital Anchieta de Brasília, reitera que uma boa noite
de sono é parte da receita para se ter qualidade de vida. “O sono é um
mecanismo natural e organizado do nosso organismo, essencial à reestruturação e
manutenção do equilíbrio biológico, psicológico e social”, destaca. Reis
complementa que a má qualidade do sono pode resultar em cansaço físico e psicológico.
Mas,
como o sono funciona?
Que
uma noite mal dormida continua nos deixando cansados, todos sabemos. Mas por
que isso acontece? De acordo com o neurologista, quando dormimos, passamos por
quatro fases do sono. As três primeiras são as fases do “Sono não REM”. Ele
explica: “Elas são compostas pela sonolência inicial, o cérebro e a atividade
cardíaca têm um ritmo de funcionamento mais lento, e há um relaxamento
muscular. É o processo de aprofundamento do sono”.
Já a
4ª etapa é quando existe um maior funcionamento do sistema nervoso. “Esta é a
fase do ‘Sono REM’, onde há uma intensa atividade cerebral, sonhos vívidos, e
rápida movimentação dos olhos, como se estivéssemos acordados, mas sem
consciência”, destaca Dr. André.
Conforme
o especialista, cada fase do sono é importante, pois é um processo de
relaxamento. Ele ressalta que pessoas com insônia ou noites mal dormidas podem
apresentar alterações de humor e até dores de cabeça. “Pode haver ainda
surgimento de doenças que tenham correlação com a falta de ‘reestruturação’ do
organismo”, completa.
O
segredo para uma boa noite de sono.
Reis
afirma que pequenas ações feitas um pouco antes de dormir podem garantir um bom
descanso. Essas ações podem ser chamadas de “higiene do sono”. “Evitar cochilos
durante o dia e ter horários regulares para dormir são os principais, pois
assim você cria uma rotina”, lembra o neurologista. Ele acrescenta que não usar
celulares, laptops ou qualquer outro dispositivo que tenha uma tela iluminada
antes de dormir pode ajudar. Utilizar a cama só como um móvel para dormir pode
ajudar o cérebro a desacelerar assim que você se acomodar.
Outra
forma de melhorar a qualidade da sua noite de sono é realizar atividades
físicas e mentais regularmente. “No entanto, é preciso lembrar que não é
indicado realizar exercícios físicos cerca de 4 horas antes de se deitar”,
relata o médico. Para as pessoas com insônia, o neurologista lembra que não é
preciso ficar na cama, mas deve-se evitar fumar e lugares na casa com luz muito
forte.
O
impacto da alimentação.
Reis
também destaca a importância dos cuidados com a alimentação antes de dormir.
“Não é recomendável dormir com fome ou comer logo antes de deitar-se, pois pode
causar indigestão”, afirma. Para o médico, uma boa digestão ocorre com a boa
distribuição das refeições ao longo do dia.
A
professora de nutrição do Ceub, Camila Melo, aconselha que exista uma ingestão
de lanches leves, compostos de carboidratos de boa qualidade e alguma proteína,
como última refeição do dia. “Isso ajuda a não dormir com fome, pois esta
combinação auxilia na saciedade e permanência do sono”, pontua a nutricionista.
Camila
complementa que existem alimentos que podem ajudar a dormir melhor, pois contém
características calmantes. “Alimentos ricos em triptofano, como cereais
integrais e algumas sementes, fazem você se sentir calmo e promove um bom sono.
Isso acontece porque o triptofano estimula a produção de serotonina, o hormônio
do prazer”, esclarece.
Alguns
minerais, como o cálcio e o magnésio, também podem ajudar na conversão do
triptofano em melatonina, e na redução do cortisol, hormônio que é responsável
pelo estresse. “O cálcio encontra-se no leite e seus derivados. Por outro lado,
o magnésio está presente nas amêndoas e em farelos de alguns cereais”,
exemplifica.
A
nutricionista lembra que não se deve consumir alimentos gordurosos e muito
salgados, pois podem ser mais difíceis de digerir e atrapalhar o sono. “Alimentos
muito picantes ou ácidos podem provocar azia, causando mal estar geral.
Entretanto, os alimentos ricos em açúcares simples fornecem bastante energia, o
que pode deixar o indivíduo mais alerta e atrapalhar o sono”, conclui.
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