Resumo da
notícia
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As
derrotas são importantes porque nos trazem novas visões e muito aprendizado
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Apropriar-se
de um fracasso trazendo isso para o lado pessoal faz sofrer mais
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Há
pessoas que criam expectativas além de seu limite e a derrota acaba sendo
previsível
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É fundamental saber
perder, embora não seja nada fácil lidar com derrotas e fracassos. E ao longo
da vida são muitos os tropeços para desafiar a nossa capacidade de superação,
desenvolver resiliência e nos fazer aprender. Mas para tirar algum proveito
disso é importante analisar essas perdas, pode até doer um pouco, no entanto,
essa reflexão pós-derrota é imprescindível para o nosso crescimento.
"As derrotas são
importantes porque nos trazem novas visões e, mesmo uma repercussão mais
negativa e que gera desconforto, tende a ser um enorme aprendizado", diz
Fernanda Faggiani, doutora em psicologia e professora da Escola de Ciências de
Saúde da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).
Não
se culpe tanto.
Existe uma tendência
natural em se culpar diante de um fracasso e questionamentos como 'por que deu
errado?' ou 'por que só acontece comigo?' costumam ficar martelando os
pensamentos. No entanto, Faggiani diz que potencializar a emoção de tristeza ou
frustração não contribui para o nosso crescimento. "É difícil desconectar
a emoção com a situação de derrota, mas vale muito mais refletir como poderia
ter sido feito diferente", ensina.
Para a psicóloga Maria
de Jesus Dutra dos Reis, professora do departamento de psicologia da UFSCar
(Universidade Federal de São Carlos), conquistas e derrotas são uma sofisticada
interação entre situações potenciais e como se planeja o melhor de tudo isso.
"As perdas são um produto do que quero e das minhas expectativas,
portanto, não conseguir algo deve ser visto como a possibilidade de ajuste para
que dê certo em uma próxima vez", fala Reis.
Apropriar-se de um
fracasso trazendo isso para o lado pessoal, apostando na autocrítica e no
autoflagelo apenas faz sofrer mais. Por isso, é saudável lidar com derrotas de
forma que traga fortalecimento, ou seja, a emoção pode ser intensa só não deve
paralisar. "O sentimento não pode ficar patológico, limitando e
prolongando o sofrimento. Neste caso, uma escuta qualificada pode ser essencial
para dar a volta por cima", alerta Faggiani.
Elimine
esse peso.
As derrotas surgem para
aprendermos a lição, se fortalecer, superar. E para que haja resiliência é
importante sempre analisar a situação da perspectiva que aconteceu.
"Quanto mais quero alcançar algo que está longe de meu repertório, menos
condições e mais desafios vou ter", lembra Reis.
E é necessário
estabelecer metas possíveis de serem cumpridas. De acordo com Reis, algumas
pessoas criam expectativas que vão além de seu limite e a derrota acaba sendo
previsível. Neste caso, é importante rever esses desejos e os caminhos
escolhidos para conquistá-los. E até mesmo nas situações mais desafiadoras é
importante planejar bem e dar passos pequenos.
"Também é
importante ter claro que conseguindo ou não, isso não tem a ver com traço de
personalidade: capacidade, criatividade ou inteligência, mas a maneira
escolhida para aproveitar as oportunidades resgatando o que se tem de melhor em
nós e ao redor", salienta a docente da UFSCar.
Portanto, eliminar o
peso de algumas perdas já ajuda a se manter na caminhada. Ser um ganhador ou um
perdedor depende do que planeja conseguir e se realmente são alcançáveis. Por
isso, após um fracasso é fundamental avaliar o todo e apostar em ajustes
necessários para conseguir numa próxima vez.
O
perfil de cada um.
A resposta aos
fracassos também depende muito das crenças de cada um. Segundo o psicólogo
Alysson O. Pacheco, mestrando em psicologia na UFSM (Universidade Federal de
Santa Maria), no Rio Grande do Sul, as crenças podem ser fixas ou de
crescimento. "Há pessoas que têm uma perspectiva mais rígida em termos de
crenças, o chamado mindset fixo, e tendem a adotar uma postura mais
determinista classificando ou rotulando", informa.
Este tipo de perfil,
segundo Pacheco, pode enxergar o fracasso como uma limitação. E ao se deparar
novamente com uma situação semelhante vem o temor de que se repita. Por isso,
alguns optam pela fuga, evitando o problema, e outros partem para o
enfrentamento devido à necessidade de provar sua capacidade. "Isso pode
causar estagnação, pois a pessoa internaliza um rótulo e está sempre colocando
em xeque o seu status podendo até minar sua autoconfiança".
Já quem tem um perfil
(mindset) de crescimento não percebe os fracassos como fracassos. "Tendem
a compreender as situações de 'derrota' como parte do processo de evolução e
aprendizado", explica Pacheco. Portanto, para este perfil, o fracasso se transforma
em desafio, em oportunidade, sem que isso implique em ausência de dor. Boa
parte das grandes referências em diversas modalidades esportivas têm histórias
de fracassos que foram marcantes, mas que se transformaram em oportunidade de
aprendizado e crescimento.
Nos dois exemplos, dor
e sofrimento estarão presentes. Afinal, não é possível encarar uma derrota sem
sentir o peso que ela traz. A diferença se dá na maneira como cada um lidará
com o sofrimento. Quem tem crenças fixas enxerga o fracasso de forma mais
pessoal, por isso autoestima e autoconfiança são mais afetadas. Já quem tem
perfil de crescimento não costuma internalizar essa dor, mas continua
trabalhando para evoluir e se preparar para os próximos desafios.
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