FONTE: Carlos Vianna Junior, TRIBUNA DA BAHIA.
A prática de atividade física
como forma de prevenção cardiovascular vem sendo cada vez mais indicada.
Contudo, tem sido também motivo de alarde os frequentes casos de morte súbita
durante o exercício esportivo. Mais um caso ocorrido na segunda-feira
(22/7) em Salvador, a morte do empresário Roberto Silva da Miranda Vieira, 54,
presidente das lojas Rommanel Bahia e Contém 1 Grama trouxe à tona a
preocupação em relação ao limite entre os benefícios e os riscos dos exercícios
físicos. O empresário Roberto Vieira morreu após sofrer um mal súbito
enquanto fazia caminhada, por volta das 7h, na Praça Ana Lúcia Magalhães, na
Pituba. Para o cardiologista Getúlio Borges, a maioria dessas ocorrências pode
ser evitada se os praticantes fizerem exames preventivos do coração.
No caso do empresário, até o fechamento
dessa edição, não foi confirmada a causa da morte, mas o cardiologista afirma
que as chances de ter sido um problema no coração são grandes. “Quase todas as
mortes durante atividades físicas têm o coração como causa. Mesmo quando ocorre
um acidente vascular cerebral (AVC), o disparador do problema é a relação de
algum problema cardíaco com o esforço físico”, explica o cardiologista que é
também professor da Escola Baiana de Medicina e da FTC.
Para Borges, o risco é maior entre aqueles
que mantêm uma prática recreativa. “Eles querem deixar, repentinamente, a
rotina de uma vida sedentária. Esses se expõem não só aos riscos de problemas
cardíacos como também a outros problemas médicos causados por um esforço ao
qual o corpo não está acostumado”.
No caso dos atletas, de acordo com o médico,
eles têm o mínimo de acompanhamento, principalmente se estão ligados à alguma
instituição desportiva. “Já os recreativos, em sua maioria, não dão importância
a esse detalhe que pode lhes tirar a vida, por isso estão mais sujeitos”, disse
O cardiologista acredita que os casos de
atletas que morrem de mal não são em maior número, apesar de se ter mais
notícias relativas a este grupo de praticantes de atividades físicas. “O que
ocorre é que os casos de atletas, principalmente durante eventos esportivos,
são reportados pela mídia”, explica.
Mesmo com os exames preventivos,
um praticante de atividade física pode ser vítima de um mal súbito fatal.
Segundo Getúlio Borges, existem situações sutis em que o problema cardíaco não
é detectado mesmo pelos mais avançados exames. “Há situações em que só
descobrimos a deficiência cardíaca através do histórico familiar. Infelizmente,
há casos em que só sabemos depois de uma ocorrência, muitas vezes, fatal, o que
explica a morte de alguns atletas, cuja morte surpreende os médicos que os
acompanhavam”, conta.
Siga as orientações
médicas.
A boa notícia é que, mesmo sendo
portador de problemas cardíacos, a pessoa pode ainda ter uma prática esportiva
normal. “Basta seguir as orientações médicas e manter a carga de exercício
dentro de uma margem que varia entre 70% a 80% da carga máxima para o biótipo
da pessoa. O esforço é o ponto de controle, pois é ele que vai disparar, caso
seja excessivo, o problema cardíaco”, disse.
Por outro lado, a atividade física com
cargas variando de leve até moderada e praticada regularmente de três a cinco
vezes por semana é comprovadamente preventiva de eventos cardiovasculares. Há
estudos científicos que mostram o menor risco de infarto agudo do miocárdio em
quem assim se exercita. E tal resultado também ocorre em pacientes que já
tiveram algum problema no coração como infarto, angioplastia ou cirurgia de
revascularização miocárdica, prevenindo novos eventos.
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