FONTE: Estadão Conteúdo, CORREIO DA BAHIA.
Os
dados deste ano mostram que os mais pobres conseguiram avançar mais.
Em 20 anos, o
Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios brasileiros (IDHM) avançou
47,8%. De um País dominado por municípios que não conseguiam nem mesmo alcançar
um desenvolvimento médio - mais de 80% eram classificados, em 1991, como muito
baixo - o Brasil hoje chegou a 1/3 considerados altamente desenvolvidos. As
boas notícias, no entanto, poderiam ter sido melhores se o País tivesse
começado a resolver antes o seu maior gargalo, a Educação.
Dos três índices
que compõe o IDHM, é esse que puxa a maior parte dos municípios para baixo.
Apesar de um avanço de 128%, O IDHM de educação continua sendo apenas médio. O
avanço é inegável. O mapa da evolução dos IDHMs mostra que, em 1991, quando o
índice foi publicado pela primeira vez, o Brasil não apenas tinha um perfil
muito ruim, era também extremamente desigual, com as poucas cidades mais
desenvolvidas concentradas totalmente no sul e sudeste.
Os dados deste
ano mostram que os mais pobres conseguiram avançar mais. Estão nas regiões
Norte e Nordeste as cidades que tiveram o maior crescimento do IDH - como
Mateiros (TO), que alcançou 0,607, um IDH médio mas 0,326 pontos maior do que
há 20 anos. É na Educação que as disparidades mostram sua força. Apenas cinco
cidades alcançaram um IDHM acima de 0,800, muito alto, em Educação. Nenhum
Estado chegou lá.
Os melhores,
Distrito Federal e São Paulo, foram classificados como Alto IDHM. Mais de 90%
dos municípios do Nordeste e Norte tem índices baixos ou muito baixos, enquanto
no Sul e Sudeste mais da metade tem números nas faixas média e alta. A
comparação entre Águas de São Pedro (SP), a cidade com melhor IDHM de Educação
do País, e Melgaço (PA), com o pior IDHM, tanto geral quanto em Educação, é um
exemplo dos extremos do País. Em Melgaço, a 290 quilômetros de Belém, chega-se
apenas de helicóptero ou barco, em uma viagem que pode durar 8 horas.
Dos seus 24 mil
habitantes, apenas 12,3% dos adultos têm o ensino fundamental completo. Entre
as crianças de cinco a seis anos, 59% estão na escola, mas apenas 5% dos jovens
de 18 a 20 anos completaram o ensino médio. Águas de São Pedro, a 187
quilômetros da capital paulista, tem 100% das suas crianças na escola, 75% dos
jovens terminaram o ensino médio. Em 1991, mesmo considerando os critérios
educacionais mais rígidos do IDHM atuais, o município já era o 12º melhor do
País. Melgaço, era o 97º pior, o que mostra que ainda melhorou menos do que
poderia.
A Educação é
onde os municípios brasileiros estão mais longe de alcançar o IDH absoluto. Os
números mostram que o País melhorou mais no fluxo escolar - mais crianças estão
na escola e na idade correta - mas mantém um estoque alto de adultos com
escolaridade baixa e, mais grave, parece ainda estar criando jovens sem estudo.
A população de crianças de 5 e 6 anos que frequenta a escola atinge mais de
90%. Entre os jovens de 15 a 17 anos, apenas 57% completaram o ensino
fundamental. Entre 18 e 20, 41% concluíram o ensino médio.
Em 15% das
cidades brasileiras menos de 20% da população terminou o ensino fundamental. “O
que pesa mais é o estoque de pessoas com pouca formação na população adulta. Se
você olhar com atenção, verá que nas pontas, acima dos 15 anos, os indicadores
já não são tão bons quanto nos anos iniciais “, disse Maria Luiza Marques,
coordenadora do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil pela Fundação João
Pinheiro, uma das entidades organizadoras.
O presidente do
Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), Marcelo Néri, considera o
avanço na Educação como uma das boas notícias do IDHM, apesar de ainda estar
devendo para as outras áreas. “É um avanço muito interessante. A educação é a
mãe de todas as políticas, mas é difícil de mudar porque tem uma herança muito
grande para resolver”, afirmou. “A educação é a base de tudo e hoje está no
topo das prioridades. Mudou a cabeça dos brasileiros.”
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