A internet
brasileira tem uma das conexões mais lentas do mundo. E isso não
é força de expressão. Trata-se de dado comprovado pelo site que é líder global
em testes de desempenho da rede, o Ookla.
O
medidor digital aponta que a velocidade de conexão
fixa do Brasil está em 78° no ranking mundial.Para você ter ideia, a web brasileira é mais lenta que a
de países como o Cazaquistão (51°), o Vietnã (57°) e o Sri Lanka (73°).
Antes
que você se pergunte o que essa falta de velocidade tem a ver com a saúde das
pessoas, eu facilito: mais do que apenas um fator de irritação para os
usuários, a morosidade na conexão à internet é um problema real para a
implantação de políticas e inovações médicas no interior de países continentais
como o nosso.
A
prova vem de um estudo recém-divulgado pelo Daily
Yonder, site de notícias mantido pela ONG Center for Rural Strategies. A publicação mostra que a dificuldade de conexão no
interior dos Estados Unidos — outra nação de grandes dimensões — atrapalha
os atendimentos feitos por telemedicina, ou seja,
as consultas realizadas a distância e via internet.
Agora,
se a situação é crítica por lá, um dos países mais avançados tecnologicamente
do mundo e com a 11° melhor conexão do planeta, imagine por aqui. Por trabalhar
justamente com essa área no Brasil, acredito que posso passar algumas
percepções de como essa dificuldade se já se manifesta por aqui.
É
importante saber que a maioria das conexões feitas no Brasil é viabilizada por
uma única empresa de telecomunicações, a Oi. Portanto, caso haja qualquer
problema de conexão em relação a essa operadora ou outras empresas que também
utilizem parte da banda deles, cidades ou regiões inteiras podem ficar sem
contato digital.
Além
disso, existem problemas regionais (e surreais!) que precisam ser
ultrapassados. Em cidades do Acre, por exemplo, o corte de cabos de internet,
telefone e luz são atitudes comuns em regiões controladas por índios.
O
problema é que isso gera distúrbios no atendimento via internet, proporcionando
atrasos e dificuldades na comunicação em clínicas e hospitais da região. É
preciso mais do que criatividade e resiliência para conseguir prover
assistência a áreas tão distantes.
E é
fundamental manter o acompanhamento médico nessas circunstâncias, senão as
pessoas que começam a se consultar a distância ficam sem receber o devido
atendimento simplesmente porque a “internet está lenta”. Isso não pode ser uma
opção.
A
internet é um bem que precisa estar a serviço da saúde da população. Atualizar
e ampliar o fornecimento de serviços digitais e inovadores no Brasil é um meio
de gerar mais bem-estar às pessoas e também de cuidar do nosso futuro.
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Renan Perantoni é administrador e
sócio-fundador da startup ONE Laudos, empresa especializada no fornecimento e na
avaliação de laudos médicos via internet.
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