FONTE: Fernando Cymbaluk, Do UOL, em São Paulo, http://noticias.uol.com.br
Diferentemente do que
as pessoas sempre pensaram, os cupins não formam um grupo específico dentre os
insetos. Eles são, na realidade, baratas que vivem em colônias. Essa é a
conclusão a que cientistas chegaram após anos de discussão sobre as semelhanças
entre os dois tipos de insetos.
Em fevereiro deste ano,
a Sociedade Americana de Entomologia atualizou sua
lista de nome de insetos, classificando os cupins não como
uma ordem própria, mas como parte da ordem das baratas.
"Esta ideia de que
cupins são baratas sociais é antiga, mas agora foi comprovada por estudos
moleculares", explica Ana Maria Costa Leonardo, bióloga do Instituto de
Biociências da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Rio Claro.
Segundo a especialista,
"existe um ancestral comum que originou cupins e baratas, sendo cupins um
grupo monofilético [que possui apenas descendentes desse ancestral
comum]".
Assim, os cupins são
classificados na infraordem Isoptera dentro da ordem Blattodea. Antes da
mudança, Isoptera era considerada uma ordem.
Baratas
que comem madeira.
As discussões entre
especialistas sobre as semelhanças entre cupins e baratas são antigas,
remontando à década de 1930. Desde essa época, os cientistas indicam que
algumas baratas possuem no intestino micróbios que digerem madeira, como os
cupins.
É o caso das baratas do
gênero Cryptocercus. Seus filhotes alimentam-se das secreções dos pais,
adquirindo assim os micróbios intestinais que precisarão para digerir os
troncos de árvores onde vivem. Apesar de antigo, o debate ainda causava
polêmica, com alguns defensores de que os cupins formavam uma ordem específica.
O que sempre foi ponto
pacífico é o agrupamento de baratas, cupins e louva-deus em um grupo chamado
Dictyoptera.
Em 2007, um estudo
intitulado "A Morte de uma Ordem", de Paul
Eggleton, biólogo do Museu de História Natural de Londres, utilizou testes de
DNA para mostrar de forma robusta que os cupins haviam evoluído como um ramo
específico da árvore genealógica das baratas. A partir da publicação desse
estudo, os cupins passaram a ser considerados pela comunidade científica como
uma infraordem dentro da ordem Blattodea.
O resumo da ópera: na
evolução das espécies, baratas, cupins e louva-deus possuíram um ancestral
comum. Além disso, baratas e cupins vêm de uma linhagem que possui um mesmo
ancestral. Existem mais de 6 mil espécies de baratas e 2.800 espécies de
cupins. Todos descendentes do mesmo ancestral. As baratas do gênero
Cryptocercus são as mais próximas dos cupins.
"Mas os cupins
continuam sendo cupins, pois também tem características suficientemente
diferentes dos outros grupos de baratas", diz um artigo
dos pesquisadores da Wikitermes, um repositório
brasileiro de informações sobre cupins que reúne estudiosos do inseto de
diversas universidades do país e do exterior.
Baratas
com vida social intensa.
Várias baratas possuem
alguma forma de vida social. As baratas do gênero Cryptocercus, além de comerem
madeira como os cupins, vivem em pares monogâmicos. Os cupins vão ao extremo da
vida social.
Eles são eussociais,
nome dado ao grau mais complexo de organização social. Nos ninhos de cupins,
apenas alguns indivíduos tornam-se responsáveis por toda procriação, havendo
assim sobreposição de gerações.
Todos os indivíduos
cooperam para cuidarem da prole, havendo para isso divisão de tarefas. Algumas
colônias de cupins podem ter até 3 milhões de indivíduos, com apenas um rei e
uma rainha.
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