Certa vez, Gautama Buda visitou uma pequena vila chamada
Kesaputra, no reino de Kosala, cujos habitantes se chamavam Kalamas. Eles
fizeram a seguinte pergunta ao Buda:
"Senhor,
alguns anacoretas e brâmanes que passaram por nossa vila divulgaram e exaltaram
suas próprias doutrinas e condenaram e desprezaram as doutrinas dos outros.
Depois, passaram outros que também, por sua vez, divulgaram e exaltaram as suas
doutrinas e também condenaram e desprezaram as doutrinas dos outros. Mas nós,
Senhor, estamos sempre em dúvida e perplexos, sem saber qual desses veneráveis
expôs a verdade e qual deles mentiu."
Então
o Buda respondeu:
"Sim,
é justa a dúvida que sentis, pois ela se originou de um assunto duvidoso. Agora
prestem atenção: não vos deixeis guiar pelas palavras dos outros, nem por
tradições existentes, nem por rumores. Não vos deixeis guiar pela autoridade
dos textos religiosos, nem por simples lógica ou dedução, nem por aparências,
nem pelo prazer da especulação sobre opiniões, nem por verossimilhanças possíveis,
nem por simples impressão ou pela idéia: ‘Ele é nosso mestre'. Mas, Kalamas,
desde que souberdes e sentirdes, por vós mesmos, que certas coisas são
desfavoráveis, falsas e ruins, então renunciai a elas.., e quando souberdes e
sentirdes, por vós mesmos, que certas coisas são favoráveis e boas, então
deveis aceitá-las e segui-las."
Respondendo
aos bhikkhus2 (monges) disse:
"Um
discípulo deve examinar a questão mesmo quando o Tathagata (o próprio Buda) a
propõe, pois o discípulo deve estar inteiramente convencido do valor real do
seu ensinamento - Não acreditem no que o mestre diz simplesmente por respeito à
personalidade dele." (Anguttara-Nikaya III, 65)
Asoka,
imperador da Índia no III século a. C., seguindo o nobre exemplo de tolerância
e compreensão de Gautama Buda, honrou e sustentou todas as religiões do seu
vasto império. Hoje ainda é legível a inscrição original de um de seus editos
gravados na rocha:
"Não
devemos honrar somente nossa religião, condenando as outras; devemos acima de
tudo respeitar todas as crenças, pois sempre há algo a ser apreciado por esta
ou aquela razão. Agindo desta forma, glorificamos nossa própria crença e
prestamos serviço às demais. De outro modo, prejudicamos a nossa própria
religião e fazemos mal à dos outros. Por conseguinte, que todos escutem e
estejam dispostos a não se fecharem às doutrinas professadas pelos demais."
Esse
espírito de mútua compreensão deveria ser aplicado não somente em matéria de
doutrina religiosa, mas também em assuntos nacionais, políticos, sociais e
econômicos.
O
Budismo se apresenta sob a forma de um sistema psicológico, moral e filosófico
baseado na raiz dos fatos, que podem ser testados e verificados pela
experiência pessoal, pois é racional e prático, isento de doutrinas esotéricas
(ocultas).
O
espírito de tolerância e compreensão foi sempre um dos ideais da cultura e
civilização budista. A seu crédito deve ser dito que, durante um período
pacífico de 2 500 anos, nenhuma gota de sangue foi derramada em nome do Budismo
e nenhuma conversão jamais foi feita quer pela força, ou por qualquer outro
método de repressão.
"A maior caridade que podemos fazer pela
Doutrina Espírita é a sua divulgação." Chico Xavier – Emmanuel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário