FONTE: *** Leticia
Maciel
(revistavivasaude.uol.com.br).
Está na hora de entender
qual é a função de órgãos como o baço e o dente do siso. Eles são muito mais
importantes do que se pensava para o funcionamento do nosso organismo
Amígdalas.
Quem tem entre 40 e 50 anos
provavelmente não conta mais com essa proteção. Era moda até a década de 50
extraí-las ao menor sinal de infecção. Afinal, por que ficar com aquele foco de
bactérias na garganta se não servia para nada? Depois, descobriu-se que não é
bem assim. “As amígdalas representam a primeira barreira de proteção contra a
entrada de agentes infecciosos nas vias respiratórias”, explica a
otorrinolaringologista Juliana Sato, da Universidade Federal de São Paulo. Não
só barram os micro-organismos como também disparam o sistema imunológico para
sua presença. A partir dos anos 50 começou-se a descobrir que as amígdalas
fazem parte dos órgãos de defesa do corpo humano, sendo responsáveis pela
produção de glóbulos brancos e anticorpos. “Hoje, a extração é indicada somente
em alguns casos específicos, como quando o tamanho aumentado pode obstruir as
vias aéreas, levando a sintomas como ronco noturno, obstrução nasal e
dificuldade respiratória”, explica Juliana.
Primeira defesa: As amígdalas ajudam a
proteger o organismo contra os invasores de duas formas. Primeiro, são uma
barreira física. Segundo, mandam sinais para o restante do corpo avisando qual
é o micro-organismo responsável pela invasão.
Baço.
Esse órgão com 12 centímetros de
comprimento e cerca de 250 gramas parecia ser apenas um inquilino que em nada
incomodava, mas também não acrescentava. Mas o baço está longe de ser apenas
isso. “Ele é fundamental na proteção contra um gênero de bactérias que pode
circular pelo sangue e causar a morte por infecção generalizada”, descreve Luiz
Vicente Rizzo, imunologista do Hospital Israelita Albert Einstein. Uma pesquisa
realizada no início deste ano tornou esse órgão ainda mais nobre, já que provou
que ele funciona também como um reservatório para células que ajudam a
recuperar o tecido cardíaco depois de um ataque. O estudo foi realizado pelo
Massachusetts General Hospital, nos EUA. As células são chamadas de monócitos.
A maior parte delas é produzida pela medula, liberada no sangue e se acumula em
qualquer tecido do corpo que esteja ferido. A diferença dos monócitos vindos do
baço é que eles têm uma maior afinidade pelo tecido cardíaco, funcionando como
um verdadeiro curativo.
Amigo do coração: No baço ficam
armazenados os monócitos, células que ajudam a curar o coração no caso de um ataque cardíaco. Além disso, são uma proteção contra bactérias que
podem circular pelo sangue e causar a morte por infecção generalizada.
Apêndice.
O nome já dá a ideia de que é algo
acessório, sem importância. Só é lembrado quando aparece uma apendicite, infecção na região, que leva a pessoa às pressas para a sala de
cirurgia. Mas, quietinho lá no seu canto, o apêndice é um trabalhador
incansável. “Na infância, ele apresenta abundante quantidade de tecido produtor
de células de defesa, sendo também um importante órgão envolvido na imunidade”,
explica Juliana Sato. Com o avançar da idade, esse tecido sofre atrofia
progressiva e acreditava-se que ele deixasse de ter uma função específica.
“Hoje é sabido que o órgão tem uma função de recolonização do colo — intestino
grosso — depois de uma diarreia ou do uso de antibióticos potentes”, explica
Luis Garcia Alonso, da USP. Experimentos conduzidos em 2007, na Duke University
Medical School, apontam que o apêndice funcionaria como uma reserva de proteção
da flora bacteriana. Preservando as boas bactérias que vão repovoar o
intestino, o organismo fica protegido contra as bactérias ruins.
Bactérias do bem: O apêndice é uma
reserva de bactérias do bem, que ajudam a repovoar o intestino depois de
uma diarreia ou do uso de antibióticos mais fortes.
Dente do siso.
Em algumas pessoas, os terceiros
molares, nome correto do dente do siso, nem nascem mais. Isso porque, muitas
vezes, eles não encontram espaço na arcada dentária para despontar, ou porque
ficam dentro do osso, mesmo. Como eles não aparecem, dá a impressão de não
fazerem falta. O que acontece é que, durante a evolução, o ser humano mudou os
hábitos alimentares. Hoje se come muito menos alimentos que precisem ser
macerados com força. A alimentação é mais elaborada e menos dura, portanto os
dentes do siso perderam sua maior função, que é de aumentar o poder de
trituração dos alimentos. “Mas eles não podem ser considerados dispensáveis.
Uso como dente de apoio, caso o cliente perca o dente da frente”, explica o
odontologista Oscar Razuk, de São Paulo. O siso só deve ser extraído quando
realmente trouxer problema para a pessoa, como inflamação, dor e
comprometimento da arcada. O melhor período para a extração é entre os 17 e 21
anos, porque a raiz ainda não está totalmente formada e é mais mole.
Apoio dentário: Apesar de terem
perdido boa parte de sua função com o uso de alimentos industrializados, os
dentes do siso não podem ser totalmente dispensados. Eles servem de apoio, caso
o paciente perca o dente vizinho.
*** Texto: Ivonete
Lucirio/ Ilustração: Cecília Andrade/ Adaptação: Letícia Maciel.
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