Ter um vínculo amoroso forte com a mãe pode diminuir a probabilidade de
um adolescente entrar num relacionamento abusivo, sugere um estudo realizado
pela Universidade de Buffalo, nos EUA. E mais: o carinho e a aceitação materna
podem ter um efeito protetor mesmo quando essa mãe enfrenta problemas no
casamento.
Diversas pesquisas já mostraram que jovens expostos a conflitos conjugais
cedo na vida apresentam uma tendência maior a sofrer abuso em relacionamentos
românticos mais tarde. Por isso, os pesquisadores da universidade decidiram
estudar medidas capazes de amortecer o impacto negativo desse tipo de situação,
que nem sempre pais e mães conseguem evitar por uma série de razões.
A equipe entrevistou mais de 140 adolescentes que cresceram em famílias
de alcoólatras, em que conflitos conjugais eram uma realidade frequente em
casa. Nem todos os jovens acabaram envolvidos em situações de abuso mais tarde,
em relacionamentos românticos. O principal fator de proteção identificado pelos
pesquisadores foi o vínculo de qualidade com a mãe.
De acordo com os autores, o efeito “amortecedor” provavelmente se deve ao
fato de que o amor materno fortalece a auto-estima do jovem. A conclusão foi
publicada no Journal of Interpersonal Violence. Mas é bom mencionar
uma coisa: na maioria das famílias avaliadas, o pai é quem tinha problemas com
o álcool.
Apego seguro.
O relacionamento de uma criança com os pais ou cuidadores é algo que pode
ter forte impacto na maneira como um indivíduo se vê e também como interpreta
os outros. Quando o cuidador principal é abusivo ou o vínculo é inconsistente,
a pessoa pode concluir que não merece afeto, ou então tende achar que os outros
não são confiáveis. Isso, é claro pode ter reflexo lá na frente, quando essa
pessoa tiver um parceiro íntimo.
Ser aceito, respeitado e amado pela mãe, por outro lado, ajuda a criança
a desenvolver a noção de que é digna de amor e respeito. Mais tarde, num
relacionamento romântico, essa pessoa vai ser mais propensa a se afastar de
alguém que a trata com desdém ou agressividade. E eu vou além: um jovem com boa
auto-estima é mais propenso a se proteger no sexo e a evitar outros
comportamentos de risco, como uso de drogas.
Estudos indicam que mais de 30% dos adolescentes são vítimas de algum
tipo de abuso cometido por parceiros – físico, emocional ou até sexual. É muita
gente. Para evitar que isso aconteça, é fundamental que pais e cuidadores
invistam na resolução de conflitos e na boa comunicação com os filhos, mesmo
que para isso seja preciso buscar ajuda externa.
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