FONTE: iG São Paulo, TRIBUNA DA BAHIA.
A tatuagem que
colore a esclera, a parte branca dos olhos, é uma técnica que vem
timidamente sendo difundida no Brasil. Originária dos Estados Unidos, a eyeball
tatoo, como é conhecida por lá, já é oferecida por alguns tatuadores
brasileiros e terá espaço durante a terceira edição da Tatoo Week, um encontro
internacional de tatuadores e body piercers que ocorre na capital paulista de
sexta (19) a domingo (21) no pavilhão de exposições Expo Center Norte.
O procedimento, puramente estético, impõe
riscos à saúde dos olhos. O oftalmologista Alfredo Tranjan explica que, na
tatuagem, a tinta é injetada entre a esclera, a parte branca do olho, e a
conjuntiva, uma espécie de "filme" que recobre a esclera.
“É uma opção individual, mas existem riscos
a serem considerados. Ainda não há estudos científicos assertivos sobre a
toxicidade da tinta usada, e também há o relato de um caso em que a tinta foi
para dentro do olho, talvez por uma microperfuração ou por um afinamento da
esclera”, conta o especialista.
Outro problema que pode acontecer, diz
Trajan, é o tatuador injetar uma quantidade maior de tinta, levando a um
aumento da pressão ocular, que pode resultar em glaucoma e cegueira.
“Outro risco é da tinta causar
uveíte, que é uma infecção na íris (a parte colorida do olho), uma estrutura
muito sensível”, alerta o médico.
O oftalmologista esclarece que a
coloração do branco dos olhos não é um procedimento feito na medicina porque é
agressivo ao olhos e não traz benefício algum à
saúde.
“É algo estético, não vale a pena correr
essa série de riscos”, explica Tranjan.
O tatuador Rafael Leão, do estúdio Dhar-Shan
Body Art, é um dos que oferecem a técnica.
“O pigmento usado é a base de materiais
orgânicos. Já fiz a tatuagem ocular em 20 pessoas – 18 brasileiros e 2
argentinos, e nenhum deles apresentou problemas. Todos, porém, sentiram uma
pequena ardência nos olhos e um pouco de sensibilidade à luz por alguns dias”,
diz o tatuador.
Leão conta que estudou a técnica por um bom
tempo antes de colocá-la em prática. E lembra que, quando decidiu fazer a
primeira eyeball tattoo, ficou apreensivo.
“Fiz primeiro um olho da pessoa e o outro
após 10 dias. Testei em um olho artificial antes de fazer o primeiro, mas mesmo
assim senti um pouco de medo antes de fazer”, conta.
Dentro da oftalmologia existe uma técnica de
coloração da córnea, para quem sofreu lesões na íris e na pupila, como traumas,
queimaduras químicas ou térmicas, perfurações, ou para pessoas que nasceram sem
a íris ou com a pupila branca (que normalmente é preta), explica Trajan.
“Em geral nós indicamos o uso de lentes de
contato estéticas, coloridas, para preencher a falta da cor. Existem, porém,
aqueles que preferem pigmentar a córnea", diz o médico. “O procedimento da
pigmentação de íris ou pupila é feito quando a pessoa já perdeu a visão, ou
seja, não há nada a perder”.
"Nestes casos a pigmentação é feita com
uma agulha, pelo oftalomolgista, com uma tinta a base de prata, que não é
tóxica, fazendo microfuros na córnea e passando o pincel com a tinta. Com o
tempo, as células se regeneram e a tinta vai perdendo a cor, sendo necessário
refazer a pigmentação. Por isso preferimos que o paciente use as lentes",
explica o oftalmologista.
Tranjan alerta ainda para o cuidado com as
condições em que o procedimento é feito.
“Assim como qualquer outro tipo de tatuagem
ou piercing, deve existir um processo completo de assepsia e cuidados. Como
sempre, não é possível fazer um procedimento invasivo sem seguir uma regra
segura”, orienta.
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