FONTE: Folhapress, CORREIO DA BAHIA.
A jornalista
Nana Queiroz, idealizadora da campanha “Eu não mereço ser estuprada” --que
ganhou larga repercussão no país e o apoio até da presidente Dilma Rousseff.
O Brasil carece de dados sobre violência doméstica e
sexual, afirmou o diretor do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada)
Daniel Cerqueira. Segundo ele, faltam pesquisas domiciliares com esse foco, o
que é difícil de ser feito, já que a maior parte dos casos de violência sexual
acontece dentro de casa. Cerqueira defendeu a polêmica pesquisa do Ipea sobre
machismo, afirmando que erros são relativamente “comuns” e que o equívoco com
os números “não modificou em nada o resultado” e a relevância dos dados.
Pesquisa do Ipea divulgada no fim de março revelou
inicialmente que 65% dos brasileiros concordam com a frase “mulheres que usam
roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. Dias depois, o instituto
corrigiu o número para 26%. Outro dado da pesquisa --que não foi retificado--
mostra que 58,5% dos brasileiros concordam com a seguinte afirmação: “se as
mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros”. “Consideramos a
violência de gênero no Brasil um reflexo direto da ideologia patriarcal, que
define as estruturas de poder. Ideologia patriarcal é defendida na cultura do
machismo, a mulher como objeto de desejo e propriedade. Essa noção passa às
vezes implícita pela sociedade”, afirmou.
Dados.
Segundo Cerqueira, o pesquisador encarregado da pesquisa é “um dos mais meticulosos” da instituição. “Foi um pequeno, grande erro, como o Marcelo [presidente do Ipea] falou.” Ele compareceu à audiência pública nas comissões de Direitos Humanos e Assuntos Sociais do Senado no lugar do presidente do Ipea, Marcelo Neri.
Segundo Cerqueira, o pesquisador encarregado da pesquisa é “um dos mais meticulosos” da instituição. “Foi um pequeno, grande erro, como o Marcelo [presidente do Ipea] falou.” Ele compareceu à audiência pública nas comissões de Direitos Humanos e Assuntos Sociais do Senado no lugar do presidente do Ipea, Marcelo Neri.
Cerqueira criticou a falta de organização dos dados sobre
violência sexual no país, e defendeu a integração das informações do IML
(Instituto Médico Legal), da polícia e do Ministério da Saúde --esse último
detém a única base de dados sobre estupro no país. “Como fazer política pública
no Brasil e saber se as políticas foram eficazes ou não?”, questiona Cerqueira.
A jornalista Nana Queiroz, idealizadora da campanha “Eu
não mereço ser estuprada” --que ganhou larga repercussão no país e o apoio até
da presidente Dilma Rousseff-- também criticou a falta de dados no país e de
conhecimento sobre o que é violência. “O brasileiro não sabe o que é estupro,
nem como lidar emocionalmente com isso”, afirmou a jornalista, que recebeu 3
mil mensagens de pessoas que já passaram por situações de violência sexual
desde que iniciou a campanha.
O grupo formado pela jornalista está preparando um
documento para entregar a Dilma, sugerindo frentes para combater o machismo no
país --pela educação, na polícia, na publicidade e com a realização de mais
pesquisas sobre o assunto. Segundo ela, está sendo difícil escrever o documento
pela falta de informações nacionais sobre estupro no país.
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