FONTE: *** Leticia Maciel (revistavivasaude.uol.com.br).
Banhos de sol podem reduzir as
inflamações e ajudar na cicatrização das feridas na pele e nas articulações
No Brasil não existem estatísticas
sobre a patologia que se manifesta, na maioria das vezes, por lesões róseas
ou avermelhadas recobertas por escamas esbranquiçadas. Estima-se que a
doença afete 125 milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo o presidente da
Sociedade Brasileira de Dermatologia, Omar Lupi, “a psoríase é muito frequente na prática clínica, mas ainda é desconhecida pela
maioria das pessoas, o que justifica o grande preconceito em relação à doença”.
Para Claudia Maia, dermatologista e coordenadora da Campanha Nacional que em
outubro deste ano mobilizou 19 Estados brasileiros, “a única forma de mudar
essa situação é com informação. Aprender a identificar a doença, entender que
não é contagiosa, não tem cura, mas pode ser controlada é muito
importante”. O caso de Emily comprova que a psoríase não escolhe sexo ou idade,
embora tenha maior incidência na segunda e quinta décadas da vida. Mecanismos
imunológicos, genéticos e ambientais são suas principais causas, mas a reação a
alguns medicamentos, infecções, ferimentos na pele (para quem já sofre da doença)
e estresse são também fatores desencadeantes. Lupi diz ser “comum a psoríase
estar associada a crises emocionais. Entretanto, pode acontecer que, eliminados
um ou todos esses fatores, as lesões não desapareçam”.
Como se manifesta?
Claudia explica que ainda não está
muito clara a relação existente entre estresse e psoríase, aspecto que
tem dificultado as comprovações científicas. Mas ela reconhece que a doença,
“por suas características, pode afetar muito a autoestima, agravando
quadros de depressão”. A doença tem formas variadas e, em algumas pessoas, as
lesões podem ser avermelhadas, com descamação, que provocam coceiras e se
disseminam por todo o corpo. Em outras, não haverá coceira, as lesões serão
localizadas, principalmente nos cotovelos, joelhos, couro cabeludo, na região
lombar e no umbigo, ou em alguns pontos limitados da pele, a chamada psoríase
vulgar ou em placas, que corresponde a 90% dos casos. Há ainda a possibilidade
de dor e deformidade nas articulações (artrite psoriática). “Em
mais de 50% dos casos, a psoríase pode acometer a unha, que se caracteriza pela
presença de pequenas deformidades (semelhantes às depressões de um dedal), ou
pela deformidade total das unhas, que muitas vezes se confundem com micoses”,
explica Claudia. O médico indicado para avaliar o problema é o dermatologista,
que não terá dificuldades no diagnóstico. Como a doença não afeta os
órgãos internos, exames laboratoriais têm pouca relevância. Claudia Maia lembra
que “às vezes é necessária a realização de biópsia de pele para descartar
outras doenças”.
O que há de mais novo.
Com tantas variantes, o tratamento
dependerá do tipo, gravidade e extensão do quadro, e corresponderá às condições
gerais do paciente (sexo, idade e estado de saúde). Omar Lupi esclarece que
“nas formas leves, são prescritos medicamentos tópicos, como pomadas, loções,
xampus ou géis. Nas mais avançadas, além de duas ou três sessões por semana de
fototerapia (tratamento em cabines com luz ultravioleta — UV), podem ser
prescritos remédios de uso interno, via oral ou injetável”.Medicamentos de
tecnologia avançada já estão disponíveis, mas são utilizados apenas em casos
graves, pois seu custo ainda é muito elevado. São os chamados imunobiológicos,
elaborados a partir da engenharia genética. “Se bem indicado, há garantia de
alívio para o paciente que tem como resultado a melhora substancial da
qualidade de vida. Hoje, no Brasil, já existem três produtos comercializados”,
conta Claudia Maia.
Sol como remédio.
A dermatologista revela ainda que uma
de suas prescrições aos pacientes é uma temporada de férias no Nordeste.
“É uma terapia que combina menos estresse e mais exposição ao sol”, justifica.
Embora dias ensolarados pareçam não combinar com quem tem problemas de pele,
eles são grandes aliados no caso da psoríase. “Os raios UV potencializam
a cicatrização e reduzem as inflamações, agindo como imunodepressores”, explica
Claudia Maia. Para tirar proveito desse efeito natural, bastam curtas e
graduais exposições diárias — 10 a 15 minutos já são suficientes. Mas atenção:
os especialistas advertem que expor-se ao sol não é cometer excessos, o que
seria prejudicial, podendo agravar os sintomas.
Quando a lesão aparecer.
Claudia Maia diz que o maior
conhecimento da doença permitiu que se entendesse que as substâncias
inflamatórias da psoríase são produzidas de forma generalizada. “Isso significa
que a doença pode provocar alterações sistêmicas”. Assim, a persistência das
reações pode provocar outras doenças, especialmente as relacionadas à síndrome
metabólica: colesterol elevado, diabetes, doenças cardiovasculares e obesidade.
Indagada sobre a melhor forma de controle, a dermatologista diz que “É preciso
ficar longe dos fatores desencadeantes. Mas se a psoríase se instalar, é
importante não coçar nem manipular as lesões”. Não há cura, é verdade. No
entanto, submeter-se a um tratamento ajuda a evitar as recidivas ou, pelo
menos, faz que a psoríase se manifeste de forma branda.
*** Texto:
Cristina Almeida/ Ilustração: Tato Araújo/ Adaptação: Letícia Maciel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário