FONTE: Noemi Flores, TRIBUNA DA BAHIA.
Aumenta o número de mulheres jovens que
fazem uso de contraceptivos de longa duração, não só para evitar gravidez como
sangramento menstrual e cólicas indesejáveis. Para o renomado cientista Elsimar Coutinho, autor do livro “Menstruação – A Sangria Inútil” (Editora Gente), que
desenvolveu um anticoncepcional injetável (AMP), há mais de 30 anos com grande
sucesso, o sangramento menstrual não é bom para as
mulheres, pois é o principal responsável por doenças como a endometriose,
câncer, anemia e diversos problemas causados pela Tensão Pré-Menstrual (TPM).
Coutinho que fundou o Centro de Pesquisa e
Assistência em Reprodução Humana (Ceparh), Salvador, em setembro de 1984,
estuda métodos de supressão da menstruação desde a década de 60, no entanto, só
a partir de 1996 suas teses ganharam repercussão, ano em que seu livro foi
lançado nos Estados Unidos e na Europa. Atualmente, além de clinicar em
diversas cidades, o médico dirige o Ceparh, é membro de mais de 20 entidades de
pesquisas médicas no Brasil e no exterior e conselheiro da Organização Mundial
da Saúde.
De acordo com o cientista, o AMP é um
anticoncepcional injetável que teria o mesmo efeito da contracepção cirúrgica.
Trata-se de uma injeção intramuscular aplicada no braço para que a mulher fique
sem menstruar por pelo menos seis meses. “O líquido injetado é um progestínio,
que funciona como se a mulher ficasse grávida sem ter o filho”, explica
Coutinho.
O cientista argumenta que a menstruação é
coisa da modernidade quando foi criado o casamento e as pessoas constituíram
família. “Não existia isto no passado, foi só depois que o homem inventou a
família formada por mulher e um ou dois filhos. As mulheres tinham filhos de
dois em dois anos e enquanto amamentavam não menstruavam. Imagine uma mulher
com dez filhos ficava anos sem menstruar”, afirmou.
O especialista derruba todos os mitos em
torno da menstruação: “Primeiro mito é de que a menstruação é natural. O
segundo é de que ela é boa para a saúde, o que não é verdade. Pelo menos em
metade das mulheres ela provoca doenças como anemia, endometriose neumatoide e
aumenta o risco de câncer. Por último, existe o mito de que a menstruação não
pode ser evitada, mas já estamos acabando com isso. Há também crendices de que
durante a menstruação a mulher não pode lavar a cabeça ou tomar sorvete.
Infelizmente ainda tem gente que acredita, o que é muita ingenuidade”, pontua.
Sobre a idade adequada para as mulheres
fazerem uso desta medicação, o médico disse que até meninas antes de
menstruarem pela primeira vez os pais podem autorizar o uso da injeção. Ele
explica que cada vez mais as meninas estão menstruando cedo demais, sem
maturidade suficiente para enfrentar os dias de sangramento.
O cientista é enfático em afirmar que não há
perigo nenhum para a saúde feminina, como alardeiam médicos contrários à
interrupção da menstruação. E cita um dos fundamentos do juramento de
Hipócrates: “em primeiro lugar não fazer mal...”. Coutinho garante que no
momento que a mulher quiser interromper o tratamento para conceber pode
engravidar normalmente. “Basta parar de tomar a medicação para ovular e
engravidar sem nenhum problema”.
Em relação à contraindicação, segundo o
médico, só há uma para a supressão da menstruação: a existência de uma doença
hereditária chamada hemocromatose (excesso de sangue). “Neste caso, se a mulher
parar de menstruar terá de fazer sangrias regulares”, explicou.
Implante subcultâneo é
considerado prático.
Para o cientista, o implante é o mais
prático e o que tem menos efeitos colaterais. “Os implantes, em geral, oferecem
à mulher exatamente o que ela precisa, de acordo com suas condições de saúde e
hábitos sexuais, impedindo a gravidez com efeitos mínimos. Um implante que se
chama Elmetrin, aprovado pelo Ministério da Saúde, pode ser usado até na
lactação, pois funciona como anticoncepcional. Ele é eliminado pelo leite, mas
não faz mal à criança. O efeito colateral é não menstruar, um efeito esperado
pela mulher que o adota”, sintetiza.
O médico também cita outros medicamentos
como um anticoncepcional trimestral, lançado nos Estados Unidos, e explica a
diferença dele em relação aos demais. “Já existe no mercado brasileiro um
medicamento chamado Lovelle, que é de uso vaginal contínuo para não menstruar,
durante vários meses ou o ano inteiro, por exemplo. Esse produto tem a mesma
composição do que está sendo lançado nos Estados Unidos com o nome de Sazonale.
Ele é usado a cada estação, por isso a mulher só menstrua quatro vezes por ano.
O Sazonale ainda não está disponível no Brasil, mas qualquer outro
anticoncepcional eficiente pode ter o mesmo efeito se usado sem interrupção.
Mas adverte que a medicação só pode ser administrada por especialistas:
endocrinologista ou ginecologista.
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