Se jogar num pote de
sorvete depois de levar um fora virou uma cena comum em filmes de Hollywood, e
existe até uma palavra em alemão – “kummerspeck” (ou “bacon da tristeza”) para
se referir ao que a gente chama de “comer emocional”. Mas um estudo
norte-americano garante que nem todo mundo tende a engordar depois de uma
separação.
Especialistas em
comportamento humano e evolução têm defendido que a estratégia de abusar da
comida quando se perde um parceiro faz sentido quando se considera o ambiente
dos nossos ancestrais. Por milhares de anos, era preciso caçar, pescar e
coletar comida para matar a fome. Isso significa que era mais fácil viver em
grupo. Se uma mulher era abandonada pelo parceiro ou vice-versa, tudo ficava
mais difícil. Com esse cenário em mente, faz sentido imaginar que rompimentos
podem ter estimular o ganho de peso, como uma espécie de mecanismo de defesa
para enfrentar a escassez.
Pesquisadores da
Universidade Penn State decidiram testar se a premissa é verdadeira com dois
diferentes experimentos. No primeiro, recrutaram 581 pessoas que haviam
enfrentado um rompimento amoroso recente. A maioria dos participantes (62,7%)
não havia perdido ou ganhado peso significativamente no ano seguinte à
separação.
No segundo estudo, 261
novos voluntários foram recrutados para responder a questionários mais
detalhados sobre hábitos alimentares, comer emocional, como havia sido o
rompimento e os sentimentos em relação ao relacionamento antigo. Novamente, a
maioria (65%) não experimentou nenhuma mudança significativa de peso após o
término da relação.
Apenas mulheres que já
tinham uma tendência ao comer emocional foram, sim, mais propensas a engordar
após o fim do relacionamento, segundo os autores do estudo.
Os resultados,
publicados no Journal of the Evolutionary Studies Consortium,
contrariam a noção geral de que todo mundo tende a engordar por causa de uma
separação – uma boa notícia para quem acabou de terminar um namoro e está
preocupado com a balança. Mas também mostram que indivíduos com tendência a
abusar da comida como forma de lidar com o sofrimento precisam de suporte
adicional nessa situação.
Alguns estudos
anteriores já indicaram que solteiros podem ter hábitos menos saudáveis do que
casados, pelo simples fato de que, quando estão sozinhas, as pessoas podem ter
menos autocontrole. Quem bebe muito ou sofre de compulsão alimentar, portanto,
deve buscar o apoio de amigos, familiares ou até grupos de autoajuda em
situações de crise.
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