O diabetes
e a doença renal agora contam com marcadores bioquímicos brasileiros, ou seja,
parâmetros nacionais para valores de referência laboratoriais. Isso vai ser
possível porque, pela primeira vez, a PNS (Pesquisa Nacional de Saúde) incluiu
a coleta de amostras biológicas realizadas em quase 9 mil domicílios. Com isso,
os novos exames poderão ser feitos seguindo um padrão de avaliação nacional,
uma vez que os marcadores bioquímicos, que são utilizados para a conclusão
desses testes, têm como base o material coletado em brasileiros. Até agora, os
exames dessas doenças seguiam padrões internacionais.
As avaliações dos
resultados dos exames laboratoriais da PNS foram publicadas no suplemento
temático da Revista Brasileira de Epidemiologia, que mostra estudos inéditos
sobre o diabetes na população adulta brasileira.
A PNS é uma parceria
entre o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a Fiocruz, o
Ministério da Saúde, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Hospital
Sírio-Libanês.
Diferença.
Até agora, nunca tinha
sido feita uma PNS que buscasse resultados laboratoriais de hemoglobina glicada
e resultados referidos de diagnóstico de diabetes, o que é fundamental para
analisar a prevalência da doença e avançar nos tratamentos. Conforme o estudo,
o diabetes foi identificado em 6,6% dos adultos, enquanto em 76,5% não foi
encontrada qualquer alteração. Os pesquisadores ponderam, no entanto, que incluindo
as pessoas que referiram ter diagnóstico de diabetes e/ou fazem uso de
medicamentos, a prevalência do diabetes é de 8,4%. Isso ocorre porque esta
proporção considera também as pessoas que estão com a doença controlada. Já na
população obesa, a prevalência do diabetes é bem mais alta (17%).
"A gente pode
comparar essas prevalências de doenças com os fatores de risco e também
encontramos valores de referência nacionais para a população brasileira
especificamente, que se torna muito importante não só no diagnóstico, mas
também no tratamento", contou a coordenadora da PNS 2013 e integrante do
Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict) da Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), Célia Landmann Szwarcwald, em entrevista à Agência Brasil.
Função
renal.
Outra novidade na PNS é
o primeiro estudo nacional de avaliação de função renal por meio de critérios
laboratoriais na população adulta brasileira. A partir das amostras foram
realizados exames de dosagem de creatinina sérica e foi estimada a taxa de
filtração glomerular (TFG), seguindo variáveis sociodemográficas. Esses dois
exames são os índices usados para detectar doenças renais.
Na comparação com
pesquisas realizadas anteriormente no país, o resultado surpreendeu. As
estimativas foram até quatro vezes maiores, porque os estudos feitos antes, em
geral, eram autorreferidos, o que significa que se baseavam em relatos dos
próprios doentes. "A PNS com base em dados autorreferidos encontrou
prevalência de 1,7%. Agora com os dados laboratoriais nós achamos a prevalência
de 6,7%, quatro vezes mais elevada, mostrando que temos muito a avançar em
termos de diagnóstico da população", disse a professora associada à
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e doutora em Saúde Pública Deborah
Malta, acrescentando que a próxima pesquisa vai analisar o risco
cardiovascular.
Para Célia Landmann
Szwarcwald, os resultados dos exames laboratoriais sugerem que há um
subdiagnóstico da doença renal no país.
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