FONTE: Silvana Blesa, TRIBUNA DA BAHIA.
Os dados são alarmantes, a doença é
silenciosa e muitas pessoas nem sabem que estão infectadas com o vírus da
hepatite. As hepatites virais são doenças causadas mais comumente pelos vírus
da hepatite tipos A, B, C, D ou E, que provocam inflamação no fígado.
Os especialistas advertem que uma boa nutrição proveniente de uma dieta balanceada pode ajudar a regenerar as células danificadas
do fígado.
A grande maioria dos infectados
com hepatite C pode vir a desenvolver cirrose num período que vai dos 10 aos 30
anos após a infecção. Ainda não está definido que fatores aceleram ou retardam
a velocidade no desenvolvimento
do dano hepático, porém, certamente a alimentação é um fator fundamental e a
dieta certa é um processo importante para o
controle do avanço da doença.
A dieta consiste basicamente em uma alimentação balanceada, livre
de álcool, drogas ou cigarros, baixa em gorduras e com carboidratos suficientes
para prover as calorias necessárias ao organismo. Deve-se ter muita atenção com alimentos que
aumentem a quantidade de ferro, pois pessoas com hepatite C não o processam
totalmente, acumulando-o no fígado e prejudicando ainda mais o órgão.
Alimentos com alto teor de ferro,
como o patê de fígado, cereais fortificados, feijão preto, espinafre e carnes
vermelhas devem ser ingeridos com moderação. O controle da ingestão de
alimentos gordurosos também precisa ser seguido para não provocar depósitos de gordura no fígado e também manter o peso ideal para a cada tipo de altura, seguido de um programa de
exercícios rotineiro.
De acordo com a Organização
Mundial da Saúde, cerca de 1
milhão de mortes por ano são atribuídas às hepatites virais. Os vírus da
Hepatite B (HBV) e Hepatite C (HCV) são as principais causas de câncer de
fígado no mundo, correspondendo a 78% dos casos. Os principais sintomas da
doença são: cansaço, fadiga, dor abdominal, urina escura, fezes esbranquiçadas,
febre, diarreia, náuseas, vômitos, etc.
Complicação.
As hepatites B e C são responsáveis por 80%
dos casos de câncer de fígado e cirrose hepática no mundo. Ambas as doenças são
sorrateiras e correm assintomáticas por décadas nos indivíduos. Quando a pessoa
percebe a infecção, geralmente é tarde demais e o fígado já está consumido pelo
vírus. O recurso, nessa fase, é o transplante de fígado, que embora com boas
chances de sucesso, é um processo extremamente delicado e com risco de vida.
Além disso, muitos pacientes não conseguem esperar por um transplante, indo a
óbito antes aparecer um órgão doado.
Em observação à data oficial de 28 de julho,
para o Dia Mundial da Hepatite, diversos setores ligados à defesa da saúde
estão encaminhando apelos aos líderes mundiais para que sejam feitas ações de
prevenção, diagnóstico e tratamento para as Hepatites B e C.
A Organização Mundial de Saúde, afirmou,
através de Sylvie Briand, diretora do setor de pandemias, que muita
coisa ainda precisa ser feita, em termos de política de saúde, a fim de salvar
as pessoas que sofrem das formas de hepatite, principalmente a B e a C e que
isto reduziria também, drasticamente o custo que os governos tem com
hospitalização, tratamento em fase tardia da doença e transplante de fígado.
O presidente do Fundo Mundial para a epatite
(World Hepatitis Fund), entidade mundial com sede em Nova York, o brasileiro
Humberto Silva, comentou sobre o cenário da doença, no mundo. “É uma verdadeira
catástrofe. Hoje existem meio bilhão de pessoas no planeta que carregam
os vírus. Mas, apenas cerca de 5% delas sabem que estão contaminadas”, falou.
Os vírus das hepatites B e C (os mais
graves) ficam décadas no organismo, sem sintomas. E, de acordo com o CDC
(Center for Diseases Control and Preventiion) do ministério da saúde dos E.U.A.
todos as pessoas nascidas entre 1945 e 1965 tem que fazer o teste da Hepatite C
pelo menos uma vez na vida, pois tem 5 vezes mais chances de estarem
contaminadas, sem saber. No Brasil, o número de contaminados pode ser de 5
milhões de pessoas.
Tratamento.
Segundo o coordenador da Associação Baiana
para Estudos do Fígado, o hepatologista Raymundo Paraná, o tratamento das hepatites
virais crônicas se constitui em grave problema de saúde pública no Brasil, e em
todo o mundo. “A demanda por recursos específicos para a capacitação de equipes
médicas e assistenciais, dos laboratórios centrais através de testes de
biologia molecular, e a formação de estoques de antivirais destinados ao
tratamento das hepatites requer grandes investimentos no setor público”,
explica.
Em trabalho conjunto com a Sesab, o Hospital
das Clínicas vem melhorando a assistência aos portadores de doenças hepáticas,
com destaque para a realização de mutirões de biópsia a cada 30 dias. A ação já
conseguiu reduzir a fila de espera de um ano e meio para apenas, duas semanas.
“Os mutirões de químio embolização para câncer de fígado reduz progressivamente
a lista de espera e mantém os pacientes em condições para o transplante de
fígado”, conta Paraná, acrescentando que o Laboratório de Biologia Molecular
para rastrear resistência viral atende a todo o estado da Bahia e que as
cooperações com o Laboratório Central do Estado (Lacen) descentralizaram e
agilizam as coletas de sangue dos portadores de hepatites B e C.
Domingo (28) pela manhã, uma caminhada que
saiu do Porto em direção ao Farol da Barra, teve o intuito de conscientizar a
população para a importância da prevenção e diagnóstico precoce das hepatites,
além de divulgar orientações para o tratamento. A caminhada contou com a
participação de profissionais da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), e de
grupos de apoio aos portadores de hepatites virais.
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