FONTE: , Rafael Garcia, https://extra.globo.com/
Cerca de 29% dos pais deixaram o calendário de vacinação de seus filhos atrasar durante a pandemia, principalmente por medo da Covid-19 em 2020, aponta uma pesquisa do Ibope encomendada pela farmacêutica Pfizer. O levantamento demonstrou, por exemplo, que enquanto o coronavírus era temido por 75% dos responsáveis, a meningite era uma preocupação apenas para 57% deles e a poliomielite, 52%.
Mesmo a gripe, que tem variedades particularmente agressivas em crianças, pontuou baixo na pesquisa, com apenas 9% dos pais se mostrando preocupados. Realizada por meio de mil entrevistas telefônicas com famílias de todo o país em outubro, o levantamento foi divulgado agora para coincidir com o início do ano letivo. A ideia, segundo a Pfizer, é que os números sirvam de alerta para o fato de que os estudantes, com atraso vacinal, podem correr mais riscos com outras doenças que circulem na escola do que com o coronavírus, que não costuma afetar crianças com tanta gravidade.
— Entre os pais, o medo de a criança adoecer por Covid-19 foi maior do que o de elas contraírem doenças muito mais frequentes e muito mais letais, que deixam sequelas mais graves — conta Julia Spinardi, líder medica de vacinas da Pfizer Brasil.
Outra preocupação, segundo a médica, é a pausa nas consultas de rotina das crianças na pandemia:
— Com a pesquisa, além disso, a gente viu que de 40% a 50% das famílias tiveram interrupção nas consultas de rotina com seus filhos no pediatra. Isso é bastante grave, porque outras situações que poderiam ser alertadas pelos médicos vão passar despercebidas — afirma Spinardi.
Dúvidas criadas por fake news causam
estrago.
Entre as famílias que disseram ter atraso no calendário vacinal dos filhos, dois terços afirmaram ter intenção de recuperar o cronograma, e um terço relatou que preferia esperar o fim da pandemia para voltar aos postos. A pesquisa Ibope constatou ainda uma percentagem de 2% dos responsáveis que disseram que simplesmente não vacinam os filhos.
Segundo o infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, esse número provavelmente é fruto de desinformação na internet.
— No Brasil você encontra os pais hesitantes, mais do
que aqueles que se recusam a vacinar. São grupos que ficam inseguros depois de
ouvir conversa na internet, se informam de maneira inadequada com fake news, e
acabam sendo contaminados por essa insegurança. Aqueles recusam mesmo, por
serem contra a vacina, são um grupo muito diminuto no Brasil — explica o
médico.
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