A produtora de
televisão Tássia Reis, 32 anos, está no sexto mês de gravidez e não esconde o receio
em relação ao contágio pelo coronavírus e o risco de transmissão para o bebê, a
Maria Flor. Na casa onde mora com o noivo, no bairro da Liberdade, ela organiza
a rotina do trabalho em home office, iniciado no dia 16 de março, com os
cuidados do pré-natal, que exige o deslocamento periódico aos postos e clínicas
de saúde.
Em meio ao cenário de
pandemia e medidas restritivas, as secretarias de saúde do estado e da capital
reconhecem os desafios de evitar a desassistência para gestantes como Tássia.
Até 16 de dezembro, nove meses após o início das medidas de combate à pandemia
de Covid-19 no estado, estima-se que 84 mil bebês nascerão na Bahia sob a
sombra do coronavírus, segundo levantamento feito por A TARDE com
dados da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab).
Ansiedade.
A Covid-19 foi
considerada uma pandemia no dia 11 de março, de acordo com a Organização
Mundial da Saúde (OMS). De março até o momento, a Sesab contabiliza 42.513
nascimentos no estado, com média mensal de 14 mil.
"Quando a pandemia
chegou no estado, tive dias de muita ansiedade. Meu obstetra chegou a passar um
calmante. Hoje estou melhor, mas sempre existe o medo de contrair o
coronavírus. Sorte que a clínica privada onde faço pré-natal e o centro de
saúde municipal do bairro, onde recebo algumas vacinas, ficam pertinho de casa.
Aí não me arrisco em percursos longos", conta Tássia.
A Bahia tem 4.022
leitos obstétricos clínicos cirúrgicos. Desses, 2.077 são leitos do Sistema
Único de Saúde (SUS) e 1.945 são leitos não SUS. Em Salvador, são 610 leitos
obstétricos clínicos e cirúrgicos. Do total, 451 são leitos SUS e 159 não SUS.
Os dados são da Sesab. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) ainda afirma que
as 145 unidades básicas de saúde da capital estão habilitadas para atender as
grávidas.
Apesar dos números,
Davi Nunes, ginecologista e obstetra da área de Saúde da Mulher da Sesab,
alerta que manter a correta assistência para as gestantes na pandemia é o
principal desafio das ações de saúde no estado.
"Estamos
levantando dados para analisar o impacto da pandemia na assistência pré-natal
destas mulheres. É importante fortalecer cada vez mais a rede de atendimento,
garantir o seguro e eficiente transporte destas mulheres para as unidades de
saúde, avaliar como os procedimentos de saúde podem ser feitos de forma que
reduza a exposição delas ao risco de contágio da Covid-19", explica Nunes.
Segundo Sandra Renata,
ginecologista e obstetra da Saúde da Mulher e da Criança da SMS, a recomendação
mínima de atendimentos pré-natal é de sete ocorrências, intercaladas entre
médicos e enfermeiros. No caso de gravidez de alto risco, não existe indicação
do mínimo, pois a quantidade de consultas vai depender da situação de saúde das
gestantes.
"O que sabemos é
que as consultas de pré-natal precisam ser feitas, mesmo que algumas sejam
pensadas de modo digital. Com relação ao medo da Covid-19, até o momento, não
temos relatos de transmissão vertical para o bebê. E uma grávida que termine contraindo
o coronavírus pode ficar recuperada até o nascimento do bebê, a menos que o
contágio tenha ocorrido perto do momento do parto", explica a obstetra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário