A Organização Mundial
de Saúde (OMS) recomenda que o consumo de sal não ultrapasse 5 gramas
por dia — ou 2 gramas de sódio, mineral que compõe o sal. Só que o
brasileiro ingere quase o dobro disso: em média 9,34 gramas, como aponta um
novo levantamento feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O trabalho levou em conta amostras de sangue e urina
de cerca de 9 mil adultos, colhidos como parte da Pesquisa
Nacional de Saúde (PNS) entre 2013 e 2014. É a primeira vez que uma análise com
material biológico de um número tão significativo de pessoas foi conduzida no
Brasil.
Os dados sugerem que
três quartos da população engolem mais de 8 gramas de sal por dia. Quem mais
exagera são os homens e os jovens. Só 2,39% dos voluntários apresentaram níveis
inferiores aos 5 gramas diários preconizados pela OMS — geralmente mulheres e
indivíduos mais velhos.
Além da investigação de
biomarcadores, a PNS aplicou um questionário nos voluntários. E menos de 15%
classificaram o próprio consumo como alto. Ou seja, estamos abusando desse
ingrediente, tanto em receitas como em produtos industrializados, sem nem saber
disso.
Hipertensão,
um problema de saúde pública.
“A diminuição no
consumo de sal é considerada hoje uma das intervenções de melhor
custo-efetividade contra as doenças crônicas não transmissíveis no país,
sobretudo pela possibilidade de diminuir a pressão arterial da população”,
declarou em comunicado Célia Landmann Szwarcwald, coordenadora técnica da
pesquisa.
Disparidades
sociais.
O artigo da Fiocruz
notou ainda que indivíduos com alto grau de escolaridade tendiam a abusar menos
do sal. Pessoas brancas e com maior renda e nível educacional também comeram
mais frutas, legumes e verduras.
Paradoxalmente, elas
ingeriram mais doces e trocaram mais refeições por sanduíches, salgados ou
pizzas.
Doenças
renais em alta, segundo a pesquisa.
Por meio da dosagem da
creatinina e da taxa de filtração glomerular, o mesmo trabalho identificou
quatro vezes mais casos de disfunções nos rins do que as pesquisas anteriores.
Os autores sugerem a existência
de um subdiagnóstico da doença renal crônica.
Detalhe: esse problema pode ser tanto consequência como causa da hipertensão.
Mais uma razão para maneirar no sódio.
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