Doença
que afeta o equilíbrio do corpo já atinge 3 em cada 10 brasileiros, segundo
estudos.
A ansiedade é um
sintoma cada vez mais presente na vida moderna e que agrava os sintomas de uma
doença também popular: a labirintite.
Segundo estudos
da Sociedade Brasileira de Otologia (SBO), três em cada dez pessoas têm
distúrbios relacionados ao equilíbrio do corpo, conhecidas como
labirintopatias. E este número tem crescido nos últimos anos.
“A labirintite
já é considerada um mal deste século. Os casos vêm aumentando a cada ano.
Estima-se que pelo menos 42% da população adulta ainda sofrerá com a
labirintite em algum momento da vida”, avisa a fonoaudióloga Priscila Santovito
(CRFA 2-10208), da rede de clínicas Direito de Ouvir.
Ainda de acordo
com pesquisas da Sociedade Brasileira de Medicina, a labirintite é o segundo
sintoma mais frequente na população idosa, sendo superado apenas pela dor de
cabeça.
Apesar da maior
incidência na terceira idade, os transtornos psicológicos têm ampliado a doença
em pessoas mais jovens, como é o caso da operadora de caixa Eliana dos Santos,
de 29 anos.
“Tive minha
primeira crise já aos 19 anos e os médicos diagnosticaram como ‘labirintite
emocional’. Se eu passo muito nervoso, se eu guardo muita coisa comigo, eu
desenvolvo as crises esporádicas”, relata.
Os principais
sintomas da doença são tontura, vertigem e, em casos mais graves, náuseas,
vômitos, desmaios e taquicardias. A labirintite ocorre quando é uma inflamação
ou irritação do labirinto, que é uma estrutura interna da orelha responsável
pela audição equilíbrio corporal.
Quando isso
acontece, o cérebro recebe mensagens 'incorretas' da orelha, fazendo com
que haja uma perda da sensibilidade de espaço e uma consequente sensação de
tontura.
A área também
coordena a audição, fazendo com que a noção sonora também seja afetada em
quadros de labirintite. “É possível apresentar surdez ou zumbidos no ouvido.
Algumas pessoas escutam um som chiado, como uma cachoeira ou uma panela de
pressão”, explica Santovito.
A corretora de
imóveis Daniele Marques, de 41 anos, passou a sofrer com o problema após um
trauma na família. Nos últimos meses, ela desenvolveu ansiedade, teve fortes
crises de tontura e chegou a ficar internada em novembro do ano passado. De lá
para cá, ela só consegue se manter à base de remédios. “A minha é vertigem,
acontece somente quando estou deitada. Eu não consigo levantar da cama pela manhã
sem tomar as medicações”, conta.
Diagnóstico
complicado.
A labirintite
ainda é um distúrbio de difícil identificação, segundo o otorrinolaringologista
Henrique Gobbo (CRM 117688), do Hospital Vera Cruz, de Campinas (SP).
“Diferente de
outras doenças, as labirintopatias não têm sua causa diretamente escritas no
exame. Então, é preciso de uma avaliação clínica ampla, histórico, exames
laboratoriais e avaliações de alguns movimentos para ter uma conclusão mais
precisa e atacar o problema certo”, analisa o especialista.
Por terem
inúmeros tipos de causas e tratamentos, o médico aconselha que se procure o
máximo possível de espacialidades. Entre as mais comuns, estão a
otorrinolaringologia, a otologia e a fonoaudiologia.
Muitas vezes, a
psicologia e a psiquiatria também auxiliam no tratamento com sessões de
terapia.
“É importante
saber também que a labirintite pode ser o sinal de alguma doença mais grave no
organismo, por isso é fundamental não ignorar os sintomas e nem se
automedicar”, diz Santovito.
Alimentação
e hábitos saudáveis como prevenção.
Além de
questões emocionais, a labirintite também pode se agravar de acordo com a dieta
e a rotina de cada paciente. “Todo tipo de estimulante pode agravar a tontura.
Café,
chocolates, chás escuros e refrigerantes não são interessantes nestes casos”,
afirma Gobbo. “Dietas baseadas em carboidratos simples (como batata e arroz
branco) também podem influenciar nos sintomas. O ideal é uma dieta mais
fracionada, com índice glicêmico mais baixo”, ele emenda.
“As células do
labirinto consomem muito oxigênio e nutrientes e a falta dessa suplementação
adequada vai fazer com que o cérebro tenha dificuldade em processar as
informações recebidas”, acrescenta Santovito.
Para amenizar as
fortes crises, Eliana afirma que precisou mudar completamente seus hábitos.
“Cortei os alimentos que faziam mal, procurei uma academia e parei de fumar”,
ressalta. “É uma doença insuportável, porque, mesmo com remédios, as crises
ainda voltam. É como se o corpo estivesse ‘100%’ para uma maratona, enquanto a
cabeça está imprestável”, conclui.
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