No Brasil, segundo o
Ministério da Saúde, cerca de 2% das mulheres usam como método contraceptivo os
chamados Larc, anticoncepcionais reversíveis de longa duração. Esses métodos
incluem os DIUs, tanto de cobre como os implantes de etogenestrel ou de
levonorgestrel. Os Larc são considerados métodos muito mais seguros e com menos
efeitos colaterais.
O levonorgestrel, mais
conhecido no Brasil pelo nome comercial Mirena, por exemplo, tem uma eficácia
que pode ser muito superior que a laqueadura. É o que diz a médica assistente do
Hospital das Clínicas da FMRP-USP (Faculdade de Medicina em Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo) e professora na Faculdade de Medicina da USP em
Bauru, Mariane Nunes de Nadai, que acredita na tendência de aumento no número
de usuárias desse tipo de contraceptivo.
Um dos fatores
limitantes para a escolha desses sistemas intrauterinos como método
contraceptivo é o medo da dor no momento da inserção. "Uma das barreiras
[no aumento de usuárias] é a dor. Se a gente diminuir ou retirar essa barreira,
teremos um acesso muito maior a esses métodos e essas pacientes vão ter inúmero
benefícios", afirma, em entrevista à Rádio USP (para ouvir na íntegra, clique aqui).
Por isso, Nadai
resolveu avaliar em uma pesquisa se a aplicação de uma anestesia com lidocaína
no colo do útero poderia ser efetiva para reduzir a dor em mulheres que nunca
engravidaram. "Nossos achados mostraram uma redução importante da dor
moderada ou severa, ou seja, aquela dor que realmente incomoda, no momento
tanto da inserção tanto dos aparelhos utilizados para colocar o DIU quanto da
inserção do DIU em si", diz a médica.
A pesquisadora afirma
ainda que existem muitas pesquisas publicadas sobre dor na inserção dos
dispositivos intrauterinos, mas essa foi a primeira pesquisa com mulheres que
nunca engravidaram. Para a médica, essa pode ser uma alternativa a mais na
redução da dor para a paciente que nunca engravidou, com comprovação de
eficácia, e deve ser sugerido antes da inserção do dispositivo. Ela lembra que,
para contraceptivos, não existe uma receita mágica, e a prescrição deve ser
individualizada, o que é melhor para cada paciente.
A pesquisa foi publicada na
American Journal of Obstetrics and Gynecology, e considerado um dos quatro
melhores trabalhos apresentados no Congresso Americano de Ginecologia e
Obstetrícia realizado em Los Angeles, Estados Unidos, este ano, durante a
Reunião Anual da Sociedade de Planejamento Familiar.
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