quinta-feira, 25 de junho de 2020

BAHIA DEVE TER 84 MIL BEBÊS NASCIDOS DURANTE A PANDEMIA...


FONTE: Thiago Conceição,http://atarde.uol.com.br/

              

A produtora de televisão Tássia Reis, 32 anos, está no sexto mês de gravidez e não esconde o receio em relação ao contágio pelo coronavírus e o risco de transmissão para o bebê, a Maria Flor. Na casa onde mora com o noivo, no bairro da Liberdade, ela organiza a rotina do trabalho em home office, iniciado no dia 16 de março, com os cuidados do pré-natal, que exige o deslocamento periódico aos postos e clínicas de saúde.

Em meio ao cenário de pandemia e medidas restritivas, as secretarias de saúde do estado e da capital reconhecem os desafios de evitar a desassistência para gestantes como Tássia. Até 16 de dezembro, nove meses após o início das medidas de combate à pandemia de Covid-19 no estado, estima-se que 84 mil bebês nascerão na Bahia sob a sombra do coronavírus, segundo levantamento feito por A TARDE com dados da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab).

Ansiedade.
A Covid-19 foi considerada uma pandemia no dia 11 de março, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). De março até o momento, a Sesab contabiliza 42.513 nascimentos no estado, com média mensal de 14 mil.

"Quando a pandemia chegou no estado, tive dias de muita ansiedade. Meu obstetra chegou a passar um calmante. Hoje estou melhor, mas sempre existe o medo de contrair o coronavírus. Sorte que a clínica privada onde faço pré-natal e o centro de saúde municipal do bairro, onde recebo algumas vacinas, ficam pertinho de casa. Aí não me arrisco em percursos longos", conta Tássia.

A Bahia tem 4.022 leitos obstétricos clínicos cirúrgicos. Desses, 2.077 são leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) e 1.945 são leitos não SUS. Em Salvador, são 610 leitos obstétricos clínicos e cirúrgicos. Do total, 451 são leitos SUS e 159 não SUS. Os dados são da Sesab. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) ainda afirma que as 145 unidades básicas de saúde da capital estão habilitadas para atender as grávidas.

Apesar dos números, Davi Nunes, ginecologista e obstetra da área de Saúde da Mulher da Sesab, alerta que manter a correta assistência para as gestantes na pandemia é o principal desafio das ações de saúde no estado.

"Estamos levantando dados para analisar o impacto da pandemia na assistência pré-natal destas mulheres. É importante fortalecer cada vez mais a rede de atendimento, garantir o seguro e eficiente transporte destas mulheres para as unidades de saúde, avaliar como os procedimentos de saúde podem ser feitos de forma que reduza a exposição delas ao risco de contágio da Covid-19", explica Nunes.

Segundo Sandra Renata, ginecologista e obstetra da Saúde da Mulher e da Criança da SMS, a recomendação mínima de atendimentos pré-natal é de sete ocorrências, intercaladas entre médicos e enfermeiros. No caso de gravidez de alto risco, não existe indicação do mínimo, pois a quantidade de consultas vai depender da situação de saúde das gestantes.

"O que sabemos é que as consultas de pré-natal precisam ser feitas, mesmo que algumas sejam pensadas de modo digital. Com relação ao medo da Covid-19, até o momento, não temos relatos de transmissão vertical para o bebê. E uma grávida que termine contraindo o coronavírus pode ficar recuperada até o nascimento do bebê, a menos que o contágio tenha ocorrido perto do momento do parto", explica a obstetra.

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