Fazer muita força para
conseguir evacuar pode provocar um AVC,
mas é raro e a pessoa precisaria ter alguns problemas prévios de saúde, como um
aneurisma com grande possibilidade de se romper, um vaso sanguíneo fragilizado
ou até mesmo um histórico de acidente vascular cerebral.
Somado a esses fatores
de risco, o intestino teria que funcionar muito devagar, fosse por doenças,
como diabetes
e distúrbios na tireoide, que prejudicam músculos do sistema digestivo
responsáveis pela movimentação do que ingerimos e excretamos ao final do
processo, ou por uma alimentação pobre em líquidos, fibras, verduras, legumes e
frutas, gerando fezes duras e ressecadas.
Ao combinar essas
condições a um esforço muito grande para evacuar, comparado ao que se faz ao
levantar ou carregar uma carga muito pesada, poderia então ocorrer um AVC
hemorrágico, que é caracterizado por um sangramento em consequência do
rompimento de alguma das estruturas presentes dentro do cérebro pelo aumento da
pressão arterial e intracraniana e que aqui teria como gatilho a chegada brusca
do sangue vindo do abdome contraído.
A pressão desse sangue
também poderia deslocar algum coágulo com potencial de obstruir artérias e
provocar outro tipo de AVC, o isquêmico, que representa cerca de 80% dos casos
gerais de AVC, mas nesse específico, de evacuação por esforço, seria muito mais
raro.
De volta ao AVC
hemorrágico, por se tratar de uma situação de emergência comparada, em
gravidade, com a de um infarto
e com grande probabilidade de causar sequelas e levar a morte, o paciente
precisaria ser levado às pressas para o hospital.
Pessoas saudáveis, que
nunca sentiram nada de diferente na hora de evacuar, mesmo tendo prisão de
ventre, não devem se preocupar. Ao contrário de quem tem os fatores de risco já
mencionados, ou então é, ao mesmo tempo, obeso, hipertenso, sedentário e
despreocupado em manter um controle rigoroso de glicemia e colesterol e evitar
o consumo de gorduras, cigarros e bebidas alcoólicas.
Entre os sinais de
alerta que podem indicar uma predisposição a ter um AVC hemorrágico estão
sintomas que podem ocorrer de maneira súbita e mesmo durante o acidente, como
dor de cabeça intensa associada com dificuldade para falar e raciocinar,
fraqueza, alteração de sensibilidade, vômitos, perda visual e até mesmo da
consciência e crises convulsivas.
Para quem está se
recuperando de um AVC, ou tem um aneurisma controlado, é possível ter uma vida
normal, desde que faça acompanhamento frequente com o neurologista, adote uma
rotina de hábitos saudáveis e siga algumas recomendações, como evitar fazer
treinos de academia muito intensos e levantar peso em excesso e, em casos de
risco de ruptura, tratar o aneurisma antes de qualquer iniciativa para reverter
a obstipação intestinal.
***
Fontes: Fabio Porto,
neurologista comportamental do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo); Júlio Pereira, neurologista da
BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo e Vanessa Prado, cirurgiã do
aparelho digestivo, médica do Centro de Especialidades do Aparelho Digestivo do
Hospital Nove de Julho, membro da SBCD (Sociedade Brasileira de Cirurgia do
Aparelho Digestivo) e da SBC (Sociedade Brasileira de Coloproctologia).
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