sexta-feira, 8 de abril de 2016

VOCÊ SABE A DIFERENÇA ENTRE RELAÇÕES LIVRES E POLIAMOR? SAIBA MAIS SOBRE ESSAS PRÁTICAS...

FONTE: Jorge Gauthier, (www.correio24horas.com.br).

            

O romance de Jorge Amado “Dona Flor e seus dois maridos” é sempre usado para explicar como seria uma relação poliamorosa, que envolve mais de duas pessoas de forma consensual. Mas, longe da ficção, há combinações com muito mais flores nesse jardim do que apenas uma. Ou várias flores e nenhum marido. Ou vários maridos e muitas flores. Ou só muitos maridos e nenhuma flor… Enfim, as combinações das chamadas constelações afetivas são muitas e proporcionais ao preconceito que elas precisam administrar. É o que explica a pesquisadora Mônica Barbosa, que escreveu e lança hoje em Salvador, o livro “Poliamor e Relações Livres: do amor à militância contra a monogamia compulsória”, a partir das 18h, na Boto-cor-de-rosa livros, arte e café, na Barra.
Mônica ressalta que tanto o poliamor quanto as relações livres militam pela liberdade de vinculação afetiva e sexual com mais de duas pessoas. Mas, há diferenças entre as duas práticas. “As redes relações livres têm algumas divergências em relação ao poliamor. Uma delas é com relação ao casamento, que quem vive uma relação livre é radicalmente contra à regulação do estado sobre os relacionamentos.Na prática poliamorosa há a possibilidade de uma polifidelidade, o que não é uma regra das relações livres”, diferencia.
Mestre em Desenvolvimento e Gestão Social pela Faculdade de Administração da UFBa, Mônica acredita que a existência do poliamor e das relações livres é um reino fértil para a proliferação do preconceito e do machismo. “As pessoas, de modo geral, quando um homem está numa relação livre ou de poliamor com outras duas mulheres colocam ele como um garanhão. Já a mulher sofre um preconceito muito maior quando assume que não vive uma relação monogâmica. Eu sou mulher e já tive muitas relações poliamorosas. A pressão social é muito grande com muito preconceito, principalmente dentro das famílias”, explica Mônica que baseou seu livro em pesquisas feitas no período em que morava em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
O sexo sempre que não é praticado entre duas pessoas é considerado indecente. Isso é reforçado pelas instituições como Igreja, Sociedade e mais recentemente pela política.
Mônica conta que começou, desde a adolescência, a questionar as relações impostas pela sociedade e daí surgiu sua inspiração para escrever o livro. “Nunca considerei a exclusividade como uma propriedade do amor”, defende. Ela explica que nesse tipo de relação não monogâmica o principal questionamento é uma nova forma de encarar as relações. “A maioria das pessoas monogâmicas fazem um discurso junto aos seus parceiros de fidelidade, mas acabam tendo relações paralelas. Quem vive uma relação livre ou poliamorosa não tem isso. É muito comum os homens aderirem a proposta mas quando a mulher começa a ter outras relações eles começam a pressionar ela a voltar para a monogamia. Muitas vezes as mulheres até aceitam e os caras continuam pegando geral”, defende. 
No seu trabalho de pesquisa, Mônica diz que o público que adere a prática do poliamor ou das relações livres é bem variado. “Não há uma faixa etária dominante, mas normalmente, vejo pessoas de meia idade com mais intensidade mas também jovens”, explica Mônica que é integrante do grupo de pesquisa Cultura e Sexualidade – CUS/UFBa.
O poliamor é a possibilidade de as pessoas estabelecerem vínculos afetivos e sexuais com mais de uma pessoa de forma consensual. A monogamia vem de uma tradição milenar, que são validadas por instituições como a Igreja
A pesquisadora indica que não há uma fórmula para escolher a hora certa de aderir à prática das relações livres. “Cada relacionamento é diferente. É mais provável conseguir fazer essa transição quando a relação está boa e tem diálogo. Se a relação esta desequilibrada e conflituosa traz um novo conflito”, argumenta.
A prática do poliamor ou das relações livres suscita muita curiosidade com relação ao ciúmes. “As pessoas sentem ciúmes por medo da substituição, de perder o parceiro ou a parceira. As relações afetivas tem muito controle dos corpos do outro. Tem pessoas que não veem problema no parceiro ter outras relações, mas tem gente que mão gosta”, explica Barbosa que transformou sua dissertação de mestrado em um livro, a partir do convite da Editora Multifoco.

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