Um estudo que contou com mais de 49 mil crianças e adolescentes, nos EUA,
mostra que menos da metade delas dorme o suficiente durante a semana. O
trabalho também conclui o que vários outros pesquisadores já perceberam: quem
dorme mais tem melhor desempenho na escola, além de menos problemas de
comportamento.
A falta de sono crônica é algo cada vez mais frequente – com iluminação
pública, internet móvel e mais opções de entretenimento, ninguém quer ou
consegue ir para a cama cedo. Entre as consequências para a saúde física e
mental estão o cansaço, a desatenção e o risco aumentado para uma série de
doenças, como diabetes e obesidade. Quanto mais cedo a privação começa, maior
pode ser o impacto, por isso especialistas têm insistido na mudança de hábitos
dos mais novos.
Médicos da Academia Americana de Pediatria decidiram investigar como o desempenho
de crianças e adolescentes podem variar de acordo com o sono e, para isso,
utilizaram uma pesquisa nacional de saúde com anos de acompanhamento. Eles
descobriram que apenas 47,6% dos jovens de 6 a 17 têm dormido 9 horas por
noite, o mínimo recomendado, e então compararam o desenvolvimento desses
garotos e garotas com o daqueles que não descansam o suficiente.
As diferenças entre os dois grupos foram significativas. Aqueles que
dormem mais apresentaram uma probabilidade 44% maior de demonstrar curiosidade
e interesse em aprender coisas novas; 33% maior chance de fazer toda a lição de
casa diariamente; 28% maior preocupação em se sair bem na escola; e uma
tendência 14% maior a terminar todas tarefas iniciadas.
Diversos estudos já mostraram que dormir bem se reflete em melhores
notas, mas o trabalho atual é interessante porque revela a origem desse bom
desempenho. Claro que para ir bem na escola é preciso prestar atenção nas aulas
e fazer a lição de casa, mas, para querer fazer isso, é preciso ter vontade de
aprender e de ser bem-sucedido. E tudo indica que o cansaço tem impacto direto
no nível de motivação das pessoas.
O trabalho ainda identificou algumas condições que podem interferir na
quantidade de sono de crianças e adolescentes. Pais com menores níveis de
educação e renda, traumas de infância e problemas de saúde mental foram alguns
fatores de risco encontrados. Outro foi o tempo gasto pelos jovens em mídias
digitais – diferente dos outros, esse fator é modificável. Mas é preciso estar
descansado para vencer as tentações oferecidas pelas telas.
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