FONTE: Raquel Paulino/iG São Paulo, TRIBUNA DA BAHIA.
Quando o recém-nascido chega em
casa, os pais já estão sabem que terão muitas noites mal dormidas pela frente.
“Até os seis meses de idade, é natural o bebê acordar uma ou mais vezes durante
a madrugada, com fome ou cólicas. Faz parte do desenvolvimento de todo ser
humano”, justifica Gustavo Moreira, pediatra pesquisador do
Instituto do Sono. O que consola os adultos despertados pelo choro infantil é
saber que essa fase deve acabar antes do primeiro aniversário.
Só que há casos em que o tempo
passa e a criança continua não conseguindo uma noite completa de descanso. “À
medida que o bebê cresce, espera-se que seu sono diurno vá diminuindo e os
despertares noturnos também. Se ele não consegue dormir uma noite inteira
depois de um ano de idade, isso causa estranhamento e se torna uma queixa dos
pais, esgotados”, afirma o neurologista Geraldo Rizzo, especialista em medicina
do sono e diretor do laboratório Sonolab.
O cansaço dos pais, segundo Moreira, é o
principal motivo pelo qual as interrupções no sono dos filhos são levadas ao
conhecimento do médico. Mas uma noite agitada nem sempre significa que a
qualidade do descanso dos pequenos terá sido ruim.
No caso do terror noturno, por
exemplo, o sono infantil não é fragmentado. “A criança acorda assustada, por
isso o adulto precisa ter muita calma e esperar que ela volte a dormir. No dia
seguinte, ela dificilmente se lembrará disso”, garante o pediatra. Se o
problema for sonambulismo, o impacto no descanso é menor ainda, e as únicas
preocupações dos pais devem ser não acordar o filho, levá-lo de
volta para a cama e sempre manter portas e janelas trancadas.
Saiba quais são os erros que os pais cometem
na rotina dos filhos que podem realmente atrapalhar o sono do seu filho e o que
fazer em relação a eles.
1 - Falta de
limites.
Toda noite é a mesma cena: na hora de dormir a criança faz birra, pede colo, mamadeira, chora e
grita que não vai para o quarto. Moreira chama esse quadro de “insônia de falta
de limites”, que atinge cerca de 30% das famílias, leva a um início de sono
conturbado e não permite o relaxamento completo ao longo das próximas horas.
Rizzo confirma: “A falta de estabelecimento de limites é um dos mais comuns
distúrbios do sono, especialmente no primogênito”. O que resolve a situação é
pulso firme. “Os pais precisam acostumar os filhos a irem para a cama sem
artifícios se não quiserem que eles associem o sono a todo esse processo
cansativo e prejudicial. Hora de dormir é hora de dormir”, determina Moreira.
2 - Não adotar uma rotina
de desaceleração.
Tentar colocar a criança para dormir logo depois de uma atividade física ou
mental intensa é frustração certa. Com a adrenalina alta, seu sono não virá e
ela levantará em pouco tempo. As duas horas que antecedem a ida para a cama
devem ser de relaxamento – por isso, nada de aulas de esporte depois das 18h ou
de fazer a lição de casa à noite. “Os pais devem adotar uma rotina
relativamente rígida para ensinar os filhos a dormir”, sugere Rizzo.
3 - Não estabelecer o
horário de se recolher.
Crianças têm que ir para a cama entre 19h e 21h. Moreira explica por quê:
“Devido ao ciclo circadiano, que interfere nos estados de alerta e sonolência,
esse é o período da noite em que elas sentem sono. Se perderem a ‘janela’, os
pais precisarão esperar uma próxima brecha, quase na madrugada, para conseguir
fazê-las dormir”. Desde o primeiro ano de vida, determine um horário dentro
desse intervalo para seu filho se recolher e o apresente como parte da rotina,
para que ele aceite com naturalidade.
4 - Luz acesa/TV ligada
no quarto à noite ou computador/tablet/smartphone na cama.
Nesses casos, a distração é um problema, mas não o maior deles. O que realmente
atrapalha o sono das crianças é o fato de a iluminação irradiada inibir a
produção de melatonina, o hormônio responsável pela estimulação do sono. “O
cansaço do corpo vence, mas o descanso é cheio de interrupções”, esclarece
Moreira. Caso seu filho tenha medo de escuro, converse com ele para deixá-lo
mais à vontade com a falta de luz ou procure a ajuda de um psicólogo. E resista
à tentação de manter lâmpadas acesas para ajudá-lo a dormir.
5 - Ambiente mal
preparado para o sono.
Barulho, luz, muito frio ou muito calor são características que não incentivam
o sono. Para que as crianças durmam em paz, Moreira recomenda um ambiente
silencioso, com janelas e cortinas fechadas e temperatura amena.
6 - Barriga cheia pouco
antes de ir dormir.
Ânsia, refluxo e vômito são os principais problemas que podem surgir ao longo
da noite em que seu filho tenha ido dormir logo depois de comer. Resultado:
sono fragmentado e de má qualidade. O ideal é que ele faça a última refeição do
dia pelo menos duas horas antes de ir para a cama. Esqueça a possibilidade de
ele ter pesadelos. “É mito”, assegura Rizzo.
Se com todas essas medidas a qualidade do
sono do seu filho não melhorar, não hesite em procurar um especialista em
medicina do sono e seguir suas indicações para garantir noites tranquilas para
toda a família.
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