segunda-feira, 25 de novembro de 2013

OS JOVENS DE HOJE SÃO MENOS CRIATIVOS?...

FONTE: noticias.discoverybrasil.uol.com.br

              

Ao longo dos últimos 20 anos, a escrita ficcional produzida por jovens tornou-se menos criativa, mais linear e menos susceptível a conter elementos mágicos, relata um novo estudo. Já as obras de artes visuais produzidas por adolescentes tornaram-se mais complexas e sofisticadas.

Os resultados, publicados na revista Creativity Research Journal, corroboram evidências crescentes de que a criatividade está em declínio entre os estudantes norte-americanos, educados para se sair bem em provas padronizadas em vez de pensar fora dos padrões.

“Em relação à escrita, é difícil não questionar as mudanças no sistema educacional dos últimos 20 anos, sobretudo com o advento do programa No Child Left Behind, que enfatizou o ensino para a aprovação”, afirma Katie Davis, da Universidade de Washington, especialista em desenvolvimento humano e educação que analisa como a mídia digital afeta os jovens do país. ”A ênfase na redação de cinco parágrafos e em estruturas lineares não deixou muito espaço para a exposição a riscos”, acrescenta. “Incentivar qualquer tipo de expressão criativa é muito difícil na era atual, em que há muito em jogo nesses exames”.

A imaginação e a criatividade são essenciais para alimentar inovações e estratégias pouco ortodoxas de resolução de problemas no mundo dos negócios, cultura e até mesmo esportes. Mas embora os cientistas tenham se dedicado durante mais de cem anos a refinar os meios de mensurar a inteligência, o foco na compreensão da criatividade só começou há apenas 15 ou 20 anos, recorda Jonathan Plucker, psicólogo educacional da Universidade de Connecticut, em Storrs.

Uma das explicações se deve à maior dificuldade de estudar a criatividade. Ela não pode ser avaliada por meio de questionários de múltipla escolha, e exige discussões demoradas (e, portanto, dispendiosas) sobre a capacidade humana de resolução de problemas.

Atualmente, o padrão mais aceito de avaliação da criatividade é o Teste Torrance de Pensamento Criativo, que avalia a originalidade na criação de usos incomuns para canetas e outros objetos cotidianos. Segundo um estudo publicado em 2010, desde 1990 as pontuações desse teste têm diminuindo nos Estados Unidos. A revelação estampou as manchetes dos jornais e alimentou temores de uma “crise de criatividade” no país.
Temendo que o teste de Torrance não traduza as situações da vida real, Davis e seus colegas reuniram textos e quadros produzidos por adolescentes ao longo de um um período de 20 anos, começando em 1990. Nesse intervalo, a internet se popularizou e o foco foi desviado do sistema educacional dos Estados Unidos. O objetivo dos pesquisadores era descobrir como essas tendências poderiam influenciar a produção criativa dos jovens.

Para isso, a equipe reuniu mais de 350 obras publicadas em uma revista chamada Teen Ink, com textos, fotos e desenhos produzidos por adolescentes desde 1989. Metade foi criada no começo dos anos 90, e a outra, mais recentemente. Dois artistas plásticos treinados avaliaram cada obra de arte usando uma série de códigos, que avaliaram a composição de fundo, a abordagem estilística e outros detalhes.

Comparadas à arte produzida há duas décadas, as obras recentes tendiam a preencher toda a tela e incluíam traços mais estilizados. As figuras eram colocadas fora do centro e incluíam colagens, objetos encontrados e manipulação digital. Segundo Davis, todos esses detalhes sugeriram um aumento da criatividade, provavelmente pela maior exposição proporcionada pela Internet a uma grande variedade de obras de arte inspiradoras. Atualmente, também há muito mais opções disponíveis para se produzir arte no computador.
Já a escrita criativa mostrou a tendência oposta. Quando os pesquisadores codificaram e compararam 25 histórias recentes com 25 antigas, publicadas em uma revista anual literária por uma escola de artes criativas de New Orleans, descobriram que os textos antigos eram mais experimentais.

Uma história do início dos anos 90, por exemplo, descrevia um personagem que visitava um psicólogo que era um caranguejo. No final da história, o protagonista agarrava o caranguejo com um par de pinças e o jogava em uma mala , dizendo: “Esta noite, vou jantar caranguejo cozido”!
As histórias mais recentes tendiam a se basear na realidade, com cenas monótonas de jantares de Ação de Graças e disparos acidentais. As histórias recentes também progrediam em ordem cronológica, em vez de dar saltos no tempo.

Os professores não devem ser responsabilizados por priorizar os padrões em vez do pensamento criativo, sugere Plucker. Para que possamos ver um renascimento da criatividade, todo o sistema educacional precisa mudar, no sentido de dar aos alunos liberdade para explorar novas ideias. Quer a criatividade seja aprendida ou determinada geneticamente, as evidências sugerem que todos nós estamos subutilizando nossa imaginação, acrescenta.

“Analisem qualquer sistema de responsabilidade do Estado, como o No Child Left Behind, e me mostrem um único indicador de criatividade ou resolução de problemas”, desafia Puclker. “Eles não estão lá. Isso é tudo de que precisamos saber”.

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