quinta-feira, 3 de abril de 2014

ENTENDA TUDO SOBRE A PSORÍASE...

FONTE: *** Leticia Maciel (revistavivasaude.uol.com.br).
Banhos de sol podem reduzir as inflamações e ajudar na cicatrização das feridas na pele e nas articulações
                        

No Brasil não existem estatísticas sobre a patologia que se manifesta, na maioria das vezes, por lesões róseas ou avermelhadas recobertas por escamas esbranquiçadas. Estima-se que a doença afete 125 milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Omar Lupi, “a psoríase é muito frequente na prática clínica, mas ainda é desconhecida pela maioria das pessoas, o que justifica o grande preconceito em relação à doença”. Para Claudia Maia, dermatologista e coordenadora da Campanha Nacional que em outubro deste ano mobilizou 19 Estados brasileiros, “a única forma de mudar essa situação é com informação. Aprender a identificar a doença, entender que não é contagiosa, não tem cura, mas pode ser controlada é muito importante”. O caso de Emily comprova que a psoríase não escolhe sexo ou idade, embora tenha maior incidência na segunda e quinta décadas da vida. Mecanismos imunológicos, genéticos e ambientais são suas principais causas, mas a reação a alguns medicamentos, infecções, ferimentos na pele (para quem já sofre da doença) e estresse são também fatores desencadeantes. Lupi diz ser “comum a psoríase estar associada a crises emocionais. Entretanto, pode acontecer que, eliminados um ou todos esses fatores, as lesões não desapareçam”.
Como se manifesta?
Claudia explica que ainda não está muito clara a relação existente entre estresse e psoríase, aspecto que tem dificultado as comprovações científicas. Mas ela reconhece que a doença, “por suas características, pode afetar muito a autoestima, agravando quadros de depressão”. A doença tem formas variadas e, em algumas pessoas, as lesões podem ser avermelhadas, com descamação, que provocam coceiras e se disseminam por todo o corpo. Em outras, não haverá coceira, as lesões serão localizadas, principalmente nos cotovelos, joelhos, couro cabeludo, na região lombar e no umbigo, ou em alguns pontos limitados da pele, a chamada psoríase vulgar ou em placas, que corresponde a 90% dos casos. Há ainda a possibilidade de dor e deformidade nas articulações (artrite psoriática). “Em mais de 50% dos casos, a psoríase pode acometer a unha, que se caracteriza pela presença de pequenas deformidades (semelhantes às depressões de um dedal), ou pela deformidade total das unhas, que muitas vezes se confundem com micoses”, explica Claudia. O médico indicado para avaliar o problema é o dermatologista, que não terá dificuldades no diagnóstico.  Como a doença não afeta os órgãos internos, exames laboratoriais têm pouca relevância. Claudia Maia lembra que “às vezes é necessária a realização de biópsia de pele para descartar outras doenças”.
O que há de mais novo.
Com tantas variantes, o tratamento dependerá do tipo, gravidade e extensão do quadro, e corresponderá às condições gerais do paciente (sexo, idade e estado de saúde). Omar Lupi esclarece que “nas formas leves, são prescritos medicamentos tópicos, como pomadas, loções, xampus ou géis. Nas mais avançadas, além de duas ou três sessões por semana de fototerapia (tratamento em cabines com luz ultravioleta — UV), podem ser prescritos remédios de uso interno, via oral ou injetável”.Medicamentos de tecnologia avançada já estão disponíveis, mas são utilizados apenas em casos graves, pois seu custo ainda é muito elevado. São os chamados imunobiológicos, elaborados a partir da engenharia genética. “Se bem indicado, há garantia de alívio para o paciente que tem como resultado a melhora substancial da qualidade de vida. Hoje, no Brasil, já existem três produtos comercializados”, conta Claudia Maia.
Sol como remédio.
A dermatologista revela ainda que uma de suas prescrições aos pacientes é uma temporada de férias no Nordeste. “É uma terapia que combina menos estresse e mais exposição ao sol”, justifica. Embora dias ensolarados pareçam não combinar com quem tem problemas de pele, eles são grandes aliados no caso da psoríase. “Os raios UV potencializam a cicatrização e reduzem as inflamações, agindo como imunodepressores”, explica Claudia Maia. Para tirar proveito desse efeito natural, bastam curtas e graduais exposições diárias — 10 a 15 minutos já são suficientes. Mas atenção: os especialistas advertem que expor-se ao sol não é cometer excessos, o que seria prejudicial, podendo agravar os sintomas.
Quando a lesão aparecer.
Claudia Maia diz que o maior conhecimento da doença permitiu que se entendesse que as substâncias inflamatórias da psoríase são produzidas de forma generalizada. “Isso significa que a doença pode provocar alterações sistêmicas”. Assim, a persistência das reações pode provocar outras doenças, especialmente as relacionadas à síndrome metabólica: colesterol elevado, diabetes, doenças cardiovasculares e obesidade. Indagada sobre a melhor forma de controle, a dermatologista diz que “É preciso ficar longe dos fatores desencadeantes. Mas se a psoríase se instalar, é importante não coçar nem manipular as lesões”. Não há cura, é verdade. No entanto, submeter-se a um tratamento ajuda a evitar as recidivas ou, pelo menos, faz que a psoríase se manifeste de forma branda.


*** Texto: Cristina Almeida/ Ilustração: Tato Araújo/ Adaptação: Letícia Maciel. 

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