Dados da Previdência Social mostram que o número de novos
requerimentos cresceu sobretudo nos primeiros meses do ano.
As idas e
vindas nas tentativas do governo de aprovar a reforma da Previdência em 2017
não ditaram as discussões só em Brasília. Os pedidos de entrada de
aposentadoria aumentavam ou diminuíam ao longo do ano, conforme a chance de o
texto passar no Congresso mudava. Dados da Previdência Social mostram que o número
de novos requerimentos cresceu sobretudo nos primeiros meses do ano, quando o
governo Temer ainda dava como certa a aprovação do texto até o começo do
segundo semestre. No acumulado do ano até outubro, foram 7,9 milhões de pedidos
de benefício, aumento de quase 10% em relação a igual período do ano passado.
Em outubro, a alta foi de 20% na comparação com igual mês de 2016. Em maio, com
o governo encurralado após a divulgação da gravação entre o presidente Michel
Temer e o empresário Joesley Batista, da JBS, o número de pedidos teve duas
quedas seguidas, um aumento sazonal em agosto e voltou a subir quando a reforma
ganhou novo fôlego, em setembro.
O
economista da PUC-Rio José Márcio Camargo diz que é razoável que o cidadão se
sinta impelido a tentar garantir a aposentadoria. "O que não faz nada bem
ao País é adiar ainda mais a discussão de reforma." A recepcionista gaúcha
Erica Rocha apressou a entrada na aposentadoria no começo do ano. "Já
tinha direito de me aposentar, mas no ano passado, ouvi que mesmo quem podia
dar entrada teria de trabalhar alguns meses a mais. Achei melhor não arriscar e
fiz o pedido." Para o economista da Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas (Fipe) Paulo Tafner, a movimentação do primeiro semestre sugere que
houve certa urgência para entrar com os pedidos. "A oscilação pode
refletir os ânimos da reforma e o comportamento da série aponta uma minicorrida
que foi contida pelo episódio da JBS. Talvez em fevereiro, quando o governo
fará uma nova tentativa de aprovação, ocorra um novo movimento."
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