FONTE: Heloísa Noronha Do UOL, em São Paulo (mulher.uol.com.br).
Uma das normas amorosas mais
pertinentes e úteis à vida de um casal é não brigar na cama e, principalmente,
não dormir irritado com quem ama. Além da qualidade do sono sofrer danos e no
dia seguinte o mau humor dominar o café da manhã, acumular ressentimento vai,
pouco a pouco, prejudicando a convivência e a relação. "Um casal deve
tentar resolver as pequenas pendências de cada dia conforme elas vão
aparecendo, sem deixar que os problemas e desentendimentos se acumulem, para
não gerar mágoas", afirma a psicóloga Gisela Castanho.
O fato é que a
rotina puxada tem levado muitos homens e mulheres, ao longo da semana, a se
encontrarem somente no fim do dia para conversar. Muitos –em especial, aqueles
com filhos– só conseguem mesmo achar tempo para falar sobre suas questões pouco
antes de dormir, na cama, o que faz com que a famosa norma já citada esteja
cada vez mais em decadência. Discutir a relação (a famosa D.R.), porém, não
precisa necessariamente conduzir a uma noite de raiva e sono ruim. Basta tentar
colocar em prática alguns conselhos para que o diálogo flua numa boa.
1. Uma sugestão
para não dormir brigado, o que só servirá para amplificar os problemas no dia
seguinte pela falta de descanso, é combinar antecipadamente que precisam
conversar e que, portanto, vão reservar uma hora para isso. "Vale fazer um
esforço para chegar mais cedo em casa no dia combinado, para que tenham tempo
para chegar a um entendimento", fala Gisela Castanho.
2. Tempo é fundamental
para que as pessoas possam explicar suas razões e motivações. Para quem ouve,
mesmo que as justificativas não pareçam razoáveis, em princípio, é aconselhável
tentar se colocar no lugar do outro e buscar ver a situação com os olhos do
parceiro. Essa tática trata-se de uma técnica de comunicação chamada Rapport,
que consiste em trabalhar a capacidade
de entrar no mundo de alguém para entendê-lo melhor. "Muita gente não está
preparada para ouvir. Assim, sempre é bom acompanhar o que a pessoa diz para
tentar conduzir a conversa, mesmo que isso seja difícil no começo",
declara Rebeca Fischer, psicóloga e instrutora da SBPNL (Sociedade Brasileira
de Programação Neurolinguística).
3. Uma discussão
produtiva tem que ter espaço para que as pessoas possam falar como realmente se
sentem, quais os sentimentos envolvidos na situação, sem a preocupação de quem
é que vai ganhar a discussão. Às
vezes, o casal concorda no conteúdo, mas disputa quem tem razão porque querem
se sentir no poder. Uma frase típica desse tipo de situação: "Fui eu que
disse isso primeiro, a ideia foi minha".
4. Um assunto pode
levar vários dias sendo discutido por ser complexo, mas é fundamental dar o
primeiro passo e ir resolvendo as coisas aos poucos. No dia seguinte, ambos
podem pensar no que discutiram à noite e se prepararem melhor para conversarem
de novo. É importante que os parceiros se lembrem que estão discordando
no assunto em pauta, mas isso não significa o fim do relacionamento ou o fim do
amor. Encarar as diferenças com sinceridade e coragem fortalece a relação.
Conversas profundas levam a novos acordos.
5. O melhor lugar para
um casal estabelecer uma D.R. é onde haja privacidade, para que os dois possam
expor seus sentimentos, limites e maneiras de ver um problema sem interrupções
indesejáveis. Casais com filhos pequenos, por exemplo, devem buscar algum tipo
de ajuda (avó, babá) para que consigam conversar em paz.
6. Em um ou outro
momento, no calor da discussão, não é raro que alguém altere a voz ou use
palavras de baixo calão. Quem escuta deve manter a calma e evitar entrar na
mesma vibração. "Avise que não está gostando do rumo da conversa, com
frases do tipo 'por favor, tente não falar dessa forma comigo porque estou
tentando me entender com você' ou 'quero conversar com você, mas peço que não
levante a voz comigo, pois também acabarei falando mais alto, vamos nos alterar
e nos magoar'. Falar sobre a forma como acontece a discussão pode ajudar a
manter a conversa num nível saudável", afirma a psicóloga Gisela
Castanho".
7. Os conflitos devem
ser debatidos sem deixar que ressentimentos se acumulem, pois quando forem
conversar é preciso não estar no limite e acabar perdendo a razão, por misturar
diferentes assuntos. "Escolher dialogar sobre um assunto de cada vez pode
ser a alternativa mais plausível para chegar a um consenso", diz Cristiane
Moraes Pertusi, doutora em Psicologia do Desenvolvimento Humano pela USP
(Universidade de São Paulo).
8. Agressividades e
ofensas a características pessoais ou familiares do parceiro devem ser
evitadas, pois fazem com que a discussão perca o sentido. Por isso, às vezes é
melhor esperar os ânimos se acalmarem antes de tentar começar uma conversa que
só gerará mais brigas.
9. E quando a
D.R. não leva a lugar algum? Ou, pior, só ajuda a acumular mais ressentimento?
Nesses casos, o ideal é perceber o momento de parar. Às vezes, escolher uma
outra forma de se comunicar pode ser mais eficaz, como escrever uma carta ou um
e-mail, por exemplo.
10. Muitas vezes um tem
muita facilidade de se expressar e o outro não. Aquele que não consegue falar
deve avisar ao parceiro como ele se sente. Em alguns casos, um terapeuta de casal
pode ajudar a intermediar a conversa e procurar que as duas pessoas possam ter
espaço para falar dos problemas que as afligem.
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