FONTE: Camila Maciel/Agência Brasil, TRIBUNA DA BAHIA.
O número de mortes em assaltos
envolvendo bancos no país cresceu 11,1% no primeiro semestre de 2013 na
comparação com igual período de 2012, aponta levantamento, divulgado sexta-feira (19/7), pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) e a Confederação Nacional dos Vigilantes
(CNTV). A pesquisa, elaborada com o apoio técnico do Departamento Intersindical
de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostra que o total de
vítimas passou de 27 para 30.
São Paulo (14), Rio de Janeiro (5), Bahia
(3) e Rio Grande do Sul (3) foram os estados com o maior número de casos. A
principal ocorrência (60%) foi novamente o crime de "saidinha de
banco", que provocou 18 mortes. Já os clientes foram outra vez a maioria
das vítimas (21), seguido dos vigilantes (4). Um gerente do Banco do Brasil foi
morto no Piauí.
"O que mais nos preocupa é essa curva
de crescimento constante, porque foram 23 casos em 2011, passamos para 27 e
chegamos a 30. Não se tem medidas por parte do setor financeiro que reduzam
essas mortes", avaliou José Boaventura Santos, presidente da CNTV. O Rio
de Janeiro é segundo estado em número de mortes, com cinco vítimas, seguido
pela Bahia e pelo Rio Grande do Sul, ambos com três. Cerca de 60% dos casos, 18
mortes, correspondem aos assaltos ocorridos quando os clientes saem da agência,
crime conhecido como saidinha bancária.
Os clientes continuam sendo as principais
vítimas dos assaltos envolvendo bancos. Foram 21 casos no primeiro semestre
deste ano, um aumento de 40% em relação ao mesmo período do ano passado. Os
vigilantes aparecem em seguida, com quatro mortes. Segundo a CNTV, existem
cerca de 700 mil vigilantes no país, sendo que 25% trabalham em instituições
bancárias.
"Isso significa que ir a um
banco hoje pode ser uma operação de risco", acrescenta Boaventura. Quase a
totalidade das mortes (93,3%) correspondem a pessoas do sexo masculino.
"Geralmente os homens sacam quantias maiores de dinheiro e são também maioria nas atividades de segurança. Eles
estão mais expostos ao risco e reagem mais à ação dos assaltantes",
avalia.
Ele acredita que faltam
investimentos por parte das instituições bancárias que garantam aos clientes
uma movimentação segura. "Foram investidos R$ 3,1 bilhões em segurança e
vigilância em 2012, enquanto o lucro dos seis maiores bancos superou R$ 51 bilhões. E esse
cálculo ainda envolve proteção de crimes eletrônicos, ou seja, o investimento
real para segurança da vida das pessoas ainda é menor", apontou. O
levantamento aponta que os bancos foram multados pela Polícia Federal em R$ 8,8
milhões pelo descumprimento de normas de segurança.
Como medidas de prevenção que poderiam ser
adotadas, Boaventura aponta a instalação de biombos e divisórias, além de
câmeras e portas de segurança. "A porta, por exemplo, deveria se tornar
obrigatória. Defendemos também a blindagem das fachadas", sugeriu o
presidente da confederação. Ele destacou que em João Pessoa, capital da
Paraíba, onde uma lei municipal obriga a instalação de divisórias, não foram
registrados crimes de saidinha bancária.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban)
foi procurada pela Agência Brasil para comentar os dados, mas não
retornou até o momento da publicação da reportagem.
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