Você já deve ter ouvido
algumas pessoas dizerem, sobre alguém que muda de humor muito rapidamente, algo
como “Fulana é bipolar”. Talvez você mesma já tenha falado algo assim.
Provavelmente não foi por mal, mas olha só: não é legal falar isso, porque o
transtorno bipolar é uma doença que precisa de tratamento para que a pessoa
tenha qualidade de vida. E saúde mental é um assunto bem sério, não deve ser
tratado como brincadeira.
Aproveitando o Dia
Mundial do Transtorno Bipolar, lembrado anualmente no dia 30 de março por ser o
aniversário do pintor holandês Vincent van Gogh (que viveu de 1853 a 1890 e era
portador da doença), venha com a gente entender melhor essa condição. O
psiquiatra Mario Louzã (doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg –
Alemanha – e membro filiado do Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira
de Psicanálise de São Paulo) e o psicólogo Virgínio Pereira Neto (da Clínica
Maia) explicaram tudo sobre o transtorno bipolar para o MdeMulher.
Talvez tenha alguém próximo de você precisando de ajuda para ser diagnosticado
e encaminhado para um tratamento.
Transtorno bipolar não
é uma doença rara
De acordo com a ABTB
(Associação Brasileira de Transtorno Bipolar), 4% da população brasileira sofre
de transtorno bipolar – isso equivale a cerca de 8 milhões de pessoas. Cerca de
60% dos casos têm sua primeira manifestação antes dos 20 anos de idade, mas é
um pouquinho mais tarde, por volta dos 24, que os diagnósticos costumam ser
fechados.
Quais são os sintomas
do transtorno bipolar?
O principal é a
ocorrência de episódios de humor em que pensamento, emoções e comportamento se
alteram visivelmente por um período considerável, afetando o dia a dia e as
tarefas de casa e do trabalho. São estados de mania, de hipomania e
depressivos.
– Mania:
humor excessivamente feliz, exaltado ou irritado, confiança excessiva,
sentimento de importância aumentado (a popular “mania de grandeza”), poucas
horas de sono, falar demais e demais sem conseguir se expressar direito, falta
de concentração, agitação, muitas atividades ao mesmo tempo, comportamento sexual
excessivo e falta de noção de consequência (comprar mais do que pode, por
exemplo);
– Hipomania:
são sintomas semelhantes aos de mania, porém mais leves;
– Depressivos:
por pelo menos duas semanas a pessoa apresenta tristeza profunda, perda de
interessa ou prazer por todas as coisas, falta de energia, pensamentos
negativos, ritmo mais lento, incapacidade de se acalmar, alterações
significativas de apetite e peso, alterações no padrão de sono (para mais ou
para menos), sentir-se inútil ou culpado, incapacidade de tomar decisões,
pensamentos suicidas.
É muito importante
ficar de olho nesta última fase: o transtorno bipolar é a doença mental que
mais causa morte por suicídio – 15% dos pacientes tiram a própria vida.
Quais são os tipos de
transtorno bipolar?
São o tipo I, em que
prevalecem os episódios de mania e depressão, e o tipo II, em que se destacam
os quadros de hipomania e depressão. Cada situação dura algumas semanas.
Quando os sintomas do
transtorno bipolar são notados?
O mais comum é que eles
se manifestem entre os 15 e os 20 anos e tenham um diagnóstico fechado por
volta dos 24. Há também casos de início tardio, após os 50 anos.
O transtorno bipolar
atinge mais homens ou mulheres?
O tipo I atinge ambos
os sexos de maneira equilibrada, mas o tipo II é mais prevalente entre as
mulheres. Isso é observado na experiência clínica dos especialistas e não tem
explicação científica ainda.
Outras doenças podem
ser associadas ao transtorno bipolar?
Sim. Por causa dos
excessos e a falta de constância em padrões de sono e de alimentação, o
transtorno bipolar pode desencadear problemas cardiovasculares, alterações de
colesterol e de triglicérides e diabetes tipo 2.
Quais são as causas do
transtorno bipolar?
Não há um padrão. A
doença pode vir de predisposição genética + fatores ambientais (ou seja, apenas
a predisposição genética não é determinante – há casos de gêmeos univitelinos
em que um é portador da doença e o outro, não), estresse constante, traumas
(abuso sexual, luto, separação, ruptura), uso de drogas e álcool. Há estudos
que indicam a existência de disfunções neurológicas complexas que causam
alterações nos receptores e nos pós-receptores de neurotransmissores.
Como é o tratamento do
transtorno bipolar?
Depende da fase da
doença.
Os quadros de mania e
hipomania são tratados com estabilizadores de humor (por exemplo: o lítio, que
evita ou reduz as chances de um episódio agudo) e antipsicóticos.
Já os quadros
depressivos podem ser tratados com medicamentos antidepressivos, antipsicóticos
e/ou anticonvulsionantes.
TODOS os medicamentos
precisam ser receitados por um médico psiquiatra que acompanhe o caso do
paciente.
Também é necessário o
acompanhamento contínuo com um psicólogo e, se possível, passar no
nutricionista uma vez a cada três meses.
O transtorno bipolar
tem cura?
Infelizmente, ainda não
é conhecida uma cura para o transtorno bipolar.
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