FONTE: Nelson Rocha, TRIBUNA DA BAHIA.
O consumo desses alimentos pode causar diarreia,
intoxicação ou até mesmo levar à morte.
Produtos
perecíveis como iogurte, margarina e queijos, que deveriam ser postos à venda
sob refrigeração, como ocorre nos supermercados e mercadinhos de bairros, são
vendidos por ambulantes em ruas centrais da capital baiana pondo em risco a
saúde da população. Concentrados principalmente na Avenida Joana Angélica,
esquina com a Rua Nova de São Bento, os vendedores fazem a feira despejando nas
calçadas caixas até com produtos de limpeza, mas o perigo está nos derivados do
leite oferecidos aparentemente dentro da data de vencimento, porém fora de
geladeira e, em sua maioria quente, após longas horas de exposição sob o sol
escaldante do verão.
“É um perigo para intoxicação alimentar. No calor, a alta
temperatura é ideal para a formação de bactérias e micro-organismos, que podem
causar infecção intestinal, diarréia, desidratação e pode levar até a morte.
Contaminação alimentar é um perigo de vida para o ser humano”, alerta a
nutricionista Amélia Duarte, que diz ser o consumo desses produtos “perigoso
até para as pessoas sadias”.
A jovem estudante Luana, 18, que trabalha na calçada da Av. Joana Angélica “de meio dia pra tarde”, diz adquirir a margarina cremosa e o iogurte em caixas e na mão de uma senhora que nem sabe o nome.
O
primeiro produto é vendido a R$5, duas unidades, enquanto que o iogurte por R$
2, a unidade. “Ela já vende aqui há 11 anos”, diz a jovem sobre a dona da
mercadoria. “Isto eu não levo porque não está refrigerado”, diz uma consumidora
sem se identificar, depois de comprar biscoitos e chocolate. Mas, não falta
quem se arisque em levar pra casa os derivados do leite, única e exclusivamente
por causa do preço em conta.
“Eu
compro porque no supermercado ta caro. Pobre não ta podendo comer mais queijo.
O produto é o mesmo, só não estou pagando o lucro do supermercado. A gente
morre de qualquer jeito”, declarou Maria de Lurdes Oliveira, 63, residente na
Ribeira, revelando estar “passeando no centro da cidade”. Viviane Medrado, 22,
auxiliar de farmácia, resiste à tentação de também comprar o mesmo produto por
considerar “impróprio para o consumo, se não estar num refrigerador”. Mas leva
salame e mortadela no montante da compra, apenas preocupada com a data de
vencimento da mercadoria. A maioria das pessoas, porém, agem como Maria de
Lurdes, sem receio de prejudicar a saúde.
Os
vendedores ambulantes expõem os produtos ainda nas caixas, de um lado e outro
da avenida, no trecho da saída da Estação da Lapa. Todos parecem fazer parte de
um mesmo grupo, apesar de se manterem afastados uns dos outros. O vendedor que
se identifica como Zezão, afirma já trabalhar na área ha mais de 10 anos. Ele
se baseia na validade para creditar os produtos e afirma que “uma vez ou outra
aparecem uns policiais a paisana e levam tudo. A gente tem que sair correndo e
deixar a mercadoria prá lá. Na sexta-feira passada eles apareceram. Aí é
prejuízo puro”, pontuou.
A
titular da Secretaria Municipal de Ordem Pública, Rosemma Maluf, considera este
comercio ativo da Joana Angélica, mas que também prolifera em outras ruas
centrais e em alguns bairros da cidade, um crime contra o consumidor. “Uma
coisa é ordenamento e outra coisa é vender um produto de forma incorreta. Isto
é caso de polícia”, afirma. Para ela, o que se passa na Av. Joana Angélica já é
“uma tradição. Eles trabalham de forma irregular”, acrescenta a gestora da
Semop.
A
coordenadora de serviços diversos da Semop, por sua vez, revela: “A gente está
em constante fiscalização e várias ações já foram efetuadas, mas eles persistem
em voltar. Nós estamos sempre programando ações de apreensão de mercadorias.
Eles não têm autorização, que não pode ser expedida por conta do
condicionamento dos produtos. Todos já foram notificados”, garantiu.
Já
Karina Queiroz, sub-coordenadora da Vigilância Sanitária do município destaca
que “a gente faz ações educativas e de fiscalização no comércio formal e em
eventos de massa licenciados através da Sucom”. Quanto à ousadia dos vendedores
ambulantes em continuar oferecendo à população produtos que deveria estar
refrigerados, ela afirmou que estes “não deveriam estar expostos”, e que ações
individuais de orientação à população sobre os riscos das compras, e em
conjunto com equipes da Semop, são constantes para inibir a comercialização.
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